PARALISAÇÃO D

'Intervenção militar' e 'Fora Temer': greve tem tom politizado em Fernandópolis

'Intervenção militar' e 'Fora Temer': greve tem tom politizado em Fernandópolis

Publicada há 5 anos

Gustavo Jesus 

Greve ultrapassou barreira das demandas da categoria e se tornou movimento pedindo por intervenção militar 



"É tudo mentira da Rede Globo", "Fora Temer" e "Intervenção militar".  Essas três frases podem resumir o espírito dos manifestantes concentrados em Fernandópolis desde a quinta-feira, 25. No nono dia de paralisação dos caminhoneiros em todo o país, a pauta tornou-se difusa e a questão do preço do diesel agora parece ter se tornado apenas o estopim para uma série de demandas reprimidas não só da categoria, mas daquele que genericamente tem sido chamado de "sentimento do brasileiro".


Sem acreditar nas promessas do governo, que reduziu o valor do litro do combustível em R$0,46 e fez uma série de outras concessões, os motoristas não parecem dispostos a se desmobilizar. "Nós queremos a confirmação. Quando estiver no papel assinado por todos os deputados a gente acredita", disse um dos manifestantes.


Apesar de historicamente governo militares serem radicalmente contra greves, os grevistas parecem ignorar o fato e seguem pedindo pela intervenção militar. O movimento, que tem encontrado apoio popular nos últimos anos, encontrou na greve dos caminhoneiros uma maneira de se difundir e, principalmente, forçar uma militância que vai além das redes sociais, até então principal foco de apoio à volta dos militares ao poder.


O rumo político da greve está nas mensagens que os caminhoneiros de todo o Brasil tem trocado por meio de aplicativos como o Whatsapp. Mesmo com os sindicatos dando como finita a greve após o acerto com o governo, são os caminhoneiros autônomos por meio de manifestações isoladas, que mantém o movimento. São deles que partem os chamados de "Fora Temer" e "Intervenção militar já!".


Ainda que a greve possa parecer desconectada de coerência, o apoio popular que começou a se manifestar com maior intensidade desde a segunda-feira, 28, e a situação caótica vivida pelo país, fortaleceram o movimento e podem ser o combustível que manterá a chama gerada pelo estopim do óleo diesel.


O mantra, "nossa manifestação virou a manifestação de todo o brasileiro", é a justificativa oficial e empurrará a greve até onde os caminhoneiros - e a população -, aguentarem segurar o movimento e suas consequências, em especial, no que diz respeito ao abastecimento.


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