Há alguns anos, meu pai, minha irmã e eu cultivamos o hábito de assistir à famosa série da HBO, Game of Thrones. Não é possível identificar com precisão o período em que a trama acontece. Em uma terra onde as estações do ano podem durar vários anos, onde dragões voam pelos céus cuspindo fogo pelas ventas e os mortos formam um exército contra os vivos, a batalha pelo trono cativa milhões de telespectadores em todo o mundo.

Desde o primeiro episódio, a imprevisibilidade da história é marcante. Se você está acostumado a assistir romances adolescentes e historinhas da Disney, onde a princesa sofre muito e no final se casa com um príncipe encantado, assistir à série GoT pode ser um forte golpe em suas expectativas de que o bem sempre vence o mal e que o bonzinho sempre se dá bem no final.

Mas esse artigo não se trata de uma análise crítica da série, muito menos de um ataque aos clássicos da Disney que, aliás, assisti e gostei de quase todos. Quero falar sobre um ponto chave que faz com que a série me pareça tão próxima da nossa realidade, em que pesem os mortos vagantes e os dragões da princesa Daenerys: as “injustiças da vida”.

Já parou pra pensar que nem sempre os maus se dão mal ou, principalmente, que os bonzinhos nem sempre se dão bem? Se você se considera uma pessoa boa, já deve ter dito (ou pensado) “bonzinho só se ferra”. Provavelmente, após ter agido altruisticamente e ajudado alguém.

Em GoT, assim como na vida real, os bons, às vezes, sofrem toda uma vida e, no final, morrem lenta e dolorosamente. Não há justiça imediata nem reconhecimento proporcional ao mérito. Não se iluda!

Apesar disso, tenha fé. Acredite que quem planta coisas boas, um dia, colherá também coisas boas. Acredite que, um dia, o bem vai vencer o mal. Acredite que existe um Deus justo e que, um dia, todos nós vamos entender o porquê de toda essa injustiça que vivemos. Acredite que a vida não acaba com a morte física. Se você acha que a vida é só isso, talvez acredite em dragões.

Lembre-se por mais longo e frio que seja o inverno, ele sempre passa.