EPIDEMIA DENGUE

Em um mês, casos de dengue dobram em Jales

Em um mês, casos de dengue dobram em Jales

Casos positivos chegam a 213; em Fernandópolis já ultrapassaram 3,2 mil

Casos positivos chegam a 213; em Fernandópolis já ultrapassaram 3,2 mil

Publicada há 4 anos

Números fornecidos pela Secretaria de Saúde mostram que Jales está em plena epidemia de dengue. Até a última quinta-feira, 25, tinham sido registrados 213 casos da doença (198 autóctones e 15 importados), 200 negativos entre um total de 1.210 notificações.

Os números mudam a todo momento e a transmissão permanece intensa, sem redução no número de notificações. Ao contrário. Há cerca de um mês, em 22 de março, havia 97 casos positivos autóctones, 10 positivos importados, 82 negativos e 273 aguardando resultado de um total de 462 notificações. Ou seja, em cerca de 30 dias os casos mais que dobraram no município.

A constatação acendeu a luz de alerta na Secretaria, que tem redobrado esforços, mas não consegue ver a epidemia estancar. Outro ponto de preocupação é que já estamos no fim de abril e fora do período de chuvas, quando normalmente, as ocorrências começam a diminuir.

Segundo Vanessa Luzia da Silva, do Controle de Endemias da Secretaria de Saúde, desde 27 de março, quando o município entrou em epidemia, os pacientes suspeitos não precisam mais passar por exame laboratorial para serem considerados caso positivo. “Até dia 26 de março, o município estava realizando sorologia, mas muita gente não fez o exame e depois dessa data, quando entramos em epidemia, muitos desses casos suspeitos passaram a ser encerrados por critérios clínicos”.

Isso pode explicar o crescimento de positivados em tão pouco tempo, mas, como a constatação clínica é mais demorada e ainda há cerca de 800 casos aguardando resultado, os números podem ser muito maiores. “Se a gente for pegar os números confirmados por exame, temos 198 positivos e 200 negativos, então podemos estimar em meio a meio [a proporção de resultados entre os que ainda estão sendo avaliados], mas ainda podemos ter entre esses números a maioria de positivos”, disse.

Em outras palavras, as autoridades sanitárias do município estimam que Jales pode ter atualmente até 600 casos positivos, sendo 213 já confirmados e mais metade dos 800 ainda em avaliação.

MEDIDAS DE COMBATE

Em entrevista radiofônica, Vanessa informou que em períodos normais, a Secretaria realiza um bloqueio nos arredores da residência do paciente que foi diagnosticado com a doença. Mas como há casos em praticamente toda a cidade, essa prática fica impossível. “Até antes do período onde toda a cidade tem casos de dengue, fazíamos o bloqueio. Quer dizer, os agentes realizam visitas em nove quarteirões de onde está o paciente porque é num raio de 200 metros onde pode ter criadouro de mosquito. Nessa mesma área fazemos nebulização. Mas chegamos a ter notificações num bairro inteiro, então decidimos fechar a cidade inteira”.

O trabalho já começou pelas regiões do JACB e Jardim Oiti, mas a secretária espera alcançar toda a cidade. “Não conseguimos mais fazer um trabalho pontual e precisamos fazer um pente fino na cidade”.

A sensação é de impotência e, extraoficialmente, a secretária considera que somente a chegada da estiagem pode cessar a contaminação. Atualmente o trabalho é para atender os pacientes e acompanhar os casos mais graves para evitar óbitos. Até agora, nenhuma morte foi registrada em Jales pela dengue este ano.

EM FERNANDÓPOLIS E REGIÃO

Matéria divulgada na edição impressa do Jornal "O Extra.net" de ontem, terça-feira, 30, mostra que apesar da atuação contundente do Ministério Público Federal-MPF, através da Promotoria de Jales, o número de casos de dengue disparou em Fernandópolis e hoje o município está atravessando a pior epidemia de sua história.

Neste ano, totalizados os números de janeiro a abril, foram registrados 3.173 casos positivos para a doença. Considerando-se o total do ano epidemiológico o índice salta para 3.238. Os dados provêm da Secretaria de Saúde do município.

Porém os números podem ser ainda maiores. A própria Saúde admite que muitos casos não são notificados oficialmente e não entram para as estatísticas.

O atendimento a pacientes com a doença (ou suspeitas) tem provocado lotação nas dependências da Unidade de Pronto Atendimento-UPA e também na Santa Casa, com a consequente demora no atendimento.

Uma morte relacionada à dengue já foi confirmada no município no início de março. A vítima foi uma idosa de 69 anos. No Estado o número atinge 60 vítimas fatais.

MINISTÉRIO PÚBLICO

O Ministério Público Federal enviou uma série de questionamentos para a Prefeitura de Fernandópolis. O assunto em pauta: a dengue epidêmica. A Procuradoria da República lembra à Prefeitura que, até quando o deslize é dos moradores, a responsabilidade é do Poder Público.

Segundo apurou a reportagem publicada na última quarta-feira, 24, além de Fernandópolis, 21 Prefeituras de cidades da região também receberam a série de questionamentos. “Nós estamos fiscalizando para punir as pessoas que não tomam conta dos seus terrenos e quintais, e também para verificar o que as cidades estão fazendo para diminuir o risco de contrair a doença”, diz o procurador público José Plates.

As 22 cidades, que tiveram índice de larvas acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde, terão dez dias para responder ao MPF, nas mais extensas é maior número de casos positivos da doença.

PAGAMENTO EXTRA

Na tentativa de conter o avanço da dengue, a Secretaria Estadual da Saúde vai pagar extra a cerca de mil agentes das Prefeituras que se dispuserem a trabalhar aos sábados no combate ao mosquito Aedes aegypti.

A remuneração será de R$ 120 por dia de trabalho. Serão atendidos de imediato 50 municípios com incidência superior a 300 casos de dengue por 100 mil habitantes e com tendência de aumento. A maioria das cidades fica nas regiões noroeste e norte do Estado.

Além da dengue, o Aedes transmite zika e chikungunya, sendo ainda potencial transmissor da febre amarela. A pasta vai usar, de início, R$ 238,5 mil do Fundo Estadual de Saúde para pagar as diárias. As prefeituras terão de assinar termo de adesão e garantir que os agentes trabalhem ao menos dois sábados por mês. Eles terão de fazer visitas domiciliares para eliminar criadouros do mosquito e mobilizar a população nessas ações, elaborando relatórios das atividades. A Secretaria fornecerá orientação e apoio técnico.

Fonte dados de Jales: A Tribuna de Jales

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