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A praga das “Fake News”

A praga das “Fake News”

Por Carlos Eduardo

Por Carlos Eduardo

Publicada há 4 anos

Quem não gosta de ver as suas opiniões corroboradas por fatos? Suas convicções respaldadas pela verdade? Mas e quando a verdade factual contraria seus argumentos, o seu pensamento e a sua ideologia política? Quando a verdade não lhe convém? Nesse caso, muitos preferem acreditar em notícias com conteúdo duvidoso, em mentiras. Acreditar e disseminar, nas redes sociais, as famosas “Fake News”, ou, em bom português, notícias falsas.

    O problema de se disseminar “Fake News” na internet vai além de um ato de autoafirmação, a pessoa também colabora com uma atitude inconsequente iniciada por alguém de má fé. 

        Destaca-se que quem produz ou paga alguém para produzir notícias falsas visa se beneficiar de suas consequências, tentando legitimar um ponto de vista ou uma determinada ideologia política, reafirmar um preconceito ou ainda denegrir a imagem de uma pessoa ou grupo, geralmente figuras públicas. 

    De acordo com matéria publicada no site Brasil Escola, baseada em reportagem do jornal Correio Braziliense, a produção de “Fake News” se constitui em um verdadeiro mercado. Pessoas contratam especialistas que compram, ilegalmente, endereços de e-mail e números de telefones celulares de milhões de pessoas para “disparar” o conteúdo falso na internet.  Há preferência por contatos de líderes religiosos ou de movimentos políticos, já que eles repassam a notícia para seus seguidores, “viralizando” com maior facilidade a informação falsa nas redes sociais.

    A disseminação de “Fake News”, seja por meio das tradicionais informações falsas ou descontextualizadas, ou pelo recurso das imagens manipuladas (isso também é considerado “fake news”), nem sempre é um ato sem consequências graves, às vezes, pode causar a morte de pessoas inocentes. Em 2014, na cidade do Guarujá-SP, uma mulher foi linchada até a morte, acusada de matar crianças em rituais de magia negra. A informação era falsa e foi divulgada no Facebook. Infelizmente, casos parecidos como esse vêm ocorrendo no mundo. Há registros na Índia, em 2018, e na nossa vizinha Argentina, em março de 2019.

    Disseminar “Fake News” pode fazer mal à Saúde Pública. Movimentos antivacina voltaram a ganhar força junto a uma parcela da população devido à divulgação de informações, sem fundamento, de que vacinas fazem mal à saúde. Resultado: houve queda na adesão às campanhas de vacinação e é provável que, por causa disso, doenças, outrora erradicadas, voltaram a aparecer, como o sarampo, por exemplo. 

    Disseminar Fake News pode exacerbar a homofobia. Em 2016, o Ministério da Educação emitiu uma nota desmentindo o boato de que tinha produzido e distribuído o livro intitulado “Aparelho Sexual e Cia”. Esta falsa notícia fomentou a revolta de setores mais conservadores da população, estimulando comentários homofóbicos pelas redes sociais.

    Disseminar “Fake News” pode despertar a xenofobia. Imigrantes venezuelanos, acampados na cidade de Pacaraima-RR, foram atacados, recentemente, por brasileiros munidos com paus, pedras e bombas caseiras, incitados por discursos de ódio na internet.

    Disseminar Fake News pode levar à tentativa de justificar a violência e o assassinato de pessoas (como se estes atos bárbaros tivessem justificativa). Em 2018, de forma abjeta e mentirosa, alguns tentaram diminuir a gravidade da morte da vereadora carioca Marielle Franco, associando-a a um famoso traficante de drogas. Foi um ato covarde, inconsequente e de muita má fé. Na época, a Justiça do estado do Rio de Janeiro determinou a retirada do Facebook, no prazo de 24 horas, de todas as notícias caluniosas contra a vereadora assassinada, além de exigir a revelação dos dados dos caluniosos.

    Não é fácil combater as “Fake News”! As pessoas que criam esse artifício observam uma série de medidas que dificultam o seu rastreamento. De acordo com a reportagem no site Brasil Escola e Correio Braziliense, os autores de “Fake News” utilizam celulares pré-pagos e computadores que são jogados fora após a criação das notícias falsas. Para evitar serem perseguidos, mudam, constantemente, de local. Também utilizam CPF de outras pessoas, mudam o IP (espécie de endereço do computador), dentre outras artimanhas que escondem a identidade dos criminosos.

    Recomendam-se aos internautas identificar uma notícia falsa, que é aquela que geralmente apresenta manchete sensacionalista, conteúdo apelativo, imagens manipuladas, frases descontextualizadas, pedidos para repassar a informação e que possui origem duvidosa. 

    Importante frisar que existem agências de jornalismo especializadas em checar se a informação publicada nas redes sociais é falsa ou verdadeira, como a “Agência Lupa”, “Boatos.org” e “Aos Fatos”. Caso o internauta tenha dúvidas a respeito da veracidade de uma notícia ou imagem, basta consultar o site destas agências na internet.

        Identificada uma “Fake News”, não passe adiante! Mesmo que o seu conteúdo corrobore a sua opinião e coincida com a sua ideologia política, a sua preferência partidária ou as suas convicções pessoais.

    Seja ético e responsável! Não colabore com a disseminação dessa praga chamada “Fake News” que ataca algo sagrado que todos têm o direito de saber e ninguém deve esconder ou deturpar – a verdade dos fatos.


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