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O homem na lua

O homem na lua

Por Sérgio Piva

Por Sérgio Piva

Publicada há 4 anos

O dia de hoje marca o cinquentenário da conquista do território lunar. Há exatos cinquenta anos, em 20 de julho de 1969, o homem pisava pela primeira vez na lua. O homem, aqui, significando ser humano e sexo masculino, já que nenhuma mulher pisou na lua até o momento. Talvez por isso não tenha havido nenhuma reforma naquele satélite e nada tenha sido mudado de lugar.

A despeito desse grande feito, muita gente até hoje não acredita que tal fato tenha ocorrido. Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha agora em julho, um em cada quatro brasileiros não acredita que o homem pisou na lua. Entre os entrevistados, vinte e seis por cento acham que tudo não passou de mentira e quatro por cento declararam não saber se os astronautas americanos realmente caminharam na lua. 

A pesquisa também demonstrou a relação entre o nível de escolaridade e a descrença nas missões lunares. Quanto menor a escolaridade, maior a descrença. Dentre os entrevistados com curso superior, um pequeno percentual considera a viagem à lua uma fraude. Um bom exemplo de que razão nem sempre tem a ver com conhecimento e inteligência com grau de escolaridade.

À época do ocorrido, alguns incrédulos afirmaram que o vídeo mostrando o homem caminhando na lua era fabricado, seria tão somente uma armação da Tv Globo. Percebemos que desde os primórdios culpam o Globo por tudo aquilo que é difícil de acreditar ou que, simplesmente, as pessoas não sabem explicar ou não tem opinião formada.

Mesmo abundando evidências que confirmem a visita do homem à lua, como os trezentos e oitenta quilos de rochas trazidas no retorno da viagem, analisadas por cientistas do munido inteiro, além de enorme quantidade de fotos, vídeos e filmes, sem mencionar os artefatos deixados pelo homem em solo lunar, verificados atualmente por imagens de satélites, tudo isso não parece ser suficiente como prova para os céticos de plantão.

Nem mesmos os russos, inimigos convictos dos Estados Unidos e vorazes concorrentes na corrida espacial, jamais contestarem a chegada dos astronautas americanos à lua. O que não tem a mínima importância para os internautas noctâmbulos, entre nerds, insones e insanos, com doutorado em pesquisas no Google, hábeis em achar indicativos na rede mundial de computadores capazes de refutar todos as provas da passagem do homem pela lua. 

Fato que a mim não causa tanto espanto, já que esses mesmos internautas acreditam piamente que limão com bicarbonato cura o câncer, pois a mensagem recebida pelo WhatsApp, ou postada nos sites especializados em asneiras, afirma que, sim, a “notícia” é verdadeira, assim como acreditam em todas as outras besteiras que são repassadas por sistemas automatizados de encaminhamento de mensagens ou pelos dedos calejados de pessoas igualmente pascácias. 

A chegada do homem à lua foi noticiada no Brasil em transmissão ao vivo pela televisão e estampada nas capas dos principais periódicos. O jornal O Globo antecipou a informação em edição extra, veiculada no domingo, 20 de julho de 1969, em sua edição de nº 13.252, intitulada “O Homem na lua”. A Folha de São Paulo publicou a matéria “A lua no bolso” no dia seguinte, na edição nº 14.645. Nos Estados Unidos, o The New York Times, do dia 21 de julho de 1969, estampou na capa, em letras garrafais a manchete “Men walk on moon” (O homem caminha na lua).

Foi um passo pequeno para um homem e um salto gigantesco para o desenvolvimento científico, apesar de a nave Apollo 11 possuir muitas vezes menos tecnologia que um simples smartphone de uso pessoal de nossos dias, comprovando a quais desafios o ser humano se propõe enfrentar para superar limites e vencer a concorrência  

No entanto, dizer que foi um salto gigantesco para a humanidade, hoje, parece questionável, se o sentido for de desenvolvimento da natureza humana, comparando a evolução da tecnologia ao parco progresso do ser humano.

Neste mês de julho, presenciei uma infinidade de amontados de cobertores e caixas de papelão em vários pontos das ruas de São Paulo. Sob eles pessoas de todos os tipos, com certeza. Escondidas do frio cortante e da vida dilacerante. Perdidas na urbanização e da humanização.

O salto gigantesco para a humanidade se dará quando noticiarem que “o homem caminha na rua”, tão somente para andar de um destino ao outro. No bolso, a mão aquecida pelo abrigo, pela bondade e pela benevolência com os semelhantes.   Um grande passo para o homem acontecerá quando celebrarmos o cinquentenário da manchete “O homem na rua: nunca mais”.

Sérgio Piva

s.piva@hotmail.com

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