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Dois pacientes recebem fígado no Hospital de Base

Dois pacientes recebem fígado no Hospital de Base

Eles estavam internados em estado grave e agora se recuperam na UTI.

Eles estavam internados em estado grave e agora se recuperam na UTI.

Publicada há 4 anos

Da Redação 

O Hospital de Base de Rio Preto realizou entre a noite desta terça-feira, 3, e a tarde desta quarta-feira, 4, dois transplantes de fígado. Até o fechamento desta edição, os pacientes estavam se recuperando conforme o esperado na unidade de terapia intensiva, ainda sem previsão de alta.

O primeiro a receber o órgão foi um homem de 60 anos, morador de Santa Fé do Sul. O fígado veio de Sorocaba e a equipe do HB foi de avião coletá-lo, devido à distância. Na quarta, uma mulher de 46 anos, moradora de Campina Verde (Minas Gerais) passou pela cirurgia. O fígado que ela recebeu veio de um jovem que faleceu em Votuporanga depois de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). Os dois pacientes estavam internados à espera do órgão e tinham insuficiência hepática grave, já em estado terminal.

É preciso transplantar rapidamente o órgão depois da coleta. "A programação é dar o menor tempo de isquemia (órgão fora do corpo, sem circulação de sangue) possível. Teoricamente é até 24 horas, mas à medida que passam 12, 14 horas tem mais chance de complicação. Nosso alvo é sempre reperfundir [implantar no corpo] em até dez horas", explica Renato Silva, chefe do serviço de transplante de fígado do HB.

"Até 300 quilômetros de distância nós vamos buscar de carro, acima disso vai de avião. O importante é que o doente não perca sua oportunidade de transplantar", ressalta o médico. O serviço realizou neste ano 46 procedimentos do tipo e a estimativa é que mais 30 sejam feitos até o fim do ano.

Outros órgãos do jovem de Votuporanga foram doados: as córneas vieram para o Banco de Olhos do Hospital de Base, a válvula cardíaca foi para o Banco de Válvula Cardíaca Humana de Curitiba (Paraná) e os rins também seriam encaminhados a algum centro, mas ainda não havia definição de qual - eles são os órgãos que mais tempo podem ficar fora do corpo humano.

Os transplantes acontecem quando o paciente está muito doente. Sem o órgão, 30% dos que estão na fila à espera de um fígado chegam a morrer. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), em março deste ano havia 465 pessoas aguardando um fígado no Estado de São Paulo.

Silva destaca que não adianta ter hospitais e equipes preparados para a cirurgia se não houver a solidariedade das famílias que optam por doar os órgãos de quem faleceu. "Isso mostra a irmandade. Eu posso doar para uma mulher, uma mulher para mim; posso doar para um judeu, um judeu para um árabe. Mostra que somos iguais e outra coisa muito importante: nós tiramos a vida da própria morte", afirma.

Atualmente 35% das famílias abordadas na região recusam o pedido de transplante. O número já foi menor, mas ainda é inferior ao do Estado (37%) e do Brasil (39%), conforme estatísticas da ABTO, que levou em consideração dados de janeiro a março.

Como o Diário já mostrou, a maior dificuldade em aumentar o número de doações na região não é mais o entendimento das famílias sobre o que é a morte encefálica, o que já foi um desafio no passado, mas sim a dúvida sobre o que a pessoa que faleceu desejaria. Por isso, os médicos ressaltam a importância de conversar com os parentes sobre o desejo de ser doador de órgãos em caso de morte.

Como funciona o sistema de transplantes?

- Quando um órgão fica disponível, primeiro rastreia-se a fila de espera do Estado onde o doador está, também por uma questão de logística - o coração, por exemplo, só pode ficar de quatro a seis horas fora do organismo. Caso não haja nenhum receptor na unidade federativa, o órgão é encaminhado para outro local

- A prioridade é o estado de saúde do paciente, mas é preciso levar em conta fatores como tipo sanguíneo e tamanho do órgão. Quem tem mais chance de morrer recebe o órgão primeiro, e não quem entrou na fila antes. Não há como prever quanto tempo a espera vai demorar

- Os transplantes são realizados pelo SUS. O Estado libera uma verba para que os centros consigam fazer o transporte dos órgãos, mas algumas vezes os hospitais precisam fazer complementos

- A família do doador e o receptor podem se conhecer após alguns anos da cirurgia desde que seja da vontade das duas partes.


*com informações do Diário da Região 


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