RIBEIRÃO PRETO

Mulher dá à luz no banheiro da santa casa e alega omissão de socorro

Mulher dá à luz no banheiro da santa casa e alega omissão de socorro

Gerente de vendas diz que médicos recusaram cesárea e que recebeu remédios para dilatação por 14 horas.

Gerente de vendas diz que médicos recusaram cesárea e que recebeu remédios para dilatação por 14 horas.

Publicada há 4 anos

A Polícia Civil investiga a suspeita de omissão de socorro e violência obstétrica na Santa Casa de Ribeirão Preto/SP, após uma gerente de vendas dar à luz no banheiro de um dos quartos do hospital. Viviane Borges Gomes, de 33 anos, diz que a bebê bateu com a cabeça no chão e que a equipe médica demorou a socorrê-la após o parto. 

“Tive a sensação de ser desrespeitada. Eles foram muito grosseiros comigo. Ele [o médico] não veio, porque disse que não podia estar em dois lugares ao mesmo tempo, que estava fazendo uma cesárea e, por isso, não poderia vir.” 

Em nota, o hospital informou que “está tomando as providências para esclarecer os fatos”. Ainda segundo a Santa Casa, mãe e filha foram liberadas no domingo (8), e passam bem. 

O boletim de ocorrência registrado por Viviane no sábado (7), depois que a Polícia Militar foi chamada ao hospital pela família, será encaminhado à DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) nesta segunda-feira (9) para investigação do caso. 

Viviane conta que procurou a Santa Casa na última sexta-feira (6) a pedido da ginecologista que acompanhava o pré-natal. A gerente de vendas diz que sofre com hipertensão arterial e, por esse motivo, o parto deveria ser induzido. “A médica que me acompanhou decidiu que fosse dar entrada para induzir o parto, porque fui acompanhada com pressão alta durante a gravidez. Por conta da pressão alta, ela ia induzir ou fazer a cesárea, e ela optou por induzir”, afirma. 

Após a internação, Viviane diz que recebeu quatro comprimidos intravaginais para estimular a dilatação, entre 14h de sexta-feira e 4h de sábado. Entretanto, o parto não se concretizava e a gerente pediu que o médico fizesse uma cesárea. 

“Como tenho pressão alta, fiquei com medo de ter algum contratempo durante o parto e acontecer alguma coisa com a minha bebê. Ele justificou que não podia fazer, que a cesariana só seria para quem estive já em trabalho de parto”, relata. 

Viviane afirma que após a última medicação começou a sentir contrações e teve sangramento. A gerente alega que conversou com o médico responsável pela equipe de ginecologia e obstetrícia, mas ele se recusou a examiná-la. 

“Não fazia questão da cesárea, fazia questão que me examinasse para ver se tinha que ser cesárea, já que eles disseram que não dilatava. Ele foi grosseiro, não me explicou nada, falou que ia mandar um termo de responsabilidade para eu assinar”, relembra. 

Ainda segundo a gerente de vendas, o médico afirmou que havia quatro cesáreas agendadas para a manhã de sábado e que ela seria a última gestante a entrar na sala de parto. Como a cama estava suja de sangue, Viviane pediu que os lençóis fossem trocados. 

“Quando levantei, tive vontade de vomitar e fui no sentido do banheiro. Nenhum enfermeiro me acompanhou, quem me acompanhou foi meu esposo e, no momento em que cheguei ao banheiro, passando muito mal, senti a bolsa estourar”, afirma. 

Viviane diz que sentia muitas dores, estava em pé e não conseguia caminhar, porque a filha estava nascendo. A bebê acabou caindo e batendo com a cabeça no chão do banheiro. O marido era o único que estava no local e auxiliou a gerente. 

“Acredito que só não aconteceu nada mais grave com ela porque – como meu marido me apoiou e, de alguma forma, tentou me amparar – consegui segurar o cordão umbilical quando saiu. Só que o cordão arrebentou e ela chegou a cair mesmo”, conta. 

Depois do parto, Viviane afirma que o marido pediu ajuda à equipe de enfermagem. Uma técnica realizou os primeiros procedimentos para estancar o sangue e limpar a bebê ainda dentro do banheiro. Nenhum médico esteve no local. 

“Se não fosse ela, acho que teria acontecido alguma coisa mais grave. Como arrebentou [o cordão umbilical], o sangue podia voltar pelo cordão, então ela conseguiu estancar ali. Ela mesma fez o procedimento e ela mesma me amparou”, diz. 

Viviane conta que a irmã dela chamou a PM ao hospital. Os policiais militares conversaram com o médico responsável pelo caso, que negou qualquer tipo de negligência ou omissão. Um boletim de ocorrência por omissão de socorro foi registrado ainda na tarde de sábado. 

Nesse mesmo dia, a Santa Casa de Ribeirão Preto divulgou nota informando que a paciente possui histórico de parto normal, tinha dilatação e não tinha indicação de cesária. O hospital diz que não é verdadeira a afirmação que Viviane teve atendimento negado. 

“Ela teve uma evolução rápida do parto e o bebê nasceu no banheiro da maternidade. Imediatamente a parturiente e o bebê foram atendidos, tanto pela equipe de obstetrícia, quanto a equipe de pediatria. Ambos passam bem e a mãe, inclusive, já está amamentando”, informou. 

FONTE: Informações | G1 

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