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UM RELACIONAMENTO PARA CHAMAR DE MEU

UM RELACIONAMENTO PARA CHAMAR DE MEU

Por Stephanie Cangueiro

Por Stephanie Cangueiro

Publicada há 4 anos

Desde bem pequenas é comum crianças escutarem brincadeiras sobre os namoradinhos que terão quando crescer. Nos desenhos animados tem os casais ou nas séries da Disney os pares adolescentes que paqueram na escola.  Com o avançar da idade só aumenta o bombardeio sobre “ter um relacionamento ser importante”, está nos livros, nos filmes, nas séries, na novela, na vida real.

Mais tarde, sem se dar conta do porquê, todos desejam no íntimo ter um parceiro. Na adolescência começa-se a busca desenfreada, entre ficadas e namoros estão os envolvimentos emocionais em série e sem critérios que prolongam até o início da vida adulta ou mais. Alguns resultam na conquista do grande objetivo: matrimônio. Isso tem uma consequência, é claro.

Em consultório vejo muitas pessoas reproduzirem modelos de relacionamentos não saudáveis. Nos exemplos familiares dos pais e avós não é raro as brigas recorrentes, um desrespeitando o outro, agressões verbais e físicas, dormirem em quartos separados, filhos se intrometendo em assunto conjugal por desestrutura do casal. Ou ainda os pais divorciados desde a infância por incompatibilidade, brigas por guarda, pensão, móveis, alienação parental...

Sabemos que na cultura o que vende são as histórias de amor dramáticas, porém na vida real não é bem assim, após os primeiros anos a paixão passa, os obstáculos e sofrimentos dos filmes são os estresses e ansiedades, o parceiro que persegue o amor anos a fora na verdade é o obsessivo que não sabe respeitar os limites. Além disso, os problemas não acabam depois do “eu aceito”. As desventuras que são bonitas nas telas não deveriam ser desejadas na vida real, pois se dói mais do que faz bem pode ser um sinal de que as coisas estão erradas.

Segundo o IBGE no senso de 2018 um a cada três casamentos acabam em divórcio. Os motivos não são esclarecidos na pesquisa, mas para os psicólogos que atendem as demandas todos os dias nos consultórios particulares fica bem transparente. Na grande ânsia de ter uma pessoa ao lado para “poder contar” as pessoas se esquecem do autoconhecimento e dos próprios critérios, isso quando sequer os conhecem. Na fase da paixão do início de todo relacionamento é muito comum que ambos passem por cima de detalhes no outro que os incomodam e que posteriormente são os grandes motivos de desentendimentos.  Isso traz outra consequência em dados: ainda segundo o IBGE, desde 2015 o número de casamentos vem diminuindo. A frustração de dar errado é tamanha que é preferível nem tentar.

Precisamos de modelos saudáveis de relacionamentos, ficção nem sempre são uma boa referência. As pessoas que buscam entender-se, melhorarem-se e que levantarem os critérios de escolha antes de firmarem um compromisso sério e terem filhos certamente terão um relacionamento mais duradouro e saudável. O grande problema de todos os relacionamentos é a comunicação ruim, quando não está em falta, é violenta. Pessoas que se conhecem mal jogam suas frustrações no companheiro, isso desgasta a relação. Saber que ninguém no mundo tem a obrigação de te fazer feliz é a chave para o relacionamento de sucesso.


Stephanie Cangueiro

Psicóloga CRP 06/137113

Atualmente trabalha em consultório particular, especializando em Terapia Familiar pela FAMERP.

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