ARTIGO

Isso é Fernandópolis

Isso é Fernandópolis

Por Sylvério Del Grossi

Por Sylvério Del Grossi

Publicada há 4 anos

Em um país com oito milhões, quinhentos e quatorze mil, oitocentos e setenta e seis quilômetros quadrados, Fernandópolis é o melhor cantinho desta imensa nação.

Moro nesta cidade desde o ano mil novecentos e quarenta e seis, eu era ainda criança. Fernandópolis era uma pequena vila, a maior parte das casas eram feitas com paredes de taipa, muitas cobertas de capim sapé, mas já se vislumbrava que se tornaria uma bela cidade. O movimento de pessoas, automóveis, carros de bois, carroças e charretes era grande. Ônibus que vinham do sertão paravam em frente ao bar, sorveteria e restaurante do Cássio Vendramini que ficava onde é hoje a Casa Lisboa do Ventura. Para aquela época era um excelente bar e restaurante, a comida servida era muito boa. Os ônibus chegavam completamente sujos de barro, as estradas eram todas de terra batida, vinham ônibus de Arabá, Indiaporã, Guarani, Santa Albertina e tantas outras cidades de toda a região. No rádio e altos falantes resoavam as vozes de Vicente Celestino e Luiz Gonzaga, que algum tempo depois vieram cantar ao vivo na cidade. Asa Branca de Gonzaga cantada por todos; era e ainda é como se fosse o segundo hino Nacional brasileiro. Naquele tempo era comum ver circos, pequenos e grandes se apresentando em bairros e até mesmo onde é hoje o centro da cidade.

Os fundadores Joaquim Antônio Pereira e Carlos Barozzi foram muito felizes na escolha do lugar onde seria implantada a cidade, no alto do espigão, onde as águas pluviais jamais se acumulariam no centro. 

O baiano, coronel Francisco Arnaldo e o italiano Afonso Cáfaro foram pessoas de grande valor na formação de nossa cidade. Quando Francisco Arnaldo morreu, suas exéquias foram acompanhadas pela banda municipal, executando marchas fúnebres até o cemitério; todos queriam fazer parte do séquito. Afonso Cáfaro, primeiro fazendeiro que plantou café nos arredores da cidade, quando morreu foi dado seu nome à Avenida que sai do centro da cidade em direção a sua Fazenda. 

A Avenida Expedicionários Brasileiros é a mais bonita entrada de todas as cidades desde Santa Fé do Sul até São Paulo. Quem deixa a rodovia Euclides da Cunha, ao passar sobre o pontilhão que cruza a rodovia, pode ver toda a sua linda extensão e boa parte da cidade com seus edifícios. Isso é Fernandópolis. 

 Fernandópolis nasceu para ser grande; logo no início chegaram aqui os médicos Waltrudes Baraldi e Alberto Senra. Em uma época que não havia aparelhos para diagnosticar doenças, Dr. Alberto Senra olhava o paciente e já sabia qual o mal que o acometia, parece que tinha raio X nos olhos. Dr. Baraldi, o médico dos pobres, dificilmente cobrava consultas, principalmente quando se tratava de pessoas de pouco recursos financeiros. Quando morreu, as suas clientes choravam em seu velório como se fossem pessoas da sua família. Como havia poucos médicos, Deus mandou para nossa cidade Maria Simão, a parteira que todos respeitavam como se fosse médica obstetra. Ela passou muitos anos cuidando de mulheres em estado puerperal, não somente em Fernandópolis como em cidades vizinhas. Ela era filha do fundador Joaquim Antônio Pereira. Ainda falando em saúde, tivemos aqui o grande farmacêutico José Coelho. Se é que existem outras vidas, José Coelho foi médico em outras encarnações. Muitas pessoas deixavam de consultar médico para consulta-lo.

 Fernandópolis em seus primeiros anos teve excelentes prefeitos como: Líbero de Almeida Silvares, Edson Rolim, Ademar Monteiro Pacheco, Percy Semeghini, Antenor Ferrari , Milton Leão, Armando Farinazzo. Pelo seus excelentes desempenhos muitos deles foram reeleitos. Esses homens pertencem à história de Fernandópolis e muito fizeram para que nossa cidade esteja entre as principais do Estado. Na vereança tivemos também homens de muito valor como: Pedro Malavazzi, Antonio Brandini, Dr. Fernando Jacob, Valdomiro Renesto, Arlindo Alves Garcia, Vagner Costa, o professor Olívio Araujo, Nelson Cunha e tantos outros que também fizeram história

Na parte jurídica Fernandópolis teve a sorte de ter o maior tribuno, Dr. Fernando Jacob. Até os Tribunais de Justiça reconheciam o seu valor. Nem São José do Rio Preto teve um advogado tão famoso; era procurado para fazer defesas no Júri em vários estados. Fernandópolis deve muito a esse grande homem e uma das principais praças da cidade, a antiga Praça da Liberdade hoje chama-se Praça Dr. Fernando Jacob em homenagem a ele que passou uma vida inteira lutando pela liberdade. 

Com a construção do novo Paço Municipal, do atual Terminal Rodoviário à Avenida Ângelo Del Grossi, podemos dizer jocosamente que temos como Brasília, a “Praça dos Três Poderes”. O Fórum lembra o Supremo Tribunal Federal, a Câmara dos Vereadores lembra a Câmara Federal e o Paço Municipal, onde fica o prefeito, lembra o Palácio Alvorada. Todos esses poderes ficam perto um do outro, podendo caminhar a pé para alcançá-los. Nenhuma cidade em toda a região tem um terminal rodoviário como o nosso, a cem metros da rodovia, facilitando a vida de quem viaja. Isso é Fernandópolis. 

Votuporanga, nossa maior rival pode ter mais habitantes e maior número de indústrias, mas não tem beleza, o centro da cidade, ao contrário do nosso, fica em uma baixada onde as águas pluviais se acumulam no centro; a entrada da cidade é feia e sem planejamento.

 Sylvério Del Grossi - Advogado

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