MISSÃO INGRATA

Rombo de R$ 52 milhões e investigações: o que espera o próximo provedor da Santa Casa

Rombo de R$ 52 milhões e investigações: o que espera o próximo provedor da Santa Casa

Jesiel Macedo administrará a entidade provisoriamente enquanto forças políticas e sociedade buscam novo provedor

Jesiel Macedo administrará a entidade provisoriamente enquanto forças políticas e sociedade buscam novo provedor

Publicada há 4 anos


Gustavo Jesus

Dois ano e meio depois e com R$ 12 milhões a mais de divididas segundo as estimativas, a Provedoria da Santa Casa de Fernandópolis voltou nesta semana para as mãos de um cidadão fernandopolense - pelo menos de forma interina. Jesiel Macedo, dentista e ex-presidente da Associação de Amigos de Fernandópolis, assumiu o cargo de provedor na quarta-feira, 27, um dia depois da renúncia da OS de Andradina. Octávio Barreto, membro da diretoria, auxiliará Jesiel na empreitada.

Durante o período que esteve na frente da Santa Casa, a administração da OS, comandada por Fernando Zanqui, promoveu reformas na estrutura do hospital, entrou em uma série de conflitos com vários médicos que prestam serviço à entidade e não cumpriu com a promessa de equalizar as dívidas.

DÍVIDA AUMENTOU
Números publicados pela coluna Entre Linhas cerca de quatro meses atrás apontavam para R$ 12 milhões a mais de dívidas desde o momento que a OS de Andradina começou a administrar o hospital. De R$ 40 milhões o déficit foi para R$ 52 milhões, o que dá um aumento de 30% no período.

Os números negativos frustraram a promessa de Fábio Obici, diretor-presidente da OS. Quando assumiu a instituição, Fábio prometeu, em entrevista publicada por Extra.net, que dentro de um ano a situação estaria melhor. “Vou falar, sem medo de errar: dentro de um ano tudo vai estar diferente. Desde a humanização do ambiente, no que se refere ao acolhimento do paciente, até o equilíbrio financeiro. Não digo que todas as contas estarão pagas, estarão equilibradas na questão de receita e despesas”, disse.

AVANÇO DA DÍVIDA
Os débitos da Santa Casa de Fernandópolis tem evoluído de maneira crescente nos últimos anos. Júnior Sequini deixou a provedoria do hospital em 2009, com R$ 10 milhões em dívidas. Nas gestões seguintes a dívida cresceu exponencialmente, passando dos R$ 23 milhões em 2015 para R$ 52 milhões cinco anos depois, um aumento de 126%.

A SAÍDA
Dois motivos foram determinantes para a saída da OS de Andradina. A iminente greve dos médicos e a ameaça dos profissionais de não renovarem seus contratos caso Fernando continuasse no comando da Provedoria e a falta de apoio político na defesa das acusações que a instituição vem sofrendo, fizeram com que a diretoria achasse por bem entregar a direção do hospital.

O corpo clínico do hospital enviou ofício para a Diretoria Regional de Saúde (DRS) ameaçando paralisar os serviços da Santa Casa caso a atual diretoria não renunciasse até segunda-feira, 2 de dezembro. A pressão dos médicos estava relacionada diretamente ao atraso de pagamentos.

De acordo com fontes próximas a ex-Provedoria, a falta de apoio político para encarar as denúncias dos últimos meses também foi um fator importante para a desistência. Com a avalanche de denúncias a Provedoria esperava que forças políticas do município ajudassem na blindagem da instituição e da diretoria.

O FUTURO DA INSTITUIÇÃO
Depois da retirada da OS de Andradina, Jesiel Macedo terá 60 dias de mandato tampão. Neste tempo forças políticas e sociedade civil devem buscar uma alternativa para assumir a entidade definitivamente. O grande sonho dos envolvidos no processo seria que a Associação e Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus, comandada pelo frei Francisco Belotti, de Jaci, que administra diversos hospitais, tomasse a frente da instituição.

Outras opções são buscar uma outra Organização Social de Saúde ou até mesmo uma solução caseira que tenha coragem de assumir a gestão que, além das dívidas, conta com Inquérito Policial fazendo uma verdadeira devassa nas administrações recentes da entidade.

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