ARTIGO

Tempo vivido: reflexões sobre a pandemia do coronavírus

Tempo vivido: reflexões sobre a pandemia do coronavírus

Por Pe. Eduardo Lima

Por Pe. Eduardo Lima

Publicada há 4 anos

A palavra pandemia tem origem grega e significa “todo povo”. A pandemia do coronavírus, infectou aproximadamente 800 mil pessoas e matou quase 38 mil, até o momento. Por conseguinte, a contaminação pelo novo coronavírus é passível a qualquer indivíduo, sendo uns mais susceptíveis que os outros, em decorrência da faixa etária e de doenças pré-existentes. O que não permite descuidos e denota mudanças de atitudes e cuidados redobrados com a prevenção. Uma pandemia nos assola e nos testa enquanto indivíduos e sociedade.

 No momento, mais de três bilhões de pessoas estão em algum nível de confinamento, ou seja, um terço da população mundial em quarentena. Isso significa que uma de cada três pessoas no mundo teve de mudar os hábitos de forma mais ou menos drástica para conter o avanço desta pandemia. 

A Organização Mundial de Saúde – OMS e especialistas afirmam que a atitude de cada pessoa é tão importante para o controle da disseminação da doença quanto as ações governamentais. Cumprir com as medidas básicas de prevenção e especialmente com a primeira linha de defesa que é o distanciamento social, ocasiona menos pessoas impactadas e menor chance do sistema de saúde entrar em colapso. O isolamento social desperta solidariedade, a responsabilidade pelo outro. 

Nas cidades pequenas, do interior, como é a maioria das que compõem a Diocese de Jales, as pessoas tendem a imaginar que estão protegidas, que o vírus não vai chegar até aqui. Muita gente desrespeitando a quarentena, ignorando a recomendação do isolamento social. Mas é justamente nestas localidades que possuem menor estrutura hospitalar para manejar os casos graves, que basta uma pessoa infectada para, em poucas semanas, causar um efeito catastrófico justamente ali. 

 Paradoxalmente, a operação de salvamento do COVID 19 detona uma convulsão da ordem social e econômica de magnitudes ainda inimagináveis. Neste momento, os setores que já apresentam restrições vão desde a aviação, turismo, indústria automobilística (limitações no ir e vir) ao comércio e serviços locais, nas nossas cidades que adotaram restrições à circulação. Milhares de microempresas estão sentindo o impacto e em breve podem ser incapazes de suportar a redução drástica de suas atividades, assim como os trabalhadores autônomos. Haverá inúmeros novos desocupados. Para escapar, muitos – pessoas e empresas – recorrerão ao crédito comercial e se submeterão aos juros e regras dos bancos. 

O auxílio emergencial deverá ser sancionado pelo governo brasileiro e contemplará auxílio para trabalhadores informais, intermitentes inativos e microempreendedores individuais, porém há expectativa que o benefício seja estendido para outras categorias como pescadores sazonais e motoristas de aplicativo. No caso de mulheres provedoras de família, a cota prevista será dobrada. O governo ainda não deu previsão de quando os pagamentos devem começar, pois existe uma grande burocracia a ser seguida. 

A crise do coronavírus pode mudar nossas vidas de forma permanente. O que hoje parece impossível não o será, após a pandemia. O mundo que emergirá ao fim da pandemia continuará conflituoso e incerto – mas as disputas estarão colocadas em outros termos. Nada será como antes. É preciso nos preparar. Mas também poderemos sair dela com um grande desejo de abraçar: solidariedade social, contato, igualdade. Enquanto a crise se desenvolver, e quando a onda finalmente tiver passado, a humanidade estará, como ao término das guerras, diante de duas questões. Como foi possível? Como evitar que se repita? 

Neste cenário mundial de tamanha desolação e incertezas, Papa Francisco convidou a todos para responder à pandemia do vírus, com a universalidade da oração e fez sua súplica: “Senhor, não nos deixe à mercê da tempestade”. 

Também mencionou os heróis anônimos, pessoas que doaram a sua vida e estão escrevendo momentos decisivos da nossa história. Não são pessoas famosas, mas são “médicos, enfermeiros, funcionários de supermercados, pessoal da limpeza, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho”.

O Papa Francisco concedeu a benção “Urbi et Orbi”, um ato sem precedentes de proximidade do sucessor de Pedro a cada um de nós, especialmente em prol dos doentes com coronavírus, dos que cuidam deles e dos fiéis em isolamento social. 

E a nós que nos encontramos em meio a esta tempestade causada pela pandemia do coronavírus, nos deixou sua mensagem: abraçar o Senhor para abraçar a esperança!


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