POLÊMICA

Herdeiro da família real, deputado paulista quer extinguir feriado de Tiradentes

Herdeiro da família real, deputado paulista quer extinguir feriado de Tiradentes

Luiz Philippe de Orleans e Bragança, descendente de Dom Pedro 2º, diz que mineiro não é herói nacional

Luiz Philippe de Orleans e Bragança, descendente de Dom Pedro 2º, diz que mineiro não é herói nacional

Publicada há 3 anos

Deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança 


Da Redação

O deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL) apresentou projeto para extinguir o feriado de Tiradentes, que ocorre todos os anos no dia 21 de abril. Ele, que representa a família imperial brasileira, tenta transferir o feriado para 22 de abril, data oficial do Descobrimento do Brasil, que ocorreu em 1500.  

Na sua justificativa, Orleans e Bragança afirma que o dia 22 de abril "possui uma legitimidade histórica e relevância na constituição de nossa identidade nacional, razão pela qual a mesma deve ser considerada feriado em todo o Brasil". Ele justifica que o fim do feriado de Tiradentes seria necessário para que não permaneçam dois feriados nacionais em datas contíguas. "Essa data (Dia de Tiradentes) é uma criação do regime republicano, instalado no Brasil através de um golpe militar que baniu a família imperial brasileira. A República recém-instalada necessitava de símbolos e personagens históricos para sua legitimação perante o conjunto da população brasileira", afirma.

O deputado não poupou críticas ao mártir da Inconfidência Mineira, movimento que se insurgiu no final do século 18 contra a coroa portuguesa. "Tudo indica que ele (Tiradentes) viveu tranquilamente fora do Brasil. Século 19 inteiro ninguém falava dele, só surgiu na República. É um resgate republicano. Se quiserem, vamos discutir história. Herói nacional eu não acredito, pode ser de Minas”, afirmou o parlamentar. Ele disse também que, caso Minas Gerais queira, pode adotar a data de 21 de abril em homenagem ao inconfidente, mas na esfera nacional a situação é outra. 

O Instituto dos Advogados de Minas Gerais (IAMG) repudiou o projeto e afirmou que a proposta "engrossa uma série de esforços que, sistematicamente, tentam esvaziar o consolidado e relevante papel de Tiradentes na história de nosso país. A proposta legislativa, mais que um agravo ao mártir da Inconfidência, representa um ultrajante descaso à memória e à cultura mineiras e um menosprezo à contribuição de Minas Gerais para a conquista da Independência do Brasil”.

Eles continuam: "mineiras e mineiros carregam a honra e a altivez por respirar os ares da liberdade e por pisar no solo onde nasceu o movimento de insurgência contra a derrama e que desde então cunhou em suas almas o espírito inconfidente que não se curvará diante de mais uma iniciativa ilídima”. 

Odeputado Orleans e Bragança, disse que o repúdio não o fará mudar de ideia. "Podem repudiar o que quiserem, não vai mudar a história. Ele não é herói nacional, é local", diz o parlamentar. A proposta tramita na Câmara dos Deputados e está na Comissão de Cultura.

Quem é Luiz Philippe de Orleans e Bragança
Luiz Philippe de Orleans e Bragança  é cientista e empresário. É descendente dos imperadores do Brasil Pedro 1º e Pedro 2º e pretendente ao extinto título de Príncipe de Orléans e Bragança. É sobrinho de Luís Gastão de Orléans e Bragança, reivindicador da Chefia da Casa Imperial do Brasil, e autor do livro "Por que o Brasil é um país atrasado?".

Em 2019 assumiu o cargo de deputado federal pelo estado de São Paulo, após ser eleito pelo Partido Social Liberal, com 118.457 votos. Em Rio Preto obteve 1.233 votos.

Quem foi Tiradentes
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi morto em 1792 após ser condenado por participar da Inconfidência Mineira, movimento de caráter separatista, ocorrido em Minas Gerais no ano de 1789, cujo principal objetivo era libertar o Brasil do domínio português. O lema da Conjuração Mineira era "Liberdade, ainda que tardia”.

Acusado de traição contra a coroa portuguesa, em 21 de abril de 1792 Tiradentes foi executado e esquartejado. Sua cabeça foi erguida em um poste em Vila Rica e os demais restos mortais foram distribuídos ao longo do Caminho Novo: Santana de Cebolas (atual Inconfidência, distrito de Paraíba do Sul), Varginha do Lourenço, Barbacena e Queluz (antiga Carijós, atual Conselheiro Lafaiete), lugares onde fizera seus discursos revolucionários. 


Fonte: DL News

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