HUMANIZAÇÃO

"Inumeráveis": porque seres humanos merecem ser mais que números

"Inumeráveis": porque seres humanos merecem ser mais que números

Projeto traz a história de cada uma das vítimas da Covid-19

Projeto traz a história de cada uma das vítimas da Covid-19

Publicada há 4 anos


MINUTINHO

Coragem e bom ânimo

Por: Bezerra de Menezes

Filhos, apesar dos percalços que enfrentais, inclusive no que se refere à conquista do pão de cada dia, prossegui caminhando com determinação.

Compreendei o eco do passado distante nas lutas que vos alcançam no presente: o filho rebelde, o cônjuge difícil, a carência material, o assédio sistemático das trevas...

Não descreiais do Amparo Divino, através dos amigos do Mais Alto, que não vos deixam a sós com as vossas provas.

Não fosse pela intercessão daqueles que por vós se interessam do Além, é possível que vos precipitásseis em mais profundos abismos de dor.

Inútil pretender qualquer colheita sem justa semeadura.

Por outro lado, de que valeria lançar sobre a gleba inculta a semente promissora?

Quantos anseiam por terem, e que nada fazem para possuírem?

Adquiri mais ampla compreensão da vida e atinareis com a causa de todos os vossos padecimentos.

Toda lágrima encerra uma lição e se constitui num estímulo ao progresso.

Quantos são os que negam a existência de Deus, unicamente por não serem atendidos em seus caprichos de ordem pessoal?

O que não tendes nem sempre deve ser interpretado por demérito de vossa parte. Muitas vezes, a providência que vos é mais necessária ao esforço de auto-superação é o obstáculo que vos parece restringir os movimentos.

Caminhai, pois, com alegria, sem permitir que a descrença se vos insinue no espírito.


CRÔNICA

“Inumeráveis”: eles merecem ser mais que números

Por Clarius

A mineira Eunice Farah era alegre. Muito alegre. Venceu uma batalha contra um câncer de laringe, com sessões de quimioterapia e bombas de medicamento, sem lamentar. Apaixonada pelo Carnaval, buscava conforto e alívio na música. Ecumênica, frequentava o centro espírita as terças e, aos domingos, a igreja evangélica. A fé de dona Eunice era na vida e nas pessoas. Aos 77 anos, deu entrada no hospital com sintomas leves e não saiu mais. Vanessa Pupys, 27 anos, era vista como um anjo da guarda de muitos, antes de partir. O “Seu” Edgard Farah, com 81 anos bem vividos, será para sempre lembrado por ir, com seu fusquinha, buscar os sete netos nas escolas. O pastor Mário Pereira da Silva era um carioca com o coração do tamanho do mundo, com um jeito contagiante de viver e que faleceu aos 45 anos. Mãe, esposa e amiga, Quezia Batista da Silva Barros foi embora aos 34.

Todas essas pessoas têm nomes; famílias, histórias e foram vitimadas, fatalmente, pelo coronavírus. Em comum, não são apenas números frios e estatísticas duvidosas divulgadas pelo governo, mas sim seres humanos, filhos, mães, pais, avôs, amigos, trabalhadoras...

Claro que eles continuarão integrando o rol com mais de oito mil mortos vitimados pela Covid-19 que, às duras penas.

Para homenagear as nossas cinco personagens e milhares de outras mais, eternizando-as nas memórias de milhões, o artista paulistano Edson Pavoni em colaboração com Rogério Oliveira, criou o projeto Memorial Inumeráveis, que consiste num site simples, onde os nomes são dispostos em ordem alfabética, acompanhado com o nome, idade, um breve relato e uma frase que possa resumir a vida de cada uma das pessoas vitimadas fatalmente. E já são centenas delas!

“O funcionário mais prestativo da livraria Independência”, diz de José; “O fraterno amigo”, relembra de Marcone; “Para todo mundo que cruzava seu caminho, ela era a Vó”, a lembrança de Wilma.

E o que dizer do músico Washington Amazonas da Silva? Em 2013 ele sofreu um AVC hemorrágico e os médicos lhe deram apenas mais seis horas de vida. Resultado? Viveu, compartilhando alegria, amor e músicas por mais sete anos, até falecer, no Ceará, com 37 anos.

Há um perfil no Instagram, já seguido por mais de 33 mil internautas e qualquer pessoa pode colaborar. Basta enviar a história de pessoas que morreram pela pandemia que jornalistas e voluntários irão confirma-las e inclui-las no “livro digital Inumeráveis”.

“Todos os dias ouvimos um novo número de pessoas que morreram vítimas do coronavírus no Brasil. Só que números não penetram o coração como histórias. Não há quem goste de ser número. Gente merece existir em prosa” - explica Edson Pavoni.

Quem quiser conferir, é só dar uma clicada: https://inumeraveis.com.br


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