Da Redação

O reitor da Universidade Brasil, Felipe Sigollo, divulgou nesta quarta-feira, 10, uma carta para toda a Comunidade Acadêmica da instituição. No texto, Felipe fala sobre as dificuldades do cargo e as mudanças promovidas sob sua direção frente à UB. "Com o firme propósito de sanear as questões acadêmicas, financeiras e estruturais, além de implementar uma gestão pautada pela ética e transparência, arregacei as mangas e passei a trabalhar sem descanso desde que aceitei o cargo, há cerca de 60 dias".

Felipe também comentou sobre os processos acadêmicos e a dificuldade para sanear as questões relacionadas ao curso de Medicina, alvo da Operação Vagatomia que investiga fraudes financeiras na instituição.

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Carta Aberta do Reitor Felipe Sigollo à Comunidade Acadêmica

Ao assumir o desafio de ocupar a reitoria da Universidade Brasil, tinha ciência de que não seria uma tarefa fácil. Mas também sabia que milhares de pessoas, cujas vidas dependem direta ou indiretamente da instituição, seriam impactadas pelas minhas ações e, mais importante, pelas minhas decisões à frente da UB.

Com o firme propósito de sanear as questões acadêmicas, financeiras e estruturais, além de implementar uma gestão pautada pela ética e transparência, arregacei as mangas e passei a trabalhar sem descanso desde que aceitei o cargo, há cerca de 60 dias.

Contratei profissionais experientes e independentes, com carreira em órgãos públicos e privados como Polícia Federal, Tribunal de Justiça de SP, Prefeituras, Governo do Estado de SP, Polícia Militar de SP e de outras renomadas instituições de ensino, pesquisa e extensão, pessoas estas que partilham os mesmos valores e objetivos que norteiam esta caminhada. Estabelecemos o site oficial da UB como ponto focal de nossos comunicados, no qual tratamos e divulgamos de forma clara todas as ações tomadas pela instituição

Em face dos problemas já conhecidos, mas principalmente considerando questões encontradas quando começamos a avançar, entendemos a necessidade de começar do começo, pela base: recadastramos todos os colaboradores e, com isso, conseguimos mapear e desligar aqueles sem função definida. Paralelamente a isso, iniciamos as tratativas sobre regime de trabalho e plano de carreira.

Separamos as estruturas das mantenedoras e mantidas da UNIESP e da Universidade Brasil, revisamos e ajustamos múltiplos contratos administrativos, conseguindo reduções significativas nos custos. Instauramos diversas sindicâncias para apuração de irregularidades, revisamos e renegociamos contratos de parceiros na Pós Graduação, lato e stricto sensu, trazendo mais eficiência. Também estamos mapeando todos os fluxos, processos e sistemas internos, com vistas em obter certificação ISO 9000.

Na seara acadêmica, a situação era e ainda continua sendo muito delicada. Para que seja possível construir uma graduação sólida e respeitada, é preciso construi-la a partir de uma base íntegra. Mas encontramos enorme defasagem de informações e registros, tornando a regularização de todos os prontuários, de matriculados e pré-matriculados, um processo lento e complexo, porém imprescindível.

Montamos uma Comissão Especial para análise e revisão dos prontuários de mais de 1800 alunos do curso de bacharelado em Medicina, para alinhamento à nova matriz curricular (2018-A). Seus resultados foram publicados no site da instituição e serão posteriormente enviados para revisão do MEC. Para tanto, nós da nova reitoria contamos com a dedicação comprometida de nossos diretores e professores, e precisaremos mais do que nunca da compreensão e apoio de nossos alunos.

Estamos realizando um recadastramento completo dos polos EAD, mediante auditoria documental e exigência do cumprimento das obrigações contratuais. Aprovamos o regimento dos programas de mestrado e doutorado profissional em Ciências Ambientais no CONSU além de tratativas na CAPES para implantação do segundo doutorado da Universidade (Ciências Ambientais).

Reforçando nosso compromisso com a ética, lançamos o primeiro Código de Ética da história da Universidade Brasil, que deverá nortear todas as condutas e práticas de todos os integrantes de nossa comunidade acadêmica. Revitalizamos a Ouvidoria e estamos implementando a Central de Relacionamento com o Aluno, para atender com agilidade e transparência todas as demandas de nosso corpo discente.

Ao mesmo tempo, lidamos com as questões institucionais e batalhas jurídicas que, infelizmente, vêm sendo uma constante na rotina da instituição. Visitamos pessoalmente os responsáveis pelo MEC, SERES, CAPES, FNDE, INEP e CNE, também realizando reuniões com prefeitos, deputados e demais lideranças, para destacar as mudanças de gestão e introduzir nossos planos de regularização. Endereçamos diuturnamente medidas judiciais e demais litígios enquanto apresentamos resultados, conquistando importantes avanços, como a reversão da desativação do curso de Medicina.

Importante destacar que todo esse trabalho tem sido realizado em meio a uma pandemia global, que trouxe obstáculos e desafios inéditos na história recente. Criamos um Comitê de Impactos do COVID-19, focado em preservar a saúde e bem-estar de todos, mantendo a operação da instituição, mesmo com todas as dificuldades. Registramos aqui nossa gratidão a todos pela superação nesse momento tão delicado que todos estamos vivendo. Temos certeza de que também vamos superar e vencer essa luta.

Sabemos que o trabalho está apenas começando. Encontramos muita desconfiança, infelizmente justificada, em praticamente todas as searas em que atuamos. Ainda temos muito a fazer, muitas contas para acertar e muitas pontes para reconstruir. Mas estamos mostrando, com nossa postura e com nosso trabalho, que vamos fazer diferente.

Estamos aqui para fazer o certo, não o fácil. Não buscamos resultados imediatos, mas duradouros e sustentáveis para garantir o futuro da Universidade Brasil.

Atenciosamente,

Felipe Sartori Sigollo.
Reitor

Felipe Sigollo é reitor da Universidade Brasil desde o início de abril