ARTIGO

Senhora negra, sempre senhora

Senhora negra, sempre senhora

Por Pe. Junior Lucato Chanceler

Por Pe. Junior Lucato Chanceler

Publicada há 3 anos

Tirada das águas pelos pescadores Domingos Garcia, João Alves e Felipe Pedroso chamaram-na de “Aparecida”, a Virgem Santa que apareceu nas barrentas águas do rio Paraíba do Sul. A imagem não é um achado qualquer, mas um presente dado ao povo sofrido, escravizado e marginalizado. Não foi o acaso que provocou tal descoberta, mas foi a Senhora Negra, virgem Santíssima que se deixou encontrar, e quis aparecer para o povo e como o povo.

A Senhora Negra, cuja imagem se assemelha com a população da região formada por, índios, negros, mulatos e brancos, não é uma senhora comum, mas alguém que traz em si traços sofridos com a mesma cor e dor do povo. Aparecida, aquela que apareceu, vai ganhando o carinho do povo e sinalizando a predileção de Deus pelos pequenos, aflitos e desvalidos.

A Negra Senhora vem para ficar junto do seu povo e em defesa deles. Sinal de libertação, consoladora dos aflitos, mãe de misericórdia, tornou-se senhora no meio do povo e desse meio jamais saiu. Aí se manifesta a bondade e o olhar de Deus, um sinal de atenção ao permitir a aparição da Virgem Negra. Aquela que na brancura da pureza não se deixa vencer, se faz Negra como seus filhos para compartilhar suas dores e mostrar que havia alguém por eles.

Desde a pesca milagrosa da Mãe Aparecida os sinais de esperança se fizeram presentes na história do povo brasileiro. Os peixes que naquele dia eram escassosse tornaram abundantes, o rio que era infértil tornou-se fértil, a escravidão deu lugar à liberdade e o sonho da construção de um novo país culminou em uma nação. Nação que desde o seu período colonial enfrenta desafios na promoção dos direitos do povo sofrido marginalizado e esquecido. 

A mensagem de esperança da Senhora Negra, a Imaculada Conceição de Maria, ensina a consolidar valores evangélicos, defendendo a vida, denunciando todas as sombras do pecado e do mal que se revestem de roupagens enganadoras para aniquilar a esperança do povo.

Aparecida é um sinal da ternura de Cristo que encontra seu povo. Ela que é mãe, educa seus filhos para perceberem que na caminhada da fé não podem ficar acomodados. É necessário uma renovação espiritual e humana. Ela sinaliza o Cristo: “fazei tudo o que Ele vos disser” (João 2,5); o conselho da Mãe faz perceber que “se alguém está em Cristo, é nova criatura. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!”. (2 Cor 5, 17).

Senhora Negra, sempre senhora e Senhora Rainha. Símbolo da garra de um povo sofrido, sinal de esperança, mãe amorosa. NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA, a Imaculada Conceição, foi corada Rainha do povo brasileiro em 1904 por vontade do Papa Pio X e se tornou a Padroeira do povo brasileiro oficialmente em 16 de julho de 1930, sob as ordens do Papa Pio XI que afirmou: “Constituímos e declaramos a Beatíssima Virgem Maria, concebida sem mancha, conhecida sob o título de ‘Aparecida’ Padroeira principal de todo o Brasil diante de Deus”.

Peçamos sempre a intercessão da Mãe: “Senhora negra, abre as correntes, tira seu povo da escravidão. Sempre senhora, ontem e hoje, tira seu povo da opressão”. (Autor desconhecido)


Jales, 15 de outubro de 2020

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