O pastor que fracassou

O pastor que fracassou

O culto com apenas cinco fiéis

O culto com apenas cinco fiéis

Publicada há 3 anos

MINUTINHO

Partida e chegada

Por: Victor Marrie Hugo

Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.

O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.

Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.

Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: Já se foi. Terá sumido? Evaporado?

Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha, quando estava próximo de nós. Continua tão capaz, quanto antes, de levar ao porto de destino as cargas recebidas. O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo.

E talvez, no exato instante em que alguém diz “já se foi”, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: Lá vem o veleiro.

Assim é a morte.

Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: Já se foi. Terá sumido? Evaporado?

Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado. Conserva o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado.

E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: “já se foi”, no mais Além, outro alguém dirá feliz: “já está chegando”. Chegou ao destino trazendo consigo as aquisições feitas durante a viagem terrena.

A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.

Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.

A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas.

Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.

Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro, partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajores da Imortalidade que somos todos nós.



CRÔNICA

O pastor que fracassou

Por: Autoria desconhecida

*Baseada em conto popular

Um pastor de um pequeno vilarejo chegou à igreja animado e motivado para realizar mais um culto. Mas, naquela noite, a hora passava e o povo não chegava.

Após 15 minutos entraram três crianças; depois de 20 minutos mais dois jovens, então o pastor resolveu começar o culto com os cinco fiéis. No decorrer da pregação entrou um casal que se sentou nos últimos acentos da igreja. Enquanto o religioso fazia a leitura da Bíblia, ingressou mais um senhor meio sujo com uma corda na mão.

Mesmo desapontado sem entender o motivo da igreja vazia, o pastor conduziu o culto animado, pregando com dedicação e zelo. Encerrada a cerimônia, pôs-se a caminho do lar. No trajeto foi assaltado e espancado por dois ladrões que levaram a sua pasta onde estava a Bíblia e outros pertences de valor.

Já em casa, enquanto sua esposa fazia os curativos das feridas, lamentou:

- O dia mais triste da minha vida; o dia mais fracassado do meu ministério, afirmou, recolhendo-se ao repouso.

Os anos passaram, o número de fiéis cresceu, mas aquela fatídica noite, então mantida em segredo, foi compartilhada pelo pastor aos crentes presentes no culto daquele dia.

Mal terminara a história e eis que um casal, grande referência naquela congregação, interrompe o missionário e diz: 

- Pastor! Aquele casal da historia que sentou no fundo éramos nós. Estávamos à beira do divórcio. Naquela noite decidimos por fim ao nosso casamento, mas primeiro decidimos entrar em uma igreja e deixarmos lá as nossas alianças, mas desistimos da separação depois que ouvimos a sua pregação. Hoje estamos aqui com o lar e a família restaurada.

Enquanto o casal falava, um empresário, assíduo colaborador daquele templo, pediu para falar: 

- Pastor eu sou aquele senhor que entrou meio sujo com uma corda na mão. Eu estava à beira da falência e perdido nas drogas. Minha esposa e meus filhos tinham ido embora de casa por conta das minhas agressões. Naquela noite eu tentei o suicídio, só que a corda arrebentou. Quando ia comprar outra, vi a igreja aberta e decidi entrar. A sua mensagem perfurou meu coração e saí daqui com ânimo para viver; Hoje estou livre das drogas, minha família voltou para casa e sou bem sucedido financeiramente.

Lá na porta da entrada o diácono, que fazia o protocolo, gritou: 

- Pastor eu sou um daqueles ladrões que lhe assaltaram. O outro morreu naquela mesma noite quando realizávamos o segundo assalto. Na sua pasta tinha uma Bíblia que eu passei a ler quando acordava pela manhã, depois resolvi entrar nessa igreja.

O pastor entrou em choque e começou a chorar.


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