PANDEMIA

Lockdown no interior de SP faz diminuir casos novos, internações e mortes

Lockdown no interior de SP faz diminuir casos novos, internações e mortes

No entanto, índices de ocupação acima de 90% são registrados em UTIs de Ribeirão Preto, Rio Preto e Araraquara

No entanto, índices de ocupação acima de 90% são registrados em UTIs de Ribeirão Preto, Rio Preto e Araraquara

Publicada há 2 anos

A pergunta que se faz é: diante dessa situação de guerra, com descontrole total da pandemia, que estratégia utilizar para o enfrentamento? - Foto: Reprodução

Da Redação

Com UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) em colapso e casos, internações e mortes em crescimento vertiginoso, Araraquara, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto decidiram adotar lockdown entre fevereiro e março como forma de tentar frear a disseminação da Covid-19. 

Cada uma a seu jeito, mas com pontos principais em comum, como suspender o transporte coletivo, fechar supermercados e implantar barreiras para impedir a circulação de veículos e pessoas, a medida gerou protestos raivosos de comerciantes, arrombamentos de bancos e ameaças de morte ao prefeito e Araraquara, Edinho Silva (PT). Xingamentos em redes sociais proliferaram quase que no mesmo ritmo do crescimento de casos do novo coronavírus.

Semanas após o lockdown e a reabertura gradativa de alguns setores – todas seguem na fase vermelha do Plano São Paulo –, as três cidades em geral registram indicadores melhores do que os apresentados no período pré-fechamento das atividades. Mas o cenário ainda é crítico.

Em São José do Rio Preto, o lockdown foi implantado com mais restrições entre os dias 17 e 21 de março, mas durou até o dia 31.

A média móvel de casos leves notificados caiu de 1.289, antes do lockdown, para 792 na última quarta-feira (7), ou 38% a menos. Já os casos graves caíram de 47 por dia, na média, para 32 (32% menos).

“Não se pode esperar nada antes de dez dias. No nosso caso, começamos a ter a queda a partir do décimo segundo dia”, disse o secretário da Saúde de São José do Rio Preto, Aldenis Borim, durante anúncio dos resultados das restrições.

Dois dias antes da implantação do lockdown, a cidade tinha 1.471 notificações de estado gripal e, segundo Borim, a tendência não era de queda, o que fez com que a administração decidisse pelas medidas, que foram seguidas por outras 11 cidades da região -Bady Bassit, Sales, Ibirá, Nova Aliança, Nova Granada, Palestina, Mira Estrela, Icém, Guapiaçu, Monte Aprazível e Jales.

“O efeito do lockdown não é momentâneo, tem de ter tempo para diminuir a circulação de pessoas, transmissão, casos leves e internados. Dia 28, percebemos que essa curva mostrava uma tendência de diminuição. Dos 1.471 casos, tivemos, no último dia 7, 728 notificações, o que dá 50%. Ainda há exames para saírem resultados, mas não mudará muito, pode cair para 48%, 40%.”

A média móvel de óbitos é de 17, o que o secretário diz considerar muito alta, “muito indesejável”. Mas há a expectativa com base nos dados de casos leves e internações de que o número de mortes venha a cair nas próximas semanas também.

A cidade, que na primeira onda chegou a 74% de ocupação de UTIs, em março atingiu 98%.

Rio Preto seguiu as medidas que tinham sido adotadas quase um mês antes em Araraquara, que, governada pela quarta vez pelo ex-ministro Edinho Silva (PT), serviu de modelo também para mais de uma dezena de cidades da região de Ribeirão Preto, como Jaboticabal, Batatais, Orlândia e Altinópolis.

Em Ribeirão, até a última semana houve queda de 45% em relação aos sete dias anteriores na procura de pacientes com suspeita de Covid-19 nas unidades de atendimento da prefeitura, e a expectativa é que a partir desta semana possa haver queda em outros indicadores, como internações.

“As decisões precisam ser tomadas imediatamente, não podem ser postergadas. Existe o que é perfeito e o que é possível. Fechamos a cidade por cinco dias, as indústrias todas, e nós peitamos aqui, tivemos a coragem de fazer e foi bom”, disse o prefeito de Ribeirão, Duarte Nogueira (PSDB).

Ele afirmou que o prazo era o possível em meio às dificuldades enfrentadas, mas que não hesitará se precisar adotar a mesma medida caso o cenário piore.

Apesar de protestos de comerciantes – houve quem manteve a porta de seu comércio aberta –, a medida teve apoio da Acirp (associação comercial). “A entidade defende o funcionamento do comércio, indústria e serviços, mas acima de tudo é a favor da vida e entende que, neste momento, não é possível pedir recuo das medidas, pois não podemos ser cúmplices das mortes que ocorrerão em caso de um colapso no sistema de saúde”, diz comunicado da entidade.


 *Com informações da Folha de S.Paulo

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