VALE OURO

Yanomamis denunciam: agentes da Saúde vacinam garimpeiros “em troca de ouro”

Yanomamis denunciam: agentes da Saúde vacinam garimpeiros “em troca de ouro”

Garimpeiros que atuam na ilegalidade estariam comprando doses de vacina e pelo menos dois agentes foram denunciados

Garimpeiros que atuam na ilegalidade estariam comprando doses de vacina e pelo menos dois agentes foram denunciados

Publicada há 2 anos

Vacinação na Terra Indígena Yanomami, em janeiro deste ano - Foto: Dsei Yanomami

Da Redação

Graves denúncias de irregularidades que põem em risco a imunização da população indígena estão acontecendo nas últimas semanas.

De acordo com lideranças no território, doses de vacina estariam sendo vendidas a garimpeiros, que pagam com ouro. Os invasores também estão sendo acusados de disseminar notícias falsas sobre a vacinação, repetindo um padrão já identificado em outras regiões do Brasil.

Segundo dados oficiais, menos da metade dos Yanomami e Ye'kwana maiores de 18 anos recebeu a segunda dose da vacina. Enquanto isso, autoridades do estado de Roraima pressionam para que parte das doses exclusivas dos indígenas seja desviada para não indígenas.

Em ofício encaminhado no início do mês ao Distrito Sanitário Especial Indígena que atua na área (DSEI-Yanomami), à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e ao Ministério Público, a Hutukara Associação Yanomami pede respostas urgentes a estas situações escandalosas.

No documento, a Hutukara pontua que, em janeiro, na região de Homoxi (uma das mais afetadas pelo garimpo), indígenas denunciaram que uma funcionária do DSEI-Y estaria aplicando doses em garimpeiros em troca de ouro. 

Uma liderança denunciou à organização que na comunidade de Uxiu um técnico de enfermagem havia levado as vacinas destinadas aos indígenas para um acampamento de garimpeiros nas proximidades.

“Essas informações são verdadeiras, passadas pelas lideranças desses locais. Nessas regiões é bem comum a troca de materiais por ouro, como remédios, e infelizmente, às vezes esses profissionais acabam se deixando levar”, lamenta o vice-presidente da Hutukara, Dario Kopenawa.

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