O exemplo de Mabel

O exemplo de Mabel

Ela desafiou a surdez e ajudou a revolucionar o mundo

Ela desafiou a surdez e ajudou a revolucionar o mundo

Publicada há 2 anos

MINUTINHO

A alma do mundo

Por: Charles Chaplin

Foto: Fundação Cineteca di Bologna

Já perdoei erros quase imperdoáveis, tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis.  

 Já fiz coisas por impulso, me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas, também decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger, dei risada quando não podia, fiz amigos eternos, amei e fui amado, mas, também já fui rejeitado. Já fui amado e não soube amar.

Já gritei e pulei de tanta felicidade, vivi de amor e fiz juras eternas, mas, “quebrei a cara” muitas vezes!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos, liguei só pra escutar uma voz, me apaixonei por um sorriso, pensei que fosse morrer de tanta saudade e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo!), mas, sobrevivi.

E ainda vivo!

Não passo pela vida e você também não deveria passar. Viva!

Bom mesmo é ir à luta com muita determinação e perseverança, abraçando a vida, ajudando nosso semelhante e vivendo com paixão, sabendo perder com classe e vencer com ousadia, pois, o triunfo pertence a quem vai à luta, se atreve e não desiste de seus sonhos. A vida é algo muito importante para ser insignificante.

CRÔNICA

O exemplo de Mabel

Por: Alex Cardoso de Melo

Mabel Hubbard era uma adorável menina de quatro anos quando teve um violento ataque de escarlatina e, repentinamente, tornou-se apática e calada. Alguns dias após este evento, a criança reclamou:

– Por que os pássaros não cantam? Por que vocês não falam comigo?

Aquelas perguntas cortaram o coração dos seus pais que, só então, perceberam que a enfermidade deixara sua filha completamente surda. Mas ela tinha uma vantagem sobre as demais crianças que nasciam surdas. Ela sabia falar. Como preservar isso, era o grande desafio para seus pais.

O diretor de uma escola para cegos, em Boston, lhes disse que eles poderiam preservar a fala da filha, desde que a obrigassem a falar sempre, que jamais aceitassem gestos. Que eles a ensinassem através da vibração.

Fizessem-na sentir a garganta ao falar, o ronronar do gato, o latido do cão, o piano e a ler o movimento dos lábios.

Assim foi, embora fosse doloroso por vezes não dar à criança o leite que apontava insistente. Não, até ela pedir:

– Quero leite.

Ou então fingirem que não estavam vendo seus gestos desesperados para ir passear, até que ela falasse:

– Quero ir passear. Quero sair.

Mabel Hubbard é considerada a "Mãe do Telefone". Foto: Domínio Público

Quatro anos depois, Mabel estava adaptada em todos os aspectos à vida normal. A professora que ensinava suas irmãs, a ela também o fez. Ela aprendeu a ler, escrever, soletrar.

A outra batalha que seus pais precisaram superar foi com o próprio Legislativo Estadual. Naquela época, as crianças surdas, ao atingirem dez anos de idade, eram simplesmente enviadas para asilos no Estado vizinho.

E o seu pai, advogado, começou a lutar para que se elaborassem leis para a criação de escolas para surdos. A própria Mabel foi levada frente a uma comissão, a fim de provar que crianças surdas tinham capacidade de aprendizado.

Um dos funcionários afirmou que a recuperação da fala pela criança surda custava muito mais do que compensaria ouvi-la falar. Além do que, concluía, mesmo que o surdo dissesse algumas poucas palavras, por maior que fosse o êxito atingido na articulação destas palavras, a sua inteligência continuaria sempre em trevas. 

Mabel conseguiu derrubar todas aquelas afirmações, demonstrando os seus conhecimentos de história, geografia, matemática, respondendo às questões que lhe foram formuladas e lendo de forma fluente. Nada jamais intimidou aquela menina. Ela fora criada numa família com muitos parentes.

Estava acostumada a viver em meio a muita gente.

Ao lhe perguntarem se era surda, ela olhou com espanto para sua professora e, intrigada, indagou:

– Senhorita, o que é uma criança surda?

Até então, não percebera que era diferente.

Essa criança se tornou mais tarde a esposa de um homem que desde sua meninice vivia às voltas com o som: Alexander Graham Bell.

Tornou-se uma pessoa única e excepcional. Era alegre, espirituosa, imensamente cativante. Durante quase cinquenta anos amparou e inspirou seu brilhante e excêntrico marido, o inventor do telefone.

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