Quanto vale a sua liberdade? E a de seus filhos? E da esposa?

Quanto vale a sua liberdade? E a de seus filhos? E da esposa?

A indagação feita por Ciro II, rei persa, após conquistar a Líbia

A indagação feita por Ciro II, rei persa, após conquistar a Líbia

Publicada há 2 anos

MINUTINHO

Os tormentos voluntários

Por: Fénelon

 O homem está incessantemente à procura da felicidade, que lhe escapa a todo instante, porque a felicidade sem mescla não existe na Terra. Entretanto, apesar das vicissitudes que formam o inevitável cortejo desta vida, dele poderia pelo menos gozar de uma felicidade relativa. Mas ele a procura nas coisas perecíveis, sujeitas às mesmas vicissitudes, ou seja, nos gozos materiais, em vez de buscá-la nos gozos da alma, que constituem uma antecipação das imperecíveis alegrias celestes. Em vez de buscar a paz do coração, única felicidade verdadeira neste mundo, ele procura com avidez tudo o que pode agitá-lo e perturbá-lo. E, coisa curiosa, parece criar de propósito os tormentos, que só a ele cabia evitar.

 Haverá maiores tormentos que os causados pela inveja e o ciúme? Para o invejoso e o ciumento não existe repouso: sofrem ambos de uma febre incessante. As posses alheias lhes causam insônias; os sucessos dos rivais lhes provocam vertigens; seu único interesse é o de eclipsar os outros; toda a sua alegria consiste em provocar, nos insensatos como eles, a cólera do ciúme. Pobres insensatos, com efeito, que não se lembram de que, talvez amanhã, tenham de deixar todas as futilidades, cuja cobiça lhes envenena a vida! Não é a eles que se aplicam estas palavras: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados”, pois os seus cuidados não têm compensação no céu.

Quantos tormentos, pelo contrário, consegue evitar aquele que sabe contentar-se com o que possui, que vê sem inveja o que não lhe pertence, que não procura parecer mais do que é! Está sempre rico, pois, se olha para baixo, em vez de olhar para cima de si mesmo, vê sempre os que possuem menos do que ele. Está sempre calmo, porque não inventa necessidades absurdas, e a calma em meio das tormentas da vida não será uma felicidade?

CRÔNICA

Quanto vale a liberdade?

Por: Redação do Momento Espírita

O grande rei dos persas, Ciro II, durante uma de suas campanhas guerreiras, dominou o exército da Líbia e aprisionou um príncipe.

Levado à presença do conquistador, ajoelhou-se perante ele o príncipe, e assim também os seus filhos e sua esposa. Os soldados vencedores, os generais da batalha, ministros e toda uma corte se juntaram para tomar conhecimento da sentença real.

O rei persa coçou o queixo, olhou longamente para aquela família à sua frente, à espera de sua decisão e perguntou ao nobre pai de família:

- Se eu te disser que te concederei a liberdade, o que poderias me oferecer em troca?

Rapidamente respondeu o prisioneiro:

- Metade do meu reino.

Ciro continuou, paciente, a interrogar:

- E se eu te oferecer a liberdade dos teus filhos, que me darás?

Ainda rápido, tornou a responder: A outra metade do meu reino.

Ainda calmo, o conquistador lhe lançou a terceira pergunta:

- E o que me darás, então, em troca da vida de tua esposa?

O príncipe sentiu o coração pulsar rapidamente no peito, parecendo arrebentar a musculatura. O sangue lhe subiu ao rosto, as pernas fraquejaram.

Reconhecia que, no anseio da liberdade dos seus, tinha oferecido tudo, sem se recordar da companheira de tantos anos, sua esposa e mãe dos seus filhos.

Foi só um momento mas para todos pareceu uma eternidade. Um sussurro crescente tomou conta do ambiente, pois cada qual ficou a imaginar o que faria agora o vencido.

Após aquele momento fugaz, ele tornou a erguer a cabeça e com voz firme, clara, que ressoou em todo o salão, disse:

- Alteza, entrego a mim mesmo pela liberdade de minha esposa.

O grande rei ficou surpreso com a resposta e decidiu conceder a liberdade para toda a família.

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