ARTIGO

Livre-arbítrio

Livre-arbítrio

Por Carlos Eduardo Maia de Oliveira

Por Carlos Eduardo Maia de Oliveira

Publicada há 1 ano

"A Criação de Adão", de Michelangelo Buonarroti

Por volta do ano de 1511, ao terminar o afresco “A Criação de Adão” no teto da capela Sistina, o artista Michelangelo Buonarroti retificou a famosa imagem de Adão quase tocando no dedo de Deus a pedido dos cardeais do santuário, curadores do empreendimento.

Na pintura original Adão tocava no dedo de Deus, porém, os contratantes da tarefa pediram ao gênio italiano da pintura e da escultura para retocar e deixar os dedos quase se tocando. Por quê? Para simbolizar o livre-arbítrio concedido por Deus ao homem, ou seja, o homem se dirige a Deus de forma espontânea, caso não queira, pode trilhar outro caminho. 

Essa versão circulou nas redes sociais e foram publicadas matérias em blogs e divulgados vídeos com explicação de supostos especialistas em obras de arte.

No entanto, há controvérsias sobre a veracidade desta história e a interpretação mais aceita da obra foi a de que Michelangelo retratou o exato momento em que Deus estava prestes a conceder a vida ao homem ao quase tocar o seu dedo de criador no de Adão.

Controvérsias à parte, bem que poderia ser verdade esta versão, pois exercer o livre-arbítrio é ter a liberdade genuína e espontânea nas decisões. 

Exercer o livre-arbítrio é escolher o caminho ouvindo aquele sussurro nos ouvidos que surge nestes momentos e, levando-se em consideração que Deus detém infinita sabedoria, ele nunca deixaria o homem tomar a decisão de se aproximar dele senão de própria vontade, senão pela vontade do coração, da alma. Não seria autêntico.

A propósito! Nos caminhos da vida surgem encruzilhadas e com elas o livre-arbítrio para escolher qual direção seguir. Pegar o bastão das mãos dos nossos pais e seguir os bons exemplos, ou não, perceber o dom recebido para desempenhar um ofício, identificar a pessoa que irá dividir as alegrias e as agruras até o fim, proporcionar bons exemplos aos filhos, ou não, e até mesmo escolher o caminho do bem ou do mal, da retidão ou da injustiça.  

Ah, o livre-arbítrio! Irmão da liberdade e enamorado da autenticidade. Ele é tão justo que se acertarmos na decisão colhemos os frutos, se errarmos, podemos aprender as lições. Por isso, com honestidade, não se deve transferir responsabilidades pelos próprios erros quando a ampla liberdade de escolha nos foi permitida. 

Necessário para exercer a vontade do coração, ou da alma, o livre-arbítrio nos convida a abraçar a humildade e a reconhecer o caminho errado tomado lá atrás. Desta forma, evoluímos sempre, principalmente com os erros. 

Ah! Bem que Michelangelo poderia ter lembrado do livre-arbítrio ao criar aquela obra. Este simbolismo, com o perdão do trocadilho, cai como uma luva nos dedos de Deus e de Adão.

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