'Só mais cinco minutos'

'Só mais cinco minutos'

Uma crônica sobre um pai, uma criança, a bicicleta e o tempo

Uma crônica sobre um pai, uma criança, a bicicleta e o tempo

Publicada há 1 ano

MINUTINHO

Vida feliz

Por: Joana de Ângelis/Divaldo Franco

A cobiça dos bens alheios é um mal que se generaliza. 

Lentamente, as pessoas se apresentam insatisfeitas, cobiçando os pertences que não possuem e de que não têm real necessidade. Se cada um bastar-se com os recursos de que dispõe, a vida se tornaria mais rica de beleza e de experiências. 

Há uma falsa proposta de felicidade muito propalada nestes dias, que chamaremos a posse mesmista. Todo mundo deseja as mesmas coisas que o próximo possui, e a imitação das fantasias e quimeras produzidas pela imaginação passou a ser meta a alcançar-se. Quem não consegue o mesmismo, considera-se rejeitado, infeliz. 

Não cobices nada de ninguém. Realiza-te em ti mesmo e frui de paz.

CRÔNICA

Só mais cinco minutos

Por: Autoria desconhecida

Num parque, perto de um playground, uma mulher sentou-se em um banco, ao lado de um homem, pondo-se a afirmar:

- Aquele logo ali é meu filho - disse apontando para um pequeno menino usando um suéter vermelho e que brincava no escorregador.

- É sem dúvida um bonito garoto – respondeu o homem, completando – aquela, usando vestido branco, pedalando sua bicicleta, é minha filha.

Então, olhando o relógio, o homem levantou-se e gritou para a sua filha:

- Melissa, já está ficando tarde. O que você acha de irmos?

E a pequena respondeu, suplicando:

- Mais cinco minutos, pai. Por favor! Só mais cinco minutos!

O homem balançou a cabeça concordando e menina continuou pedalando sua bicicleta, cheia de alegria em seu coração. 

Imagem: ilustração. Fonte: Reprodução

Os minutos se passaram (muito mais que cinco), até que o pai levantou-se e novamente chamou sua filha:

- Hora de ir agora, filhinha?

Outra vez Melissa pediu:

- Mais cinco minutos, pai. Só mais cinco minutinhos!

O homem sorriu e disse:

- Está bem! Então está certo!

Vendo a situação, a mulher ainda ao seu lado, não resistiu e comentou:

- O senhor é certamente um pai muito paciente pelo que posso ver!

O homem sorriu, virou-se e disse:

- Talvez sim, mas o certo é que o irmão mais velho dela se chamava André e faleceu, no finalzinho do ano passado, atropelado por um motorista bêbado, enquanto brincava em sua bicicleta perto daqui. Eu nunca tive muito tempo e não passei muitas horas com ele. Hoje eu daria qualquer coisa da minha vida por apenas mais cinco minutos com ele. Então eu prometi não cometer o mesmo erro com Melissa. Ela acha que tem mais cinco minutos para brincar. Na verdade, eu é que tenho mais cinco minutos para ficar com ela.

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