Costuma-se definir envelhecimento como um conjunto de transformações ocorridas com o avançar da idade. Na verdade, o ser humano começa a envelhecer a partir do momento em que nasce, e o envelhecimento marca um processo inverso no desenvolvimento humano. Se a infância representa a evolução, a senescência caracteriza a involução.
As capacidades funcionais e as aptidões tendem, gradualmente, a declinar na fase adulta, e esse declínio atinge seu ápice no envelhecer. Para Campos[i], o envelhecimento é marcado por perdas: perda de capacidades funcionais dos órgãos e sistemas orgânicos, de adaptação a situações de estresse, de habilidades para executar tarefas do cotidiano. Esse fenômeno é universal, progressivo, irreversível e, na maioria das vezes, resulta em aumento da mortalidade e maior probabilidade de doenças. Todavia, uma alimentação balanceada, a prática regular de exercícios físicos, o viver em um ambiente saudável, a inserção da pessoa idosa em um ambiente social estimulante a desempenhar atividades permitidas pelas naturais limitações à idade tornam possível uma subversão desses conceitos e proporcionam aumentar a longevidade, “driblando” doenças e algumas “limitações”.
Em pessoas mais jovens, o vigor da juventude é responsável pelos processos cognitivos e pela fluidez com que ocorrem. Nessa fase, a cognição proporciona maior agilidade, quer nos aspectos psicoemocionais, quer nos aspectos físico-biológicos.
Em contraposição, na velhice, ou com o avançar da idade, o indivíduo perde essa agilidade, e se evidencia o declínio das atividades funcionais (aquelas relacionadas ao desempenho das funções de órgãos). A atenção e a memória se tornam mais lentas, e os comprometimentos provocados por essa redução na agilidade interferem no processo de aquisição de conhecimentos. Isso significa que, na adolescência e juventude, o indivíduo está mais propenso à aquisição de conhecimentos e ao desenvolvimento de habilidades cognitivas.
Os comportamentos da pessoa idosa também contribuem negativamente para seu desempenho no âmbito da cognição: é comum ver a pessoa idosa distanciar-se do convívio social e familiar, isolar-se, contrair depressão e estresse, aumentar indevidamente o uso de medicamentos e ter acentuados os problemas de ordem emocional e nutricional.
Diante do comprometimento intelectual do idoso, é necessário que reaja e desempenhe atividades em que possam ser trabalhadas suas habilidades perceptivas e de memória. Essas atividades agem como estímulos diretivos na aquisição de conhecimentos e desenvolvimento ou manutenção de habilidades nos indivíduos da terceira idade, de forma que eles não só consigam restabelecer competências cognitivas supostamente perdidas, como recuperar e superar limites anteriores[i].
A pessoa idosa tende a apresentar limitações psicológicas, físicas e neurológicas, principalmente em virtude da perda da vitalidade orgânica. É importante que se tenha melhor compreensão dos ritmos que essa “nova” idade traz, das fragilidades e limitações cognitivas próprias desse estágio da vida. É preciso que se entenda que o idoso deve ser contemplado com uma atenção especial, com intervenções direcionadas objetivamente e ser integrado ao processo de aprendizagem, em diferentes contextualizações socioculturais formais ou não formais. É necessário que se tenha, sobretudo, um olhar não de comiseração para o idoso, mas um olhar de carinho e atenção à pessoa que, após tantos anos idos e vividos, ainda pode externar plena humanidade, potencialidades e um alcance superior ao entendimento da vida, conjugando existir, sensibilidade, emoções plenamente sentidas e planos superiores de sentido ao existir.