Na Curva do Rio

São Pedro, o nosso padroeiro

São Pedro, o nosso padroeiro

Por Chico Piranha

Por Chico Piranha

Publicada há 7 anos

Na próxima quarta feira, dia 29, comemoramos o Dia de São Pedro, o padroeiro dos pescadores. Porque escolheram o Pedrão como nosso padroeiro, juro que não faço a menor ideia. Só desconfio um tiquinho. Mas o importante é ter fé e saber que São Pedro sempre vive nos protegendo e nos livrando das encrencas. E quando a gente for pro beleléu, graças a Deus é o nosso padroeiro quem tem a chave da porta do Céu.   


Por conta disso, hoje nós vamos falar da vida dura do pescador, essa vida marvada que a gente leva. Quem pensa que vida de pescador é moleza, tá redondamente enganado. Por exemplo, pescador que nunca levou carreirão de vaca braba, picada de marimbondo e susto de “zóio pelado”, não existe. Se existir, e nunca passou por uma gelada dessas, só pode ser pescador daqueles que ficam no sofá vendo os programas de pesca da TV ou passando o dia no pesque pague e olhe lá!  

 

To falando aqui dos cabras-machos, que sapecam um engasga-gato goela abaixo e que encaram as braburas da santa Mãe Natureza com a cara e a coragem, desentortando troncos de aroeira com as canelas, levando talhos de navalha-de-macaco, caindo em buracos que vivem andando pelas trilhas, dando de cara com bicho brabo,quando não, caindo ribanceira abaixo, rolando igual uma jaca largada...

Vida de pescador não é fácil, não.  


A encrenca sempre é grande e nunca tem moleza. O amigo que vive pelos brejos da vida, sabe do que eu to falando. Sofre como um condenado no cabo do enxadão, cavucando a terra e virando o mundo do avesso, caçando minhoca igual campear agulha em palheiro. Vive arriscando a pele caminhando quilometros com a água pela cintura, passando arrastão escondido, coando a água do rio inteiro atrás de meia dúzia de iscas vivas. Isso não é gostar de aventura, não é paixão pela pesca, acho que é sofrência mesmo.  


E prá variar esse trem não tem cura e nem explicação. E pior, a coisa pega e gruda maisque mandinga de sogra encrenqueira. 


Quando o infeliz não torra o cangote e a moleira o dia inteiro debaixo de um sol de rachar mamona, em cima de um barco de alumínio em brasa, sem um gole d’água,sem um cigarrinho prá espantar a mosquitada, acaba caminhando quilômetros atrás dos tucunarés, que somem no mundão de água esparramada prá tudo que é canto. Se o caboclo não tiver fé, acaba desacorçoando.


Então, quando anoitece sempre acontece o pior, porque andando ou remando distraído,perde o prumo e o rumo na escuridão das noites, passando frio, tomando chuva no lombo, batendo o queixo e até tomando susto de assombração. Fora outras encrencas e confusões, que é melhor nem contar aqui... 


Porisso que pescador não é de contar muita história. E mesmo assim tem gente que acha que a gente vive contando lorota, aumentando os causos, o tamanho dos peixes e passando na peixaria. Pensando bem, até que dá prá entender porque ascomadres não gostam de pescaria. Muitas, mas muitas delas, detestam, odeiampescarias. Quer saber duma coisa...?Elas é que tão certas. Elas são muito maisespertas e sabidas que todos nós juntos. Quer saber de outra coisa....? Vamos parar por aqui, porque em boca fechada não entra mosquito.

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