BENEFÍCIO A SE

Crimes na região são cometidos por detentos de 'saidinha temporária'

Crimes na região são cometidos por detentos de 'saidinha temporária'

Suspeito de matar o delegado também estava em liberdade por causa da saidinha de meio do ano

Suspeito de matar o delegado também estava em liberdade por causa da saidinha de meio do ano

Publicada há 7 anos

Da Redação 


Quatro crimes cometidos nos últimos três dias na região noroeste paulista foram cometidos por detentos que estavam livres por causa da 'saída temporária' da cadeia. A saída é lei e qualquer preso que cumprir todas as exigências tem o direito da saída em feriados ou perto deles.


Em um dos casos, duas mulheres foram feitas reféns dentro da própria casa, em um bairro de Mirassol. Os três assaltantes só não esperavam que em uma edícula, nos fundos da residência, tinham outras pessoas que chamaram a polícia.  “Perceberam que a casa estava fragilizada porque tinha uma moça limpando a calçada, então renderam a vítima”, afirma o sargento Renato de Oliveira Martins.


No fim de semana, outras duas mulheres também viveram momentos de terror em Rio Preto. Os ladrões que invadiram a casa amarraram as vítimas e fizeram ameaças. “Falavam para não reagir que não iam machucar, com a arma apontada para minha mãe”, diz a vítima que não quis se identificar.


Os ladrões fugiram com cerca de R$ 3 mil, aparelhos eletrônicos e celulares. A dupla foi presa duas horas depois do roubo em outra casa onde havia mais sete suspeitos. Dois deles estavam soltos porque foram beneficiados pela saidinha temporária. “Maioria se conheceu no mundo das penitenciárias e lá eles combinam de praticar os crimes violentos nas saídas temporárias, e depois retornam e os crimes passam ser difíceis de serem investigados”, diz o delegado Éder Galavotti.


Em Catanduva, um filho matou a mãe a facadas. O suspeito tinha deixado o presídio pelo mesmo benefício,  o da saída temporária. 


Ainda no fim de semana, o delegado chefe da unidade de inteligência do Deinter 5 de São José do Rio Preto foi morto a tiros. Guerino Solfa Neto, de 43 anos, tinha acabado de sair de uma festa numa chácara.


O suspeito de ter cometido o crime também estava em liberdade por causa da saidinha de meio do ano. Ele continua foragido e tem várias passagens pela polícia por furto qualificado, roubo e incêndio, todos na grande São Paulo. “Nada pode ser descartado. O que temos de concreto é um latrocínio, que ele foi morto e roubado”, diz o delegado Raymundo Cortizo.


Segundo os juristas a lei precisa ser cumprida, mas isso não significa que essa lei não deva ser questionada. Somente nessa última saída temporária,  1.307 mil homens deixaram o CPP de Rio Preto. O promotor de Justiça aposentado Antônio Baldin defende uma avaliação melhor dos detentos, antes deles saírem às ruas. “O preso não é avaliado subjetivamente e sem que haja avaliação ele é colocado no meio da sociedade, como um teste, e aí temos estes dessabores que enfrentamos diariamente. É vital que se avalie a personalidade do preso, da forma que é feita não pode continuar”, diz Baldin.


Em nota, a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) diz que a saída temporária é um benefício previsto na Lei de Execuções Penais e depende de autorização judicial. Os condenados que cumprem pena em regime semiaberto, de bom comportamento, poderão obter autorização para saída temporária do estabelecimento, por prazo não superior a sete dias, em até cinco vezes ao ano.

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