Na Curva do Rio

Peso na consciência

Peso na consciência

Por Chico Piranha

Por Chico Piranha

Publicada há 7 anos



Dia desses, encontrei meus velhos amigos Mário Bortoluzzo e o Maurílio Brassalotti, e pra variar a nossa conversa acabou descambando para as memoráveis pescarias no velho e bom Rio Grande, na época da lendária “Cachoeira dos Índios”, que acabou desaparecendo com a construção da usina hidrelétrica de Água Vermelha.


O Mário contou que junto com o Maurílio e mais alguns amigos, costumavam armar anzóis de galho, usando piaus como iscas para a pesca de dourados e pintados. Numa dessas pescarias, conta o Mário, armaram três anzóis de galho em uma árvore e como sempre, tudo feito com o maior capricho.  Mais tarde, chegou um grupo de pescadores aqui de Fernandópolis e eles também armaram alguns desses anzóis nas proximidades.


No dia seguinte, clareando o dia, ao percorrer os anzóis armados, o Mário notou que na tal árvore só havia dois anzóis e nenhum peixe fisgado. Um desses anzóis especiais havia desaparecido “misteriosamente”. Lógico que ele desconfiou dos “vizinhos” de pescaria. Afinal, alguém havia “surrupiado’ o terceiro anzol, e como no local só estavam as duas turmas, quem poderia ter sido o autor do furto?

Como não havia provas, e o Mário sempre foi um sujeito de boa paz, quando estava de saída, bastante aborrecido comentou o fato com um conhecido da outra turma, e disse que quem havia feito aquilo, com certeza ia ficar com um “peso na consciência”.


Dias depois, aqui na cidade, aquele conhecido da outra turma foi até sua loja, a Cinderela Calçados, que ficava na Rua Brasil, defronte o antigo banco Comind. Com a consciência pesada, o sujeito contou que fulano de tal havia “recolhido” o terceiro anzol, onde havia um pintado de uns 12 quilos.


--- “Eu disse a ele prá não fazer aquilo, mas você sabe como ele é espertão e malandrão. Mas você pode ficar tranquilo, viu Mário. Eu vou te mandar o anzol de galho e um pintado igualzinho aquele que o fulano garfou”, garantiu o conhecido.

Até ontem à noite no fechamento desta edição, o Mário confirmava que ainda não havia recebido nem o anzol e muito menos o tal pintado prometido. Como o Maurílio é contador, pegou uma calculadora e andou fazendo umas contas e chegou a seguinte conclusão: “como lá se vão uns quarenta e tantos anos, hoje se o Mário resolver cobrar juro de só um por cento ao ano, essa dívida se torna impagável!”

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