Josanie Branco

Sentindo na pele

Sentindo na pele

Por Josanie Branco - Jornalista e Assistente Social

Por Josanie Branco - Jornalista e Assistente Social

Publicada há 7 anos

Pensando num tema para escrever meu artigo, logo veio a minha mente uma data que é comemorada hoje, Dia Nacional de Luta da Pessoa com deficiência. Difícil seria falar nesse assunto sem citar Célia Fontes Mafra, a mulher que mais lutou pela inclusão social dos deficientes, uma guerreira, que mesmo por muitas vezes não sendo compreendida, ou tendo seus pedidos e anseios atendidos, nunca, em momento algum, deixou de lutar com bravura pelas pessoas com deficiência.

Célia não está mais entre nós, partiu no último domingo, em meio a muita tristeza, comoção e dor, mas deixou um legado de conquistas em prol aos deficientes de Fernandópolis e região e certamente a ADVF (Associação dos Deficientes Visuais de Fernandópolis), entidade que ela um dia fundou e tanto lutou para seu crescimento, continuará galgando por benefícios em prol dos seus assistidos.

Confesso que sempre admirei Célia Mafra, no início também integrei a diretoria da ADVF e pude de perto conhecer seu trabalho, ver a sua luta e determinação, desta forma buscava apoia-la e ajudar através da divulgação dos seus projetos e conquistas.


Como a maioria das pessoas, eu conhecia e sabia de sua batalha, mas foi só no início desse ano, que pude sentir na pele a real luta e as grandes dificuldades enfrentadas por uma pessoa com deficiência.


Para minha tristeza e de minha família, meu pai, minha maior referência de honestidade e caráter, se adoentou gravemente e precisou ser submetido a diversas cirurgias, que resultaram na amputação de parte da sua perna direita. A princípio, um misto de sentimentos tomou conta de mim, primeiro um alívio de gratidão, afinal meu pai havia vencido um turbilhão de acontecimentos e permanecia firme, mas por outro lado a dor de ver aquele homem trabalhador e que tanto gostava de jogar bola e de sair com a família, que não poderia mais voltar a sua rotina, ou pelo menos por enquanto.


A partir daquele dia vi meu pai em uma cadeira de rodas, limitado, dependente e com um olhar triste e cheio de dor, foi ali que passamos a conhecer de perto e vivenciar em nossa rotina as dificuldades que um deficiente passa, e não bastasse a limitação recente, há menos de dois meses meu pai se adoeceu novamente, desta vez, sendo vítima de dois AVCs, deixando-o ainda mais fragilizado.

Após essa série de acontecimentos indesejados, tornei-me mais questionadora, observadora, passei a cobrar os direitos que são dignamente dados, mas muitas vezes não cumpridos, às pessoas com deficiência, seja ela permanente ou eventual.


Hoje, sei que como sociedade, como cidadãos de bem, temos que fazer nossa parte, garantindo direitos iguais e a inclusão de todos.


Mediante a nossa pequinês,  precisamos entender que não temos o controle de nossas vidas, que somos limitados, mas que unindo forças e olhando com amor e ternura o nosso semelhante, caminharemos juntos por uma vida melhor a todos. Hoje entendo e admiro ainda mais essa guerreira Célia Mafra, que lutou bravamente pelo seu filho e por todos os deficientes de nossa cidade e região.


Agora quanto ao meu pai, creio que muito em breve ele estará bem, que essa luta é passageira e que logo daremos o brado da vitória. Enquanto isso não acontece, vamos amando e cuidando dele intensamente, crendo que o Senhor está no controle de todas as coisas.


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