DESVIOS DE RECU

Investigação sobre fraudes inclui contratos do HC de Fernandópolis

Investigação sobre fraudes inclui contratos do HC de Fernandópolis

Fraudes superam R$ 500 mil; Com apoio da direção geral do Hospital de Câncer de Barretos, funcionários que fraudavam contratos em Jales foram identificados pela Polícia Federal

Fraudes superam R$ 500 mil; Com apoio da direção geral do Hospital de Câncer de Barretos, funcionários que fraudavam contratos em Jales foram identificados pela Polícia Federal

Publicada há 7 anos


Junto à documentação sob investigação, apreendida pela Polícia Federal na unidade do HC de Jales, uma pasta de arquivo está identificada como “Contrato de Fernandópolis”



Por João Leonel


Policiais federais, juntamente com uma equipe da administração geral do Hospital de Câncer de Barretos, realizaram na manhã desta terça-feira (20), buscas de documentos e diligências para obtenção de informações na unidade do Hospital de Câncer em Jales. O presidente da Fundação Pio XII, Henrique Prata, acompanhou pessoalmente a ação da Polícia Federal, que, com o apoio da direção do HC de Barretos, descobriu um esquema de desvios de recursos na unidade jalesense, praticado por alguns funcionários, entre eles, o administrador da unidade de Jales, R.M.D.. Até o momento, aproximadamente R$ 500 mil em pagamentos de contratos de prestação de serviços são suspeitos e estão sendo investigados. A PF acredita que o valor total desviado seja ainda maior e analisará farta documentação, recolhida nesta terça com os investigados. Uma auditoria interna será realizada para passar um “pente-fino” em diversos contratos, incluindo contratos ligados à unidade do Hospital de Câncer de Fernandópolis, bem como em pagamentos da folha salarial dos últimos anos em apoio às investigações. Após a apuração das fraudes, a PF atuará no sentido de possibilitar a devolução ao Hospital de Câncer dos valores desviados no esquema mediante bloqueio de bens e valores em nome dos dos culpados. Dois investigados, o administrador R.M.D. e G.B., foram demitidos por justa causa por Henrique Prata porque firmaram contratos que não poderiam ter sido assinados sem a autorização da direção principal do HC, que fica em Barretos. Outros funcionários estão afastados até a conclusão das investigações. A PF ressalta que o Hospital de Câncer de Barretos, unidade de Jales, foi vítima do esquema e não é investigado. Um inquérito policial instaurado pela PF apura os desvios de recursos da instituição, que atende gratuitamente pacientes com câncer de todo o país, e os funcionários sob suspeita poderão ser enquadrados por associação criminosa e estelionato, além de outros delitos que ainda dependem de investigações complementares, já em curso.



Delegado Cristiano Pádua detalha os crimes


 Delegado da PF, Cristiano Pádua


Em entrevista aos radialistas João Luiz Garcia e Claudinei Antônio, da Rádio Antena 102 FM, de Jales, o delegado da Polícia Federal, Cristiano Pádua, contou detalhes dos crimes cometidos. “Contamos com o apoio irrestrito da direção do HC de Barretos, do Henrique Prata inclusive, que assim que ficou ciente da situação, de imediato, liberou o acesso a todo o sistema de arquivos, folha de pagamento e documentação de importância para a investigação, e nos autorizou a realizar buscas de contratos e documentos. Dois funcionários (R.M.D. e G.B.) foram demitidos por justa causa, e outros foram afastados, nos dando total tranquilidade para apurar a participação de cada um deles nos esquemas fraudulentos. O que a gente já tem comprovado é que alguns contratos foram firmados entre o administrador da unidade de Jales e um funcionário subordinado a ele, sendo criadas empresas de transporte, casuisticamente, para atender, em tese, uma necessidade do hospital, de realizar transporte, mas está evidente que, primeiro, o endereço das empresas é do próprio funcionário subordinado ao administrador, da residência dele, na cidade de Jales; o único cliente dessas empresas seria o Hospital de Câncer; durante grande parte do contrato essas empresas de transporte nem mesmo tinham veículos registrados em seu nome; e o principal, foi realizado um documento, denominado termo de uso, mas que é um contrato, muito mal feito, que não passou pelo jurídico em Barretos, que conta com três advogados para analisar os termos dos contratos firmados, e foi feito esse documento entre o administrador e esse funcionário e, depois, literalmente, colocado na gaveta, nem mesmo foi comunicado à direção do hospital em Barretos, ou seja, é uma fraude. Durante dois anos e meio já foram pagos R$ 500 mil sem o conhecimento da direção em Barretos. Estamos identificando outros contratos que já foram pagos, ou que estão sendo pagos, sem que a direção tenha conhecimento. Muitas vezes eram criadas necessidades que realmente não existiam, como um contrato localizado durante as buscas (nesta terça-feira) firmado com outro funcionário, do setor de T.I. (Tecnologia da Informação), que criou uma empresa e já prestou serviço de consultoria na área de T.I. ao hospital, sendo ele, ao mesmo tempo, empregado e consultor do hospital. Qualquer pessoa leiga vê que isso é, no mínimo, estranho. E tudo feito sem orçamento para demonstrar a questão de cotação de preços nem acompanhamento para confirmar se esses serviços, de fato, estavam sendo prestados. Esses contratos foram assinados pelo administrador da unidade de Jales, mas ele não tem autorização, autonomia, ele não está habilitado para fazer isso sem o conhecimento do jurídico e da direção do Hospital de Câncer”, esclareceu Cristiano Pádua. Outros contratos já estão sendo analisados e novas fraudes devem ser descobertas com o desenrolar das investigações.



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