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“O esporte me ajudou a superar limites”,diz fernandopolense medalhista

“O esporte me ajudou a superar limites”,diz fernandopolense medalhista

Rogério vem se destacando na região como paratleta e almeja chegar às paralimpíadas

Rogério vem se destacando na região como paratleta e almeja chegar às paralimpíadas

Publicada há 7 anos



Por Josanie Branco 


No dicionário, a palavra superação é definida pela mudança de uma situação
ruim para uma situação boa; ultrapassando limites e progredindo. Com base nesta afirmação, conclui-se que superar é acreditar no querer e no poder. Não ficar focado nas fraquezas ou defeitos, mas pensar nas próprias forças e oportunidades,
sabendo usá-las da melhor maneira possível.


A palavra superação, sem dúvidas, é a que melhor define o jovem Rogério Souza dos Santos Júnior, 21 anos, que encontrou no esporte a inspiração
para viver e sonhar, acreditando em dias melhores. Vítima de uma paralisa desde
o seu nascimento, Rogério carrega consigo as sequelas da enfermidade, hoje bem
menos visíveis, traumáticas e dolorosas, pois mesmo com suas limitações, o jovem entendeu e aprendeu eu é possível ter uma vida normal, como de qualquer ser humano que almeja, luta e realiza grandes feitos.


Num bate papo com a equipe de redação deste “O Extra.net”, Rogério conta com detalhes sua história de vida, superação e a relação de amor e ‘dependência’ do o esporte.




EXTRA: Quando você conseguiu
entender a importância
do esporte para sua vida e
a ajuda na sua recuperação?
ROGÉRIO: Há cerca de dois
anos, quando eu lutava para
combater a obesidade, pois
estava muito acima do peso e
isso prejudicava minha saúde
e comprometia seriamente minha
autoestima, eu me sentia
excluído, sem motivação para
nada, foi quando em uma das
minhas sessões de reabilitação,
no Lucy Montoro, fui incentivado
pelo meu educador
físico, Jeferson Falchi, à prática
de atividades físicas. Através
do seu apoio comecei a
correr, o Jeferson me apresentou
para a equipe Afercan e eu
fui me sentindo cada dia melhor
com essa atividade, percebendo
que eu era capaz de
muitas coisas e aquilo me fazia
bem e me incentivava a cada
dia mais, até eu começar a
participar de provas de corrida
de rua. Foi tudo muito rápido
e em poucos meses eu já
colhia os bons frutos da minha
transformação de vida, já não
era mais aquele Rogério gordo
de 115 quilos e incapaz, mas
sim uma pessoa cheia de valores
e de um enorme potencial.


EXTRA: O que mudou na
sua vida depois da sua transformação
de hábitos?
ROGÉRIO: Mudou praticamente
tudo, hoje sou uma pessoa
mais disposta, a corrida
para mim se tornou um bom
vício, treino cerca de 4 a 6 horas
todos os dias. Faço academia,
natação e atletismo, antes
eu nunca havia pensado
na prática esportiva, mas hoje
para mim é um prazer, vejo o
quanto evolui e estou evoluindo
dia após dia. Sou muito feliz
com essa escolha, não me
vejo mais aquele rapaz obeso
e vítima de uma paralisa que
comprometia parte do corpo,
mas sim como um atleta que
adotou o esporte como prioridade
de vida e que, graças
a isso, tem se superado a cada
dia.


EXTRA: Quando você percebeu
que era a hora de começar
a participar de corridas?
ROGÉRIO: Foi tudo muito
rápido, não fazia muito tempo
que eu treinava e o Jeferson
sempre me incentivando,
até que ele me inscreveu em
competições. A primeira corrida
de rua que participei como
competidor foi em Meridiano,
8 KM, na categoria de 20 a 24
anos, conquistei o 3º lugar e,
desde então, não parei mais,
pois comecei a acreditar em
mim e ver que era possível eu
estar no pódio entre os destaques,
então fui intensificando
meus treinos.


EXTRA: Quantas competições
você já participou?
ROGÉRIO: Depois de Meridiano
já foram diversas participações
na categoria PNE (Portador de Necessidade Especial),
dentre elas a corrida
da TV TEM, Corrida do Rotary,
Corrida da Hazard. Jogos
Regionais de Araçatuba, final
Estadual dos Jogos Abertos
e Corrida da Acessibilidade.
Em todas essas competições
eu me sagrei como medalhista,
por algumas vezes com a
prata e as demais com o ouro.


EXTRA: Sua mais recente
participação no atletismo foi
nos Jogos Paralímpicos Universitários
em São Paulo. Como
foi essa experiência?
ROGÉRIO: Estávamos em
representantes de 17 estados
brasileiros e 158 atletas
no Centro de Treinamento
Paralímpico. Foi uma nova e
prazerosa experiência onde
conquistei duas medalhas de
prata, nas provas de 400 e 200
metros rasos. Fiquei muito feliz
pelos meus resultados e de
meus companheiros de equipe,
representando a Fundação
Educacional de Fernandópolis/
FEF. Voltei para casa
emocionado, lá foi possível
acompanhar de perto muitas
experiências de vida que certamente
contribuirão para o
meu amadurecimento e aprendizado.




EXTRA: A cada dia mais reconhecido
e respeitado como
atleta, o que você espera para
o novo ano?
ROGÉRIO: Continuar mantendo
meu foco para que eu
tenha qualidade na vida e na
prática esportiva, quero participar
de muitos campeonatos,
já estou me preparando
para isso. Minha primeira participação
do ano que vem será
em março, no Circuito CAIXA
e muitas outras competições
no decorrer do ano.


EXTRA: Para você, qual foi
a importância da sua família
nesse processo de recomeço
da sua vida?
ROGÉRIO: Foi fundamental
o apoio que recebi e continuo
tendo da minha família,
todos perceberam o quanto o
esporte mudou minha vida, eu

vivia triste, com a autoestima
sempre ruim e hoje me sinto
outra pessoa. Meus familiares
acompanharam de perto
toda essa evolução e vibram
comigo a cada conquista, eles
me veem hoje uma pessoa feliz
e isso me faz um bem enorme,
não só para minha saúde,
mas para o meu psicológico,
foi uma grande transformação
e eu agradeço a essa família
abençoada que sempre
esteve ao meu lado.
Também venho agradecer
publicamente a minha namorada
e amigos que sempre me
apoiam, em especial meu treinador
Jeferson, o André Campos,
a Daise Duran, da Secretaria
de Esportes, a Fátima e o
Humberto Cáfaro e aos meus
patrocinadores que me ajudaram
nessa competição, todas
pessoas maravilhosas que estão
do meu lado desde o início
dessa temporada, me fortalecendo
no atletismo.


EXTRA: Qual mensagem
você deixa para as pessoas
que, por algum motivo, são
desacreditadas em si mesmas
e perderam as forças para
lutar?
ROGÉRIO: Às vezes nós
mesmos somos os maiores
preconceituosos em relação
as nossas deficiências, hoje
eu entendo completamente isso.
Eu mesmo me inferiorizava
e me sentia menos que os
outros. Foi somente no dia que
eu passei a pensar diferente
que as coisas começaram a
mudar, hoje sei que posso todas
as coisas, mesmo eu tendo
algumas limitações, basta
que eu creia e lute para alcançar
o sonho que almejo. Nunca
subestime sua inteligência e
seu potencial, você pode muito,
Acredite nisso e seja um
vencedor, hoje eu sei que sou
um vencedor!








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