ENTREVISTA EXCL

“Estamos no caos”, declara André Pessuto

“Estamos no caos”, declara André Pessuto

“E não é somente um caos financeiro, por conta das dívidas, é também um caos pelo sucateamento da máquina administrativa”; é este o impacto inicial do prefeito de Fernandópolis, logo em su

“E não é somente um caos financeiro, por conta das dívidas, é também um caos pelo sucateamento da máquina administrativa”; é este o impacto inicial do prefeito de Fernandópolis, logo em su

Publicada há 7 anos

Por João Leonel 


"O Extra.net” traz, com exclusividade, as perspectivas sobre o futuro do município de Fernandópolis apresentadas pelo prefeito André Pessuto, em sua primeira semana no comando da Prefeitura. O impacto inicial do novo chefe do Executivo é assombroso: “Nosso município está um desastre, um verdadeiro caos”, disparou. No entanto, prefeito e equipe de secretários arregaçam as mangas e se debruçam em busca de alternativas e soluções para os problemas detectados. “Cheguei ao cargo de prefeito sabendo que enfrentaria muitos desafios, e não estou disposto somente a encará-los, sei que podemos superá-los. Tenho certeza de que farei Fernandópolis andar, nossa cidade não pode mais ficar do jeito que está”, assegura Pessuto. Acerca do corte de cargos comissionados, há um só objetivo: a economia de meio milhão de reais em seu primeiro ano de mandato com a folha de pagamento do funcionalismo.


Aliado à redução de salários, às exonerações em curso de servidores lotados em cargos comissionados, por indicação do prefeito, sem a necessidade de concurso público, Pessuto garante que cortará 50% dos atuais 186 cargos em comissão na Prefeitura. “E os cargos não serão preenchidos depois”, enfatiza, deixando claro que se trata de uma medida extrema, radical, mas fundamental para as finanças do município, além de seu caráter ético e moral. Sobre sua trajetória política até chegar, aos 40 anos, ao cargo eletivo de maior responsabilidade no município, foi direto: “Nunca me programei para ser prefeito em determinado momento da minha vida. É uma consequência natural”. Confira as ponderações e incisivas declarações do novo prefeito neste início de governo.


SEU CURRÍCULO


André Giovanni Pessuto Cândido, 40 anos de idade,é casado com Mara Cândido,com quem tem uma filha,Amanda. Formado em Administração de Empresas, com ‘MBA em Gestão Pública’, é músico, ‘baterista por formação’, e foi um dos integrantes da banda “Sr. Pestana’. Entrou na vida pública em 2004,quando iniciou alguns trabalhos na Secretaria Municipal da Cultura, e, pela primeira vez, foi candidato a vereador,quando era filiado ao PT - Partido dos Trabalhadores. Já em 2005, foi nomeado Secretário Municipal da Cultura, deixando o PT e se filiando ao PP,sendo apontado como um dos mais atuantes da gestão do então prefeito Ruy Okuma (in memoriam). Voltou a se candidatara vereador em 2008, sendo eleito como o vereador mais votado naquele ano, e um dos mais votados em toda a história de Fernandópolis. Foi reeleito em 2012, Legislatura que concluiu no cargo de presidente da Câmara, após ser eleito para o biênio 2015/2016. Além da política, André Pessuto também exerce várias funções de cunho social, em entidades assistenciais e clubes de serviço do município.Há anos é diretor da APAE, é membro do Rotary Club, foi um dos fundadores da Universidade da Terceira Idade,a ‘Unati’ de Fernandópolis, e ainda ocupa o cargo de diretor de relações públicas da Casa de Portugal.  


PRIMEIRO IMPACTO


“Um desastre total, um verdadeiro caos. E não é somente um caos financeiro, por conta das dívidas, que chegam a R$30 milhões, é também um caos pelo sucateamento da máquina administrativa. Neste primeiro momento, todos os nossos secretários estão observando muitos problemas. A cada dia temos uma notícia preocupante, ruim, que vai desde a estrutura física de alguns departamentos, de algumas Secretarias, até a condição de nossa frota de veículos, dos Ecopontos, do nosso Viveiro Municipal. Temos que reativar o Disk-Árvore, e vamos fechar um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público para sanear as áreas dos Ecopontos, próximo à Expô e próximo ao Caic (Bairro Bernardo Pessuto). Lá perto do Caic a área é da Prefeitura, e que não pode ser vendida, então, já que é uma ‘área de lazer’, vou atrás de uma parceria com a iniciativa privada, uma PPP, para revitalizar o local, através de permutas. A ideia é termos  somente um Ecoponto na cidade, onde teríamos o triturador de galhos e não deixaremos a situação chegar ao ponto que estamos vendo hoje. Na Escola Agrícola, a Melvin Jones, o mato estava alto, e a estrutura física lá está muito ruim. Já capinamos e vamos cuidar melhor das nossas escolas. Além do Ângelo Veiga, também contamos com o apoio do Professor Luiz Sergio Vanzela, e vamos investir no Meio Ambiente, principalmente para recuperar nossa condição de destaque, por exemplo, no Programa Município Verde--Azul. Mas, na verdade, esse mapeamento geral de toda as Secretarias da Administração Municipal será concluído dentro dos próximos 30 dias. E quando concluirmos esse nosso mapeamento, chamarei uma coletiva à Imprensa e tudo será divulgado, farei um comunicado público com toda a transparência necessária. Nada ficará sem uma satisfação para a população. Irei procurar os clubes de serviço, vou até os bairros para falar com as pessoas e mostrar a realidade de Fernandópolis."


Prefeito André Pessuto durante a entrevista exclusiva concedida no Paço Municipal esta semana:“Não vou ficar reclamando, tenho que trabalhar. Vou fazer Fernandópolis andar, tenho certeza disso”




MAIOR DESAFIO


“Sem dúvida é a Saúde. Há muitas reclamações em relação à Saúde Pública em Fernandópolis. Além dos problemas, há contratos que serão rescindidos, por exemplo, para a realização de ultrassom. Enquanto o Cisarf (Consórcio Intermunicipal de Saúde - Região de Fernandópolis) paga R$ 40,00 por exame, a Prefeitura paga R$ 120,00 para uma determinada empresa, pelo mesmo exame. Isso está sendo apurado, mas posso garantir que esse contrato será suspenso.”


E A SANTA CASA?


“É uma situação que não depende somente de nós, mas podemos contribuir para que a Santa Casa também supere suas dificuldades. Junto com os deputados Gilmar Gimenes e Fausto Pinato estamos agendando uma reunião como secretário da Saúde de São Paulo, David Uip, e também com o governador Geraldo Alckmin para tratar do assunto como prioridade."


DÍVIDAS, E NADA DE OBRAS


"A principal dívida que teremos que administrar, e talvez custe algum imóvel próprio da Prefeitura para isso, é com o IPREM (Instituto de Previdência Municipal). Essa dívida gira em torno de R$ 16 milhões, fora os parcelamentos, porque ainda não deu tempo para ser calculado o total dessa dívida a longo prazo. Temos parcelamentos de até 240 meses, com algumas parcelas já pagas, mas ainda estamos levantando tudo o que é a longo prazo. Além disso temos que resolver o sucateamento da máquina administrativa, em todos os setores. Observamos que na gestão passada estavam ocorrendo pedaladas fiscais há pelo menos dois meses sobre o patronal do IPREM, o que é um agravante. Falou-se muito, por muito tempo, durante 4 anos, das dívidas herdadas pela gestão passada. Tinha dívidas, com certeza, igual temos hoje. Mas também havia obras em andamento. Hoje, não temos obra nenhuma, só as dívidas. E a dívida com o IPREM pode suspender nosso CRP – Certificado de Regularidade Previdenciária, o que impedirá o município de firmar convênios e receber verbas dos governos federal e estadual. É uma situação gravíssima.”


SECRETARIADO


“Não entendo por que falam que resgatei secretários da época do ex-prefeito Luiz Vilar. Esses comentários surgiram logo após o anúncio de meu secretariado. Fernandópolis precisa olhar para frente, e é isso que busco, e sempre buscarei. Só para pontuar alguns nomes: José Cassadante, secretário de Gestão Pública, e o Luís Aielo, de Recursos Humanos, são ex-secretários municipais da gestão do nosso saudoso ex-prefeito Ruy Okuma. A Iraci Pinotti foi secretária da Cultura pela primeira vez com o também saudoso ex-prefeito Armando Farinazzo. Talvez dois dos secretários que escolhi, Flávia Resende e Ângelo Veiga, tenham passagem pelas administrações do Vilar. A Flávia com experiência em diversos cargos, na Drads, entre outros. E o Ângelo Veiga nem deveria ter saído da Secretaria do Meio Ambiente, porque é competente, e por isso está voltando. Contamos com dois secretários que trabalharam na gestão passada, por exemplo, o Rodrigo Ortunho, nosso Chefe de Gabinete (ex-secretário de Desenvolvimento Sustentável e que ocupou outros cargos com a ex-prefeita Ana Bim) e Sebastião Besteti, nomeado para a secretaria da Fazenda, que tem larga experiência na Prefeitura e foi mantido para o meu mandato. O que é bom, temos que elogiar, no caso dos secretários, temos que aproveitar a capacidade e a competência de cada um, de todos que se colocarem à disposição. No fundo, todos nós trabalhamos por Fernandópolis.”


O QUE VIU DE POSITIVO?


“Vejo o Horto Florestal como um projeto digno de ser elogiado. Uma obra importante. Mas é muito triste, porque é pouco para uma cidade como Fernandópolis. Como já disse: teremos que administrar uma enorme dívida e não temos nenhum projeto importante, nenhuma obra em andamento com reserva de caixa para sua execução. As instalações de várias Academias a Céu Aberto terão que ser revistas, para adequações urgentes. Agora, a outra área de lazer, ao lado da UPA, não tem cabimento ter sido inaugurada. Também passará por uma vistoria para melhorias e adequações.” 


QUAL A SAÍDA?


“É ser honesto com a população, jogar limpo, com transparência. Tem uma coisa: só vou falar das dívidas uma vez, só uma vez. Depois que tiver tudo contabilizado, o levantamento geral estiver pronto, falarei sim sobre as dívidas. Depois, iremos trabalhar, e trabalhar muito. Com o nosso orçamento atual, não resolveremos um terço dos problemas da cidade, mas vou fazer Fernandópolis andar, porque vim pra cá sabendo que enfrentaria muitos desafios, e não estou disposto somente a encará-los, sei que podemos superá-los. Tenho certeza de que farei Fernandópolis andar, nossa cidade não pode mais ficar do jeito que está. Temos uma importante parceria com dois deputados fernandopolenses, um estadual, Gilmar Gimenes, outro federal, Fausto Pinato. Eles serão fundamentais na busca de verbas, emendas e recursos juntos aos governos federal e estadual.”


CARGOS COMISSIONADOS


“Existem 186 cargos em comissão em toda a Prefeitura. O que foi, e está sendo feito, é a exoneração de comissionados.Todos os casos estão sendo analisados, mas já defini que trabalharei com apenas 50% desse total existente hoje. Os cargos em comissão com servidores exonerados não serão preenchidos futuramente. Isso tudo faz parte do nosso Projeto de Lei Complementar nº 01/2017, já aprovado na Câmara, que trata da estrutura organizacional da Prefeitura de Fernandópolis. As Secretarias de Gestão Pública e Planejamento, de Esporte e Cultura, e da Agricultura e do Meio Ambiente voltam a ser independentes entre si. Também reduzimos os salários de cargos em comissão, entre 10% e 20%, e estão extintas as gratificações para as funções de direção e de chefia de setor. É um primeiro passo.”


“Várias Secretarias estão sucateadas, nosso município está com graves problemas, a cada dia recebo uma notícia ruim”




últimas