EX-ALUNO DA FEF

Com paralisia cerebral, Samuel participará de prova de triathlon

Com paralisia cerebral, Samuel participará de prova de triathlon

“A energia que gasto é três ou quatro vezes maior de uma pessoa convencional, mas meu parâmetro é esse e sigo ele. Quero completar a prova em 3 horas”, destaca Samuel Bortolin

“A energia que gasto é três ou quatro vezes maior de uma pessoa convencional, mas meu parâmetro é esse e sigo ele. Quero completar a prova em 3 horas”, destaca Samuel Bortolin

Publicada há 7 anos

Por Breno Guarnieri 


 Quando bebê, a mãe dele ouvia que não era possível ele engatinhar. Depois, ele começou a ouvir dos médicos que não ficaria em pé sem apoio. “Andar? Só se acreditar em milagre”, todos diziam. Ele acreditou e resolveu treinar como fisiculturista. Disseram a ele que era loucura. Mas quando ele começou a correr, chegou ao máximo da loucura, pois poderia prejudicar o seu quadril e joelho. Sempre que escuta “coisas assim”, ele questiona: “Porque não podemos viver nossos sonhos e chegar ao máximo de autonomia?”. Aos 28 anos, o paratleta Samuel Bortolin, formado em Educação Física pela Fundação Educacional de Fernandópolis e em Direito (iniciou o curso na Universidade Brasil, mas se formou na Unorp – Rio Preto), se prepara para mais um grande desafio: uma prova de triathlon.


A deficiência de Samuel, natural de Barreiras/BA, atingiu os movimentos das duas pernas e de um braço. Os diagnósticos indicavam que ele não iria nem andar. Persistiu e deu seus primeiros passos apenas aos seis anos de idade. A partir daí, não existiram mais obstáculos na vida do jovem. Sempre fui motivado por desafios. Quando se tem uma deficiência dessa complexidade, um mínimo ganho é uma dádiva. Sempre trabalhei em longo prazo com os aspectos físicos. Hoje, tenho mais autonomia, mais agilidade para executar as tarefas do dia a dia. Mexe muito com a autoestima”, destacou. 


Como conseguiu andar, Samuel percebeu que também era possível correr e se tornar um paratleta. Hoje ele corre no mínimo cinco quilômetros por dia e participa de várias provas de 10 quilômetros. Sempre determinado a ter uma vida independente, ele está se preparando para uma prova de triatlon, a ser realizada no dia 23 de abril, em Brasília/DF.


“Acredito que serei pioneiro nesta modalidade que envolve natação, bicicleta e corrida. A energia que gasto é três ou quatro vezes maior de uma pessoa convencional, mas meu parâmetro é esse e sigo ele. Quero completar a prova em 3 horas”, destaca.


Treinos 

Além de correr e praticar ciclismo, Samuel também pratica natação, 750 metros na água pelo menos 3 vezes na semana. A disposição para tantos treinos vem da própria consciência, pois ele sabe que se parar com os exercícios a musculatura atrofia, e ele acaba perdendo os avanços que conquistou até hoje.


Papel do esporte 

De acordo com Samuel, que também é palestrante motivacional, cuja suas palestras são focadas em desenvolvimento pessoal, ministradas em escolas e empresas, o papel do esporte na reabilitação de pessoas com deficiência física é fundamental. “Na maioria dos casos (no meu também) é simplesmente conseguir algo a mais. Esse algo a mais pode ser coisa do tipo amarrar o sapato sozinho, vestir-se, enfim, tudo que envolve autonomia para mim. Tive muitos ganhos com fisioterapia e com o esporte. Recomendo para todas as pessoas, afinal, hoje temos uma grande diversidade esportiva. Acredito que a pessoa tem de fazer aquilo que ela gosta e se identifica, e eu amo o esporte”, finaliza. 


Atualmente, paratleta corre no mínimo cinco quilômetros por dia 




Samuel durante a participação em uma prova de corrida 




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