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FERNANDÓPOLIS 78 ANOS: 'ELES FAZEM PARTE DESSA HISTÓRIA'

FERNANDÓPOLIS 78 ANOS: 'ELES FAZEM PARTE DESSA HISTÓRIA'

Publicada há 6 anos

Por Josanie Branco 


Ana e Ventura Philippe uma relação de amor e cumplicidade com a cidade


Proprietários das “Casas Lisboa” mantêm comercio há mais de 70 anos


A união de Vila Pereira e Brasilândia também marcava o início de uma bonita e duradoura história de amor, que anos mais tarde começou a ser traçada. Ventura Philippe e Ana Fernandes ainda eram crianças quando chegaram à região, acompanhando seus pais. Ele fixou residência na Brasilândia, onde sua família, vindo de Mirassolândia, abriu um comércio  de secos e molhados, denominado “Casas Lisboa”, em  homenagem à terra natal do patriarca de Ventura. Já Ana, aos 07 anos de idade, se mudou com a família de imigrantes portugueses para a Vila Pereira, que era povoada há pouco mais de quatro anos. Com o passar do tempo, o destino se encarregou de unir os dois, que juntos viveram e ainda vivem uma vida de respeito, cumplicidade e companheirismo há quase 60 anos.


Em entrevista ao “O extra.net”, o simpático casal de idosos relembrou parte dessa história.


EXTRA: Como foi a chegada de vocês à região? O que encontraram por aqui?

ANA: Eu e minha família viemos de Portugal, nos mudamos para Barretos e depois Olímpia, meu pai era amigo do Joaquim Antonio Pereira e ele nos convidou para vir morar no sertão, ele queria povoar Vila Pereira, então aceitamos o convite e meu pai veio trabalhar na lavoura. Eu era bem pequena na época, mas ainda me lembro bem de tudo, nem igreja tinha na praça ainda. Somente anos depois as coisas foram mudando e com a junção das vilas o progresso foi chegando aos poucos na cidade.

VENTURA: Eu tinha 12 anos quando viemos morar na Brasilândia. Meu pai chegou primeiro e montou a venda “Casas Lisboa”, em seguida viemos eu, minha mãe e minhas duas irmãs. Depois que houve a união das vilas, percebemos que o lado de cá era melhor para o comércio, então decidimos fechar a loja da Brasilândia e montá-la na Rua Brasil, onde está até os dias atuais. Com o passar dos anos começamos a mudar o ritmo e os produtos vendidos. Aos poucos fomos ampliando a loja e com o crescimento da cidade nos adaptando, até optar pelo segmento de roupas e tecidos.


EXTRA: Como e quando vocês se conheceram?

ANA: Nossos pais eram amigos, embora pouco se vissem, pois tudo era muito longe, havia mata por todos os lados e chão de terra. Quando eu tinha 14 anos fui apresentada para o Ventura, que tinha 19. Pouco tempo depois estive na loja, onde apenas trabalhava ele e o pai, para pedir emprego e fui contratada para ficar no caixa, não demorou muito e já começamos a namorar.

VENTURA: A Ana era uma bela moça e logo fiquei encantado com o jeito dela. Naquela época as coisas eram bem diferentes de hoje, aos poucos começamos a nos conhecer, tudo sempre com muito respeito, e namoramos por cinco anos, nos casando em 1958. O nosso casamento foi um dos primeiros a ser realizado na Igreja Matriz, que ainda estava em fase de construção, fomos o décimo casal a subir no altar.      


EXTRA: A “Casas Lisboa” é um dos únicos comércios que sobreviveu ao longo dos anos e se consolidou como uma conceituada empresa da cidade. A que vocês atribuem essa permanência e sucesso?

ANA: Em 1970, após falecimento do meu sogro, nós assumimos a loja juntamente com meu cunhado. Aos poucos fomos ampliando, trabalhando sempre como muita seriedade e ética, acho que esses fatores foram fundamentais para manter a empresa forte até os dias atuais. Hoje não cuidamos mais da loja, há alguns anos entendemos que era hora de parar, então deixamos nosso filho ‘Carlinhos’ na administração da empresa, ao lado da sua esposa Valéria, mas o Ventura faz questão de passar com frequência para ver como andam as coisas e matar saudades da nossa rotina de longos anos.  

VENTURA: Temos uma extensa história com a “Casas Lisboa”. Por um tempo, quando desfizemos a sociedade com meus cunhados, eles ficaram aqui e nós assumimos a filial da loja em Santa Fé do Sul. Eu e a Ana ficamos por lá durante quatro anos, que considero ter sido os piores da minha vida. Eu não conseguia aceitar a ideia de deixar Fernandópolis, então vínhamos para cá todos os finais de semana, até decidirmos que não dava mais para viver assim e voltamos para cá, compramos a loja aqui de novo e reiniciamos nosso trabalho em Fernandópolis, de onde nunca devíamos ter saído.


EXTRA: Como é acompanhar de perto o progresso de Fernandópolis?

ANA: É muito gratificante ver aonde chegamos. Conhecemos uma vila sem absolutamente nada e hoje nos deparamos com uma bonita cidade, cheia de novas conquistas a cada dia. Fernandópolis cresceu muito, são muitos carros, muita gente e o desejo de muitas conquistas.

VENTURA: A união das vilas, o crescimento, a vinda de grandes empresas e o avanço da tecnologia, vimos de perto todos esses acontecimentos em Fernandópolis, pra mim a melhor cidade para se viver.


EXTRA: Após uma vida de muito trabalho e longas histórias para contar, a que vocês dedicam seus dias atualmente?

ANA: Eu gosto muito de participar de projetos sociais, sou voluntária da MEIMEI e toda semana me reúno para ajudar na entidade. Também gosto de ir ao teatro, quando tem uma boa peça, gosto de ler e sair com um grupo de amigas que nos reunimos mensalmente, já o Ventura é bastante caseiro.

VENTURA: Prefeito ficar em casa, não gosto de sair muito, então não opto para lugares de muitas festas e barulho. Tenho como hábito, como já foi dito, passar da loja sempre que posso, isso me faz bem.


EXTRA: A que vocês atribuem uma relação com quase 60 anos de casados e de trabalho, juntos?

ANA: Casamos para viver e envelhecer juntos, até o fim, e assim fazemos. É claro que temos nossas divergências, mas é preciso sabedoria para lidar com cada situação, ainda mais quando se trabalha junto, os problemas parecem que são vividos dentro do estabelecimento comercial, em casa e em todos os lugares, afinal estávamos sempre lado a lado, mas soubemos enfrentar isso e sair fortalecidos de cada novo aprendizado.

VENTURA: No casamento temos que aprender a ceder e reconhecer que nem sempre temos a razão sobre todas as coisas, desta forma  fomos construindo uma bonita e longa história de vida juntos.  


EXTRA: Para vocês, o que ainda falta em Fernandópolis?

ANA: Para mim Fernandópolis é uma excelente cidade para se viver, mas ainda falta a geração de empregos, novas indústrias e melhores oportunidades para todos. Acredito que com a união de força dos nossos políticos é possível trabalhar por essas melhorias.

VENTURA: Gosto tanto daqui que para mim não há muito que mudar, gosto de tudo o que há em Fernandópolis e que nossa cidade oferece.


EXTRA: Nesses 78 anos de fundação, o que a cidade representa para você?

ANA: Tudo, afinal aqui crescemos, constituímos família, tivemos nossos filhos, netos e daqui a poucos meses teremos nosso primeiro bisneto. Fernandópolis é nossa história de vida, crescemos juntos com a cidade e comemoramos cada uma de suas conquistas ao longo dos anos.

VENTURA: Fernandópolis é a cidade que escolhemos para viver e envelhecer, aqui quero estar até o fim dos meus dias, não me vejo em outro lugar. Essa cidade representa muito para mim e minha família, tudo o que conquistamos foi aqui e aqui queremos ficar.  



Ana e Ventura Philippe: juntos há quase seis décadas 







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