Apesar de parecer, o título deste texto não tem nada a ver com a máxima franciscana que reporta à caridade; refere-se ao “jeitinho” brasileiro de fazer política.
A votação na Câmara dos Deputados da denúncia do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, contra o atual mandatário da República, Michel Temer, pelo crime de corrupção passiva não chega a ter muitas novidades e comprova que a máxima que utilizo como título. Todos os presidentes da chamada Nova República (período da de nossa história que se inicia com a “redemocratização” do país, mais precisamente em 1985) se utilizaram desse expediente para aprovar seus projetos de poder. Não que anteriormente isso não ocorresse, mas eram outros tempos(?)....
O que fica mais aparente são as barganhas com as emendas parlamentares e com os cargos públicos. Em tempos de Lava-Jato está meio complicado, mas sempre se arranja uma forma de “ganhar uns troco”.
O que preocupa mesmo é o projeto de poder que “aselite” sempre consegue nos impor goela abaixo e nos enfiar pelo cano. Afinal, a bancada ruralista, à véspera da votação, foi contemplada com uma Medida Provisória que facilita o pagamento das dívidas previdenciárias de produtores rurais que envolve uma renúncia fiscal de R$ 7,6 bilhões nos próximos 15 anos. Outro setor comtemplado foi o da mineração: ao final do mês de julho o (des)governo anunciou mudanças na cobrança de royalties de empresas de mineração; espera-se que com as novas regras aumente em até 80% a arrecadação com os royalties, que foi de cerca de R$ 1,6 bilhão no ano passado. Parlamentares do Pará e de Minas Gerais, estados produtores de minério, deram forte apoio a Temer. O PRT – Programa de Regularização Tributária ou refinanciamento de dívidas na Receita Federal – beneficia deputados e senadores que ou representam ou são diretamente responsáveis ou foram eleitos com doações de empresas que devem perto de R$3 Bilhões em títulos da dívida ativa.
As “reformas” da Previdência e das Leis Trabalhistas seguem na mesma toada. São para beneficiar o país – leia-se os 10% mais ricos em detrimento dos 90% dos “zés povinhos”. Mais uma vez, adivinhem que vai pagar o pato da FIESP?
Todos os dias encontramos razões para escolha e em alguns momentos fazemos escolhas erradas. Assim também acontece com os nossos representantes na política, eles têm o direito de opções erradas, mas precisam – por representarem o povo – assumir as consequências de seus erros. E o que vivenciamos durante os últimos trinta anos da jovem democraciabrasileira– e não foi somente na quarta-feira – é uma patifaria sem limites. Exemplo muito bem acabado de mau-caratismo.
Por isso a partir de agora não pode ser apenas e somente “Fora Temer”.
Vamos também fazer valer o “é dando que se recebe”; quem votou a favor do golpista que recebeu Joesley na calada da noite e mandou seu preboste Loures receber a mala-mesada é corrupto, é ladrão também.
Eles devem receber o troco. Não podem nos representar. Daqui pra frente deve ser “FORA CORRUPOS”!