Jacqueline Ruiz

Sobre a Amizade

Sobre a Amizade

Por Jacqueline Ruiz Paggioro - Professora

Por Jacqueline Ruiz Paggioro - Professora

Publicada há 6 anos


“Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. Os teus me chamarão para fora da toca, como se fossem música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim não vale nada. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos dourados. Então será maravilhoso quando tiveres me cativado. O trigo, que é dourado, fará com que eu me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...”

                                                                   Trecho de O pequeno Príncipe



Para destoar das inconveniências que temos que aturar cotidianamente no mar de lama que está nossa política, em todas as esferas, diga-se de passagem, vou discorrer hoje sobre um tema que é muito caro para todos os seres.

Cantada ou contada, em verso ou prosa é tema de obras belíssimas.

Estou a falar da Amizade.


Definida como afeto, simpatia ou apreço, a verdade é que essa afeição não tem preço. Tem valor. E nesses nossos tempos materialistas isso vale muito.

Aristóteles a definiu como “uma alma em dois corpos”. Para iniciar o livro VIII da Ética a Nicômacos, um capítulo inteiro dedicado ao tema, ela afirma que a amizade é “uma forma de excelência moral... extremamente necessária à vida... De fato, ninguém deseja viver sem amigos, mesmo dispondo de todos os outros bens”.

Epicuro, meu predileto, é considerado o filósofo da amizade. Nas suas Sentenças Principais ele afirma “De todas as coisas que a sabedoria nos oferece para a felicidade da vida, a maior é a amizade”. Ele diz também que ainda que a philia,  ou amizade em grego,  não nos livre das dores do corpo e da alma ela nos auxilia a suportá-las.


Na poesia de Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles ou Fernando Pessoa, na musica de Milton Nascimento, Roberto e Erasmo Carlos ou Renato Teixeira, o tema é recorrente e trouxe belas composições.


Mesmo que pareça o mais óbvio, por ser comum ou clichê, a maior e mais verdadeira história de amizade, a meu ver, está contida na simplicidade do Pequeno Príncipe. O amigo se torna único para nós por que nos cativa. Simples, porém profundo. Nada mais.


Velhos, novos, próximos, distantes, constantes ou não. Pouco importa; se nos cativam serão únicos. E eternos.




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