Mundo das informações, da tecnologia, geração pós-moderna, sem fronteiras. Mundo em que as culturas se esbaram, misturam e criam novas tendências. Era do registro, tudo merece ser registrado com um click. Um click daqui,um clique dali, uma self, uma panorâmica. Compartilhar e curtir, nem importa o que se posta, o que vale é ver quantas curtidas podemos alcançar.

            Pois é, quantas imagens, cores, formas. Um mundo imagético, contornos, posições,faces, paisagens, o virtual se faz presente.

            Maso que realmente fica de tudo isso? Todos veem, mas, será que enxergam?

            A preocupação em registrar o momento é tão grande que vivenciar o próprio momento passa despercebido, a essência acaba se perdendo nos flashes. Um registro que permanecerá na memória do celular ou outro aparato tecnológico esperando irpara lixeira e depois deletado permanentemente.

            Então é momento de parar e refletir sobre a apreciação. Como posso admirar ou avaliar algo que não enxergo, apenas visualizo e analiso se o foco está bom, se vai daruma boa foto. O assistir, compreender, degustar, o deleite de uma apresentação,de um espetáculo, de um momento, de uma obra se dissipa em um único, melhor,vários cliques.

            O verdadeiro registro deve ser aquele que podemos guardar em nossa memória, ondejamais será excluído. Memórias essas que ao serem ativadas liberam serotonina,endorfina. Liberam felicidade, saudades, o prazer de se ter vivido momentosinesquecíveis. Para tanto, devemos repensar nosso comportamento e a quantasanda nossa apreciação pela vida que nos cerca.

            Que não sejamos escravos da tecnologia e da futilidade. Que nosso olhar esteja mais atento, longe de uma lente e perto do momento. Que possamos perceber o que nos cerca.

            Boas memórias e satisfação de apreciar o que de belo recebemos, o belo do sentir e do viver.