3 PONTOS

Polêmica: você acha certo cobrar valores diferenciados entre homens e mulheres?

Polêmica: você acha certo cobrar valores diferenciados entre homens e mulheres?

Publicada há 6 anos

Por Lívia Caldeira / Marcela Barbar 


Cobrar ingressos mais baratos de mulheres é uma forma de justiça social, já que trabalhadoras do sexo feminino têm salários mais baixos? Ou a prática é uma forma de depreciação de gênero, visto que muitos empresários usam a diferença de ingresso como isca para atrair mais homens? Se a livre iniciativa é um fundamento constitucional, o Estado pode interferir na formação de preços e impor os valores a serem cobrados? A diferenciação do custo de entradas para homens e mulheres em shows e eventos é prática antiga no cenário cultural do Brasil, mas a discrepância entrou recentemente no centro de um debate que envolve empresários, feministas e até integrantes do Ministério Público e do Poder Judiciário. Diante da recente polêmica, a coluna “TRÊS PONTOS” desta semana entrevistou dois jovens e a proprietária de um estabelecimento em Fernandópolis para saber a opinião de cada um deles sobre o tema, confira:


“Estratégia de marketing” 


Eu sou contra a cobrança diferenciada. Com essa forma de "marketing", porque pra mim é uma jogada de marketing, a mulher é usada de instrumento pra chamar a atenção, se a mulher paga mais barato logo terá um numero maior de clientes e, com isso, o interesse masculino no evento aumenta, fazendo com que a compra de ingressos cresça. Eu não vejo um outro porque da cobrança diferenciada a não ser por esse motivo.


(Bruno Gonçalves – Estudante de publicidade)




“Igualdade de gênero ainda é uma utopia”


A Secretaria Nacional do Consumidor afirma que a "Diferenciação de preço entre homens e mulheres é uma [..] prática comercial  abusiva. Utiliza a mulher como estratégia de marketing que a coloca em situação de inferioridade", porém a questão é, numa sociedade em que o homem ganha pelo menos R$500,00 (dado do IBGE) a mais que a mulher num mesmo cargo e com as mesmas atividades, será que é justo a mulher ter as mesmas cobranças e despesas que o homem? Nem sempre a igualdade é justa. Por isso essa questão não pode ser vista de maneira isolada, existe uma série de fatores que fundamentam o valor a ser cobrado nas entradas de bares e boates ser menor para as mulheres. Sendo assim penso que essa lei deve ser melhor elaborada, visando analisar com mais clareza a realidade da nossa comunidade, em consequência disso sou contra este novo regulamento, já que a igualdade de gêneros nos dias de hoje ainda é uma utopia. E agora, é preciso verificar qual será a decisão dos administradores das casas noturnas, bares e restaurantes; eles irão baixar o valor da cobrança dos homens ou aumentar o das mulheres para que fiquem iguais? Bom, caso aumentem para as mulheres, é bem provável que diminua a frequência das mesmas nesses estabelecimentos.


(Larissa Vanin – Administradora)





“Não vejo problemas”


Acho muito bacana quando o estabelecimento pode brincar com essa questão da mulherada pagar menos. É, inclusive, uma questão cultural que herdamos dos nossos pais e avós, de uma época em que o homem pagava a conta para a companheira. Além disso, a prática muitas vezes é motivada pelo fato que a maioria das mulheres come ou bebe menos que os homens. Sei que as mulheres estão lutando para conseguir a igualdade, mas os homens ainda estão ganhando mais que nós e não podemos ignorar esta realidade. Acho errado e injusto cobrar um valor exorbitante do homem, mas não vejo nenhum problema em criar uma promoção na qual a pessoa do sexo feminino paga alguns reais a menos, é legal o proprietário do estabelecimento ter essa liberdade de brincar com as promoções. 


 (Silvia Duarte – Proprietária de restaurante)





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