José Renato Se

A outra volta do parafuso

A outra volta do parafuso

Por José Renato Sessino Toledo Barbosa - Professor

Por José Renato Sessino Toledo Barbosa - Professor

Publicada há 6 anos

O filósofo Karl Marx afirmara na obra “18 Brumário de Luis Bonaparte”: “A história se repete. Uma vez em forma de tragédia, outra em forma de comédia”. Evidente, de maneira irônica, alfinetava o monumento do idealismo alemão, Hegel, que preconizou: “A história se repete”.


As contraposições se fazem necessárias e contemporâneas, na medida em que nos voltamos para o cenário internacional: a recente polarização entre Estados Unidos e Rússia. Na verdade, entre Trump e Putin.


O termo tragédia tem sua origem no grego: tragos ou tragói. Tragédia significa algo que ocorre segundo a vontade dos deuses, em razão dos helenos acreditarem que éramos presas do destino. Ocorre contra nossa vontade. Anti natural, portanto.

Assim, semântica, filosófica e filologicamente, é mais adequado utilizarmos o termo drama, uma vez que é algo que ocorre em face de ações ou omissões humanas. São escolhas ou falta delas.


Voltemos a Marx: a repetição da história, portanto, dar-se-ia, inicialmente de maneira dramática, assustadora, para, em seguida, provocar risos e galhofas.

Estados Unidos e União Soviética protagonizaram, de 1945 a 1990, aquilo que Churchill nominou: “Guerra Fria”. Um conflito indireto. Uma guerra psicológica, sobre pairavam temores e horrores. Haja vista a pequena demonstração no Japão, há setenta e dois anos.


O terror do uso de armas nucleares, a sensação do fim próximo, o gosto amargo da finitude, produziram filmes, livros, crônicas, passeatas, happenings, enfim, manifestações de várias ordens, contrárias a seus disparos.


Quarenta e cinco anos de pânico, provocados por psicopatas que se alternavam no poder, de ambos os lados, com discursos oscilando entre o cínico e o belicista.

A União Soviética sucumbiu pós queda do Muro de Berlin. Gorbatchev caiu. Fim das “Perestróica” e “Glasnost”.


Iéltsin assumiu a nova Rússia. Agora caminhando para o capitalismo.


Acabou a Guerra Fria.


Nos Estados Unidos, depois do fanfarrão Reagan, assume o reacionário George Bush. Os democratas voltam ao poder com Clinton. Novos ares? Perde a eleição para George W Bush – a fase comédia da família -, todavia, não havia mais o “inimigo russo”. Depois de dois mandatos, o ridículo e esquizofrênico Bush filho perde o pleito para Barak Obama. Democrata, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Mudanças. Modernizações nos discursos e práticas. A Guerra Fria parecia um cadáver putrefato, pois, iniciou conversações com Cuba, a fim de extinguir o ridículo bloqueio.


Drama: terminou seu mandato.


Mais drama: venceu o republicano Donald Trump. Empresário, especulador, “a cara” do branco rico e conservador. Discurso histérico e xenofóbico.


Enquanto isso, do outro lado do mundo... A renúncia de Iéltsin trouxe ao poder Putin. Ex-agente da finada KGB, de um jeito ou de outro – como presidente ou primeiro-ministro – vem se mantendo no poder.


Entramos na comédia: de um lado o patético Trump, de outro, o pândego Putin. Em meio às suas bravatas e galhofas, discursos ridículos e bélicos que tendem a um script do grupo Monty Pynthon, ambos “ameaçam” recriar a Guerra Fria.


Calma: agora é só diversão. De mau gosto, é verdade, porém, relaxem e divirtam-se. O filme é engraçado.




últimas