José Renato Se

Um filme 'as antiga' afinal

Um filme 'as antiga' afinal

Por José Renato Sessino Toledo Barbosa - Professor

Por José Renato Sessino Toledo Barbosa - Professor

Publicada há 6 anos

Encontrar filmes que agradam na TV por assinatura é tarefa hercúlea.

Há poucos sábados, durante a noite, encerrei as leituras e busquei – sem ilusão – um filme que me agradasse. Nesses casos não se trata de ver, todavia, rever.

Percebi no menu que existia um título, cujo nome recordava-me, fazia parte de premiações recentes do Oscar. Trata-se de “Manchester a beira Mar”. Me era fresco na memória os elogios destinados ao ator Casey Affleck. Resolvi assistir. Surpreendente.

A película retrata a história de um homem comum: um zelador de prédio em Boston. Impaciente, meio blasé, não pensa duas vezes em revidar uma agressão ou ofensa dos moradores. Não se caracteriza pelos bons modos no trato.

Há sempre um plano aberto na porta do prédio onde trabalha. Fixo. Mostra as lixeiras, a neve, a sujeira. Tempo cinza. Essa tomada nos mostra quem é Lee Chandler.

O protagonista recebe uma carta.

Deve voltar à Manchester, New Hampshire, sua cidade natal. A razão? Seu irmão falecera.

A perda do irmão potencializa a dor, na medida em que, recebe a incumbência de tutelar o sobrinho.

Sua negativa, sua relutância, são parte de seu passado.

Tutelar o adolescente, significa encarar o passado do qual que fugir.

Kenneth Lonergan dirige o filme de forma firme e sensível, todas as cenas, planos sem afetação ou excessos, nos jogam no drama de forma invulgar, sem sentimentalismos baratos ou “soluções para cima”.

É a vida que nos é jogada à cara.

A iluminação, a sublime fotografia, iluminam – ou escurecem – as cenas, diferenciado passado e presente.

Aqui, o passado é o mais pesado. É justamente dele que Lee quer fugir.

Tutelar o menino, é encará-lo, revê-lo.

Parte desse passado é visto por meio da beleza quase angelical de Michelle Willians, anjo ou demônio dos fantasmas de Lee.

O roteiro caminhará firme, sem concessões para o óbvio, babaca, tolo, próprio dessa era banal, da autoajuda, dos discursos motivacionais, da visão positiva.

Afinal, demonstrar e assumir fraquezas, é um traço bastante forte e íntegro.

Belo filme!

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