Erica Cristina

Fisioterapia e Reabilitação no Amputado

Fisioterapia e Reabilitação no Amputado

Por Erica Cristina Tazinaffo - Fisioterapeuta

Por Erica Cristina Tazinaffo - Fisioterapeuta

Publicada há 6 anos

A intervenção da Fisioterapia na reabilitação dos amputados pode ser considerada em duas etapas:


Reabilitação Pré-protetização;


Reabilitação Pós-protetização.


Deve ser enfatizado que a reabilitação deve ser um processo contínuo, cujo objetivo final é tornar o paciente independente na deambulação com a sua prótese definitiva a permitir o regresso às suas atividades habituais, ainda que com limitações inerentes à sua idade e condição.


O êxito destas etapas depende de vários fatores, os quais são: a cicatrização da ferida, o formato do coto e o estado da cicatriz. A presença de alguns problemas poderão afetar de igual forma o êxito destas etapas.


O coto é denominado membro residual, sendo considerado um novo membro, responsável pelo controle da prótese durante o ortostatismo e deambulação. É comum ocorrer algumas complicações após amputação, como deformidade em flexão, irregularidades ósseas, excesso de partes moles, cicatrização inadequada, neuromas dolorosos, complicações cutâneas ou comprometimento vascular, o que pode levar à incapacidade e redução nos níveis de qualidade de vida.


Entre as técnicas mais utilizadas destaca-se a cinesioterapia, incluindo também, o tratamento do coto sem dor ou edema, com boa força muscular e apto para receber o soquete protético, orientações gerais no pré e pós-operatórios, uso das técnicas de eletroestimulação e treino de marcha, destacando-se a necessidade de individualização.


O nível determinado para amputação do membro deve ser o mais longo possível, de acordo com as possibilidades de cada caso, sendo considerado o mais distal desejado, ou seja, acima da transição músculo-tendínea. O coto deve apresentar boa mobilidade e circulação sanguínea, ser recoberto por um bom coxim músculo adiposo e pele sadia e não apresentar dor, assim possibilitará uma adaptabilidade satisfatória às próteses.


O fisioterapeuta desempenha papel fundamental quanto à reeducação funcional, acompanhando o paciente em todos os estágios do programa de reabilitação, fazendo parte de equipe multidisciplinar, supervisionando e tratando desde o estágio pré e pós-operatório, na educação de mobilidade pré e pós-protética e, se necessário, em cuidados de manutenção das funções músculo- esqueléticas.

Os objetivos visam cicatrização e redução de edema, manter ou aumentar força muscular de ambos os membros, transferências e cuidados no leito, prevenir contraturas articulares do membro residual ou qualquer membro, instrução nos cuidados do membro residual, treino de ortostatismo, treino de equilibrio e deambulação com aditamentos ( muletas, andador, bengala) e reeducação da marcha com a prótese.


A fisioterapia deve ser realizada logo após a amputação, atuando no posicionamento correto no leito, dessensibilização do coto, exercícios ativo-assistidos, ativo-livres e isométricos, uso de bandagens, exercícios de propriocepção, trabalho do membro contralateral e membros superiores e treino de marcha. Tendo como objetivo a manutenção da amplitude de movimento, aumento de força muscular, equilíbrio e adaptações da marcha de acordo com a possibilidade do paciente, envolvendo orientação e condutas de prevenção e reabilitação.


Para correto posicionamento do coto no leito, o indivíduo deve evitar comportamento de flexão de joelho, abdução e rotação externa de coxa, não usar travesseiro embaixo do coto e manter sempre os membros inferiores alinhados para evitar contraturas, que podem surgir em decorrência do enrijecimento fascial e do desequilíbrio muscular, de um reflexo protetor de retirada, da perda da estimulação plantar em extensão ou resultado de algum posicionamento inadequado. Na maioria dos indivíduos amputados ocorre hipersensibilidade local, no qual deverão ser realizados movimentos lentos e graduais começando de estímulos mais finos como algodão, para estímulos mais ásperos como sacos de areia, passando de uma fase para outra à medida que o paciente relatar acomodação.


Uma evolução satisfatória permite uma adaptação adequada do coto para utilização de prótese.


O enfaixamento do coto se faz necessário para que haja uma adequada adaptação ao encaixe da prótese, redução de edema e produza um formato cilíndrico desejado. A pressão deve ser maior de distal para proximal e realizado do tipo oito ou em espiral.


O enfaixamento pode ser retirado de duas em duas horas. Nos primeiros momentos de adaptação, manter o coto sem faixa em um período mínimo de 15 minuto e então refazer o enfaixamento.


Todos os dias antes de enfaixar ou no momento de refazer o enfaixamento, é importante observar a pele do coto e a região da cicatriz, observando presença de áreas avermelhadas ou feridas.


O terapeuta deve instruir ao paciente, inicialmente, quanto ao uso de muletas, definindo a melhor marcha funcional para cada caso, fazendo-se necessária a reeducação da musculatura utilizada em cada tempo da marcha, logo no pós-operatório.A prótese deve ser o mais leve possível, para que a demanda muscular seja menor, pois as alterações biomecânicas da marcha com prótese são responsáveis por um maior gasto energético. Quando o indivíduo não apresentar condições para deambular com prótese, devido, por exemplo, a idade muito avançada, insegurança, medo de cair, mau condicionamento do membro residual e também do coto, a prótese pode ser indicada para favorecer nas atividades de transferência, proporcionando relativa independência, sobretudo em atividades diárias.




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