CONTRA TUDO E C

Cesta Nota 10 prova que o esporte é uma 'Bola Viva' de luta e superação

Cesta Nota 10 prova que o esporte é uma 'Bola Viva' de luta e superação

Professor Mão leva time Sub-17 ao bronze no Campeonato Paulista de Basquete

Professor Mão leva time Sub-17 ao bronze no Campeonato Paulista de Basquete

Publicada há 6 anos

Da Redação 


O professor Odivaldo de Assumpção, ou "mestre" Mão, como é chamado por seus alunos, é o criador e mantenedor do Projeto "Cesta Nota 10" em Fernandópolis. Disputou o Campeonato Paulista Sub-17 deste ano, competição organizada pela Federação Paulista de Basketball, enfrentando todo tipo de dificuldades, mas foi superando uma a uma, até a conquista da medalha de bronze, num quadrangular - no basquete "Final Four" -, contra Associação Realizar/Praia Grande e Internacional de Regatas, times de Santos, e Santo André, equipe que se sagrou campeã. Vale lembrar que o Programa Cesta Nota 10 é um projeto de iniciação ao basquete social, desenvolvido pela ADECBV - Associação de Desenvolvimento Esportivo Cultural e Educacional Bola Viva, sediada em Ribeirão Preto.


O projeto foi implantado por Mão no segundo semestre de 2012 em Fernandópolis, com o objetivo de socializar o indivíduo através da prática esportiva. A frequência escolar é fator determinante para participação da criança e do jovem no programa. Através do Projeto Educando, o "Bola Viva" tem o cuidado de acompanhar o rendimento individual do aluno dentro e fora das quadras, através da apresentação trimestral do boletim. Desta forma, combate a evasão escolar e busca melhorar o desempenho dos estudantes em sala de aula. Colaboradores e parceiros são sempre "bem-vindos" ao programa, que necessita de apoio para se manter e fortalecer suas ações, como ficará evidente na entrevista especial de hoje.



EXTRA: Como foi a temporada 2017 e qual a importância da medalha de bronze no Campeonato Paulista?

MÃO: Foi difícil, muito difícil. Em primeiro lugar, porque é uma competição de alto nível, temos que alcançar um alto rendimento para chegar entre os primeiros, e conseguimos isso. Poderíamos ter disputado a final, mas foi muito complicado. Imagina jogarmos todo o ano - foram 10 meses de competição -, com um jogo de uniforme só, não tínhamos camisas a mais, cada atleta tinha a sua, e só aquela. Imagina disputar um campeonato com medo de levar um W.O. por não ter condição de nos locomover, isso mesmo, não ter dinheiro ou uma Van disponível para realizar nosso transporte, como ficaria? E as dificuldades foram se somando, mas, do outro lado, os pais dos alunos vestiram a camisa. A Unati, através da Maria José Pessuto, nos cedeu uma Van, por mais de uma vez. E chega o deputado Fausto Pinato e garante várias de nossas viagens. E os colaboradores foram se juntando, como o clube América, de Rio Preto, através da Ana Manella e de seu pai, Sr. Marino Manella, que nos garantiu um fundamental apoio. O Sr. Marino é um ícone do basquete estadual e um grande amigo. Eu liguei pra ele logo que vencemos a disputa pelo bronze, e ele, emocionado, disse que sabia que ganharíamos pelo menos uma medalha, porque nunca viu um esforço tão grande para manter um time num campeonato como foi a nossa luta para representar Fernandópolis esse ano. E tenho uma lista enorme de agradecimentos para deixar registrada minha gratidão, tenho medo de deixar alguém de fora, mas vamos lá: um grande abraço e muito obrigado ao Guto Marson; Incabrás; João Lôlo, da Eletrônica Lôlo; vereadores Mileno e Murilo Jacob; Juninho Doces; Serata Hotel; prefeito André Pessuto; Unati, em nome de Maria José Pessuto; Isabel Teixeira e família, "parceiros de toda hora"; professor Marcelo Henrique; fisioterapeuta Daniel da Silva, da Clínica Vencer; supervisor de ensino da EELAS, o Cabral, grande incentivador e parceiro, e as direções das escolas EELAS e Saturnino. Esse é o nosso "time" fora das quadras e sem ele nada do que conquistamos seria possível. Essa força vem da Fé, e Deus é quem nos sustenta e mantém a nossa luta. Ele é único digno de louvor, honra e glória. Deus é fiel em todos os momentos!


EXTRA: E a logística para os jogos fora de casa? Com tantas dificuldades, como conseguiram recursos para as 11 viagens?

MÃO: Enfrentamos dois times de Santos, Associação Realizar/Praia Grande e Internacional de Regatas; Santo André, CA Paulistano, Cravinhos, Hípica de Campinas, EC Pinheiros, Barueri, Palmeiras, São José dos Campos e Franca. Em tese, teríamos que realizar 11 viagens, mas, de acordo com a tabela, conseguimos acoplar alguns jogos, e jogamos sábado e domingo, partidas seguidas, por mais de uma vez, inclusive no "final four" do último fim de semana, quando chegamos atrasados inclusive, se não fosse o deputado Fausto Pinato, nem teríamos ido. Tenho que registrar que o Fausto foi muito importante para o nosso time, nos falamos várias vezes pelo celular e ele sempre honrou os compromissos que assumiu comigo. E sem minhas amizades na Federação, teríamos tomado um W.O. histórico, logo na final. Perdemos de Santo André no sábado, dia 28, e ganhamos de Praia Grande no domingo, 29 de outubro.


EXTRA: Como foi o jogo em que o time se resumia aos 5 titulares dentro da quadra, sem reservas?

MÃO: Foi um acontecimento que nos marcou muito. Em uma das viagens que fizemos, de início, sem dinheiro, sem Van, nada certo para nosso transporte, nenhuma novidade até aí, sempre foi assim, mas tínhamos que dar um jeito. E o jeito foi ir de ônibus de carreira, para Santos, enfrentar um dos times mais estruturados e bem treinados da competição, o Internacional de Regatas. Só que o dinheiro que conseguimos dava para bancar 6 passagens, a minha e de 5 atletas. E foi assim, jogamos sem realizar uma única substituição, sem banco de reservas. Quando estava tudo pronto para o início do jogo, os atletas adversários começaram a tirar sarro da gente, disseram "sem banco? vamos atropelar". De fato perdemos, mas demos muito trabalho, uma diferença de 5 pontos, e tivemos chance de passar à frente no placar, jogamos muito. No final do jogo, os atletas do Internacional vieram nos abraçar, elogiar, alguns pediram desculpas, eles não acreditaram que poderíamos jogar o quanto jogamos naquele dia. Confesso que comemorei muito a vitória do Santo André em cima deles na final, gostei, de verdade. E vencemos o outro time de Santos, ou seja, seremos assunto por um bom tempo lá na Baixada.

 

EXTRA: Esse bronze da medalha poderia ser um pouco mais dourado?

MÃO: Tenho certeza que sim. Os alunos do nosso projeto, que foram se transformando em verdadeiros e grandes atletas, jogo após jogo, que foram amadurecendo vendo como é a luta dentro do esporte, eles são os meus maiores troféus. O Jerferson, armador; Gabriel, armador, lateral e pivô; Diogo, lateral e armador; Rivaldo, armador e lateral; Thiago, pivô; Álvaro, pivô; Hugo, pivô; Guilherme, pivô; Daniel Teixeira, ala; Breno, ala; Bruno, pivô; e o Orlando, armador. Esse time deu uma aula de superação. É claro que uma competição organizada pela Federação Paulista de Basketball exige um alto rendimento dentro da quadra. Em uma competição que teve 12 times, era para ter sido 20 equipes este ano, não se conquista medalha quem não representar bem o basquete dentro da quadra. E o esporte é assim: possibilita fatos que podemos chamar de milagres, verdadeiros milagres.


EXTRA: O que te move, além de sua Fé, a se manter nessa batalha em nome do basquete?

MÃO: Eu me recordo da estreia do Oscar Schmidt, com apenas 17 anos, na Seleção Brasileira, jogando ao lado do Carioquinha, Gilsão, Adilson e Marcel. De toda a dedicação do Oscar para se tornar a lenda que é, uma referência para o basquete mundial. Analiso todos os lados do esporte: social, educacional e recreativo. Mas, quando você disputa uma competição de alto nível, que exige alto rendimento, é necessário um desempenho acima do normal, e ao mesmo tempo um alto investimento. No nosso caso, como? Jogando o ano todo com um único jogo de camisa? Entrando em quadra somente com 5 atletas, sem reservas? Fica difícil, mas conseguimos a medalha de bronze, provando que estamos no caminho certo. Vivenciando a participação e contando com ajuda dos pais dos atletas e de toda a comunidade, esse é o nosso maior investimento, é a colaboração mais importante que podemos ter. Sem contar que não tivemos como trabalhar com os alunos o tempo que era necessário dentro da quadra, treinar com mais tempo e com uma programação mais completa. Eu tinha que correr atrás de outras coisas, de dinheiro, patrocínio. E tem os acordos com potenciais patrocinadores que não são honrados, o que acaba dificultando ainda mais nosso trabalho. O que me mantém trabalhando com o basquete é isso tudo, é alcançar algo praticamente impossível.

 

EXTRA: E para um jovem de 17 anos, longe de casa, enfrentando a saudade da família, jogando lesionado e apesar de tudo ser eleito o destaque da competição, qual a lição que você leva para sua vida depois de uma temporada como essa?

JEFERSON: Cheguei a pensar em voltar para casa, como alguns de nossos companheiros de time, que foram embora durante a competição. Mas eu via a luta e a dedicação do Mão, e todas essas dificuldades acabam virando motivação. Chega na hora do treino, você está cansado, às vezes com uma lesão, mas sempre motivado, querendo buscar seu sonho. Eu sonho um dia poder ir para os EUA, ter uma oportunidade lá. Também recebia muitos incentivos dos amigos e dos professores (ele estudou este ano na EELAS e reside em Fernandópolis desde o mês de abril). Não temos que somente enfrentar as dificuldades, o melhor mesmo é superá-las.


Nota da Redação: O armador Jeferson Chaves terminou a competição com duas medalhas: a de bronze e a de destaque da competição na posição de armador. Os destaques são eleitos com votos de todos os técnicos dos times participantes e também da comissão de arbitragem da Federação Paulista. Nos dois jogos das finais, Jeferson marcou 30 pontos contra Santo André e 18 contra Praia Grande, isso jogando com uma contusão na coxa esquerda, logo no início do primeiro tempo da disputa pelo bronze. Com futuro promissor, o jovem atleta, de apenas 17 anos e natural de Três Lagoas, fará testes nos EUA no início de 2018. Outros atletas do Cesta Nota 10/Bola Viva já registraram passagens por times de ponta dos EUA, como o Denver Nuggets.



Time "Cesta Nota 10" de Fernandópolis, bronze no Basketeball Paulista 2017 na categoria Sub-17 



Atletas comemorando a terceira colocação conquistada no domingo passado 




Medalhas do armador Jeferson, a de bronze e a de destaque da competição 



“A força vem da Fé,e Deus é quem nos sustenta e mantém a nossa luta. Ele é único digno de louvor,honra e glória. Deus é fiel em todos os momentos!” 





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