HISTÓRIAS DO T

Lembra da guerra do Sabão em pó?

Lembra da guerra do Sabão em pó?

Por Claudinei Cabreira

Por Claudinei Cabreira

Publicada há 6 anos


Quando chegamos nesta época do ano, o bombardeio da mídia se torna mais intenso. O fogo pesado de algumas campanhas, chega a ser insuportável. Você liga a TV, o rádio, abre o computador, o jornal, a revista, a caixinha do correio e tome oferta goela abaixo. O natal dos seus sonhos está recheado de cores, sabores, ofertas tentadoras e preços e prazos irresistíveis. Sempre foi assim.


Nos anos sessenta, por exemplo, a mídia já pegava pesado na caça ao consumidor. As donas-de-casa daquela época que o digam. Mas os tempos eram outros. Consumidores e marketeiros, ainda tinham uma certa inocência. Eram tempos do bom mocismo, de ética e um certo respeito. O marketing não era tão massivo como hoje em dia.


Puxando pela memória, acho que foi no comecinho dos anos sessenta, que começou a famosa“guerra do sabão em pó”, que segue sem tréguas até hoje. 


Naqueles tempos haviam várias marcas no mercado, mas duas delas se sobressaiam e se rivalizavam feio, na preferência das queridas consumidoras. Eram campanhas tão envolventes que a própria clientela se mobilizava, em defesa desta ou daquela marca. O território era disputadoe dividido, palmo à palmo entre a Rinso e a Omo.


“Veja esta camisa...Tem brancura Rinso! Rinso lava mais branco!”. E o troco vinha na lata: “A alvura que só Omo dá, torna o sabão antiquado! É a miraculosa potência de limpeza de Omo!” Era uma guerra aberta e a Rinso chegou ao cúmulo de publicar um anúncio de página inteira, nas revistas femininas daqueles tempos dizendo: “Alegria no tanque!” e logo abaixo explicava; “chegou revolucionário sabão granulado feito especialmente para : lavar com a metade do trabalho, deixar a roupa mais branca, conservar mais a roupa!” e fechava no rodapé da página com um bordão bem típico da época: Rinso lava melhor devido ao seu “môlho” super-espumoso”. A Omo devolvia na bucha: “Roupa limpa dá orgulho! Omo lhe dá a roupa mais limpa de sua vida!”. Impressionante!


Acredite se puder, mas as duas marcas tinham suas caravanas e percorriam o país, mostrando ao vivo para as donas-de-casa, as vantagens e os milagres de seus produtos. Eu ainda era menino de calças-curtas, no dia que o ônibus da Caravana Rinso chegou em Fernandópolis. As donas-de-casa e as “mocinhas casadoiras”, ficaram em polvorosa e lotaram o Cine Fernandópolis, para “ver o filme da Rinso”, ganhar folhetos explicativos e concorrer ao sorteio de caixas de sabão em pó! É mole?


Havia ainda a “guerra dos sabonetes” ou melhor a “guerra das estrelas” de Hollywood. “Para ele você é tão linda quanto uma estrela de cinema”, dizia um dos anúncios com a exuberante Ava Gardner, fechando no rodapé com o não menos famoso bordão: “Sabonete Lever – usado por 9 entre 10 estrelas de Hollywood!” E a marca Lux, que ainda não era da Unilever, dava o troco  trazendo páginas com Marlene Dietrich, Marilyn Monroe, Rachel Welch, Ursula Andrews, AmaliaRodrigues e  a belíssima Jane Fonda: “Lux é o meu tratamento de beleza!”, dizia a atriz de Barbarella.


E as colônia e os perfumes femininos daquela época? “Avon chama!”. Essa frase que ficou famosa, era o código secreto das revendedoras Avon que batiam de porta em porta trazendo as novidades e os últimos lançamentos da indústria cosmética. O carro-chefe da Avon era o PrettyPeach, presença certa em 9 entre 10 penteadeiras dos anos dourados. Depois veio o AcquaFresh, que deve estar no mercado até hoje. Mas, a sofisticação ficava por conta do “Marqueza de Séqur”, da Atkinsons, que tinha como slogan a frase esnobe: “Onde há nobreza e aristocracia, também está presente Atkinsons”. Agora, sucesso mesmo, fizeram as marcas Tabu e CachemirBouquet (ambas com colônia e talco). Ah, cheirinho bom.  Semana que vem tem mais. Até lá.




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