FAMÍLIA UNIDA

Pai e filho buscam financiamento para projeto de blocos construtivos

Pai e filho buscam financiamento para projeto de blocos construtivos

Ex-alunos de Fatecs querem entrar no mercado de peças feitas a partir da mistura de areia reciclada de demolição com liga de plástico

Ex-alunos de Fatecs querem entrar no mercado de peças feitas a partir da mistura de areia reciclada de demolição com liga de plástico

Publicada há 7 anos

Material construtivo não mofa e não retém temperatura



Da Redação

A ideia de negócio de Clayton Noronha de Freitas, de 27 anos, recém-formado pela Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) São Bernardo do Campo, mistura uma boa dose de entusiasmo e determinação com o sonho do pai, José Niudo Freitas, de 60 anos. O projeto desses dois ex-alunos de Fatecs é criar blocos construtivos a partir de resíduos de plástico e da construção civil. Pai e filho uniram esforços e estudos para colocar em prática uma ideia que estão amadurecendo há algum tempo. Planejam entrar no mercado com blocos interconectáveis para construção – peças que se juntam para formar uma casa, como naqueles jogos de criança. 


As pesquisas que José Niudo realizou mostraram que na Ucrânia e em Uganda, por exemplo, há empresas que produzem telhas usando esse mesmo princípio. Aqui, o projeto já está sendo reconhecido: foi premiado pela Agência de Inovação da Universidade Federal do ABC (UFABC) e selecionado em um evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). 


Os blocos serão produzidos a partir de uma mistura de areia reciclada de demolição unida por uma liga de plástico. O resultado, conta Clayton, tem muitas vantagens. “É um material construtivo que não mofa e não retém temperatura”, diz. Além disso, segundo ele, a durabilidade é muito grande, a necessidade de mão de obra especializada para uma construção é reduzida e por isso o custo total da obra cai. 


O assunto é levado tão a sério que José Niudo, tecnólogo em Gestão Ambiental, matriculou-se no curso de Polímeros da Fatec Mauá para conhecer “intimamente” os plásticos e os processos que envolvem esses materiais. “Eu buscava conhecer profundamente a granulagem do plástico”, conta. 


A família tem uma cooperativa de reciclagem desse tipo de material e José Niudo é quem fica à frente das atividades principais. Niudo precisou trancar a matrícula porque a família mudou-se para Mogi das Cruzes, mas deve retomar as aulas no segundo semestre de 2016, na Fatec Zona Leste, mais próxima da nova residência, para concluir o curso. Clayton concluiu o curso de Informática para Negócios no ano passado.


VIÁVEL


Pai e filho desenharam os blocos, mas ainda não têm um protótipo. Seus estudos, porém, mostram que a ideia pode ser levada adiante. ”Queremos mostrar ao investidor que é algo economicamente viável”, afirma José Niudo. Para isso, eles estão participando de todos os eventos destinados a pequenos empreendedores e startups que estão ao seu alcance. 


No fim de 2015, foram premiados pela Agência de Inovação da UFABC e devem receber apoio para o projeto. Em março, participaram da primeira fase de uma iniciativa da Fiesp que visa apoiar e oferecer mentoria a ideias como a deles. Este último evento envolveu cerca de cem projetos de todo o Estado e os blocos construtivos ficaram entre os dez primeiros colocados, seguindo para a próxima fase. É fácil entender por que o plano de negócios da família Freitas se destaca mesmo ainda não havendo um protótipo para ser mostrado. Pai e filho transmitem entusiasmo e a certeza de que a materialização de seus sonhos é só questão de tempo.


 “Em média, um projeto precisa participar de uns 15 eventos com investidores para obter financiamento”, conta Clayton, com a tranquilidade de quem apenas aguarda o dia em que vai ver seus blocos sendo vendidos Brasil afora.




últimas