CURVA DO RIO

Não era uma capivara

Não era uma capivara

Por Chico Piranha

Por Chico Piranha

Publicada há 6 anos

 

 

Pescador vive apanhando, entrando em geladas e não aprende nunca. Não tem jeito. E essa história aconteceu lá em Santa Izabel do Marinheiro, antes da formação do lago de Água vermelha, quando o rio ainda era bem estreito. Era bem fundo, mas não tinha mais que vinte metros de largura.

 

Certa vez fomos pescar naquele lugar que tinha fama de mal assombrado e junto foi o famoso e saudoso Tio Sanin. Como havia chovido muito na noite anterior e o tempo estava nublado, cismamos que poderíamos tomar o porre pegando mandis e bagres. Saímos de madrugada e chegando na beira do rio, cada um foi se ajeitando no seu cantinho. A margem do rio cheia de barro que dava gosto, estava mais lisa que sabão. Um perigo.

 

Tio Sanin como sempre, logo tratou de se acomodar numa curva do rio, pouco abaixo de onde ficou a maioria do pessoal. Escondeu a garrafa da “marvada” numa moita, lançou o cove na água, espetou uma bela minhoca no anzol e deixou a varinha “de espera” espetada no barranco. Nem havia se ajeitado direito quando percebeu o puxão e fisgou. Era um pequeno lambari; “mais tarde vai servir de isca”, pensou.

 

Pegou o peixe e botou no cove. Quando foi descer o cove novamente, se apoiou num galho, só que aquele galho que havia sido levado pela enchente se soltou, e o nosso herói se desequilibrou, patinou, patinou, não achou nada onde se segurar e....tchibummme lá foi ele dentro da água!

 

Todos nós fomos correndo naquela direção pensando que uma capivara havia mergulhado no rio. Não era uma capivara. Era o Tio Sanin, que voltou à nado para o barranco, onde passou o dia todo ensopado e batendo o queixo de frio, que era uma beleza!

 



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