ETERNIUN

'No meio de toda dificuldade existe sempre uma oportunidade'

'No meio de toda dificuldade existe sempre uma oportunidade'

Publicada há 6 anos

PENSAMENTO DA SEMANA


"No meio de toda dificuldade existe sempre uma oportunidade".

Albert Einstein


MINUTINHO:

Recomendações

derradeiras

Um dia, que ignoro, meus olhos hão de se fechar para esta existência.

Mais cedo ou mais tarde, meu corpo, ainda jovem, ou quem sabe, cansado e enfermo, há de se entregar irremediavelmente e deixará de vibrar.

Minhas mãos hão de repousar inertes e meus pés já não poderão me levar à parte alguma.

Pois bem, eis aí o meu destino. Idêntico ao de todos os demais seres viventes: nascer, viver, morrer, renascer...

Hei de morrer, mas não temo a morte, porque sei que, como Espírito, sobreviverei a ela.

Respeito-a, porque sei que representa o final de um ciclo e o início de outro. É uma passagem, uma transformação. É um fato natural e inevitável.

Sabendo disso, muitos são os que tecem seus testamentos, pensando naqueles que ficam. Também quero que algumas recomendações sejam registradas.

Aos meus filhos quero deixar meus exemplos corretos. Que eles possam fazer uso de meus acertos, das palavras bem colocadas e das atitudes dignas de nota. Quero que eles cantem alegres, repetindo refrãos das músicas que cantamos juntos. Deixo a eles a certeza de que muito os amei, os amo e os amarei para sempre, porque nem o tempo, nem a distância são capazes de diminuir a intensidade de um verdadeiro amor. Deixo-lhes, ainda, as lembranças dos momentos alegres que passamos, e que ainda passaremos juntos. Espero que essas recordações possam lhes fazer companhia nos momentos em que a saudade vier lhes roubar a paz e os sorrisos.

Aos meus amigos deixo minhas melhores conversas e toda a alegria que a presença deles tenha causado em minha vida. Deixo-lhes a minha gratidão por todas as vezes que me ouviram, me toleraram e me animaram a continuar na luta.

Aos meus amores deixo o meu afeto mais puro e a esperança de um reencontro mais sereno e equilibrado, em um futuro não muito distante. Que não se sintam cobrados, nem pressionados, se, por acaso, não me dedicarem o mesmo amor que lhes ofereço.

Àqueles que feri, que magoei, que prejudiquei, deixo meu sincero pedido de perdão e meu desejo de reparar todo o mal que lhes causei e todo bem que deixei de lhes proporcionar. Espero que possam aceitar minhas desculpas e que me permitam ressarcir-lhes, um dia, os danos que meu desleixo e meu egoísmo lhes causaram.

Deixo a todos aqueles que cruzaram meu caminho e que, de alguma maneira, influenciaram minha existência, meu humilde agradecimento. Desejo que, um dia, possa eu também lhes ser útil, auxiliando-os na dura jornada do progresso individual.

À natureza deixo minha mais intensa e profunda gratidão, pela sua exuberância e por tudo que dela me vali nesta existência. Desejo que ela seja respeitada e conservada para que não se deteriore pelo descaso humano.

Aos meus pais e a Deus, Pai de bondade, deixo o meu reconhecimento pela oportunidade da vida e pela dedicação constante e incondicional que me foi oferecida.

Assim, partirei com a mente e com o coração mais pacificados, porque terei legado o que de melhor há em mim, em benefício de todos aqueles que me são caros.

Redação do Momento Espírita


CRÔNICA

Por que matar o seu filho?

Os três funcionários daquela seção eram bons amigos. A senhora que ocupava o cargo de chefia era uma espécie de mãe para aqueles dois rapazes.

O horário de expediente não era próprio para intensificar a amizade. Por essa razão Ronaldo, casado, convidou o amigo para visitar sua casa. Raul, o jovem solteiro, passou a frequentar o lar do colega e os laços do afeto se estreitaram também com sua jovem esposa.

Passado algum tempo, o casal comemorava o nascimento da primeira filha, Ana Cláudia.

O tempo passou. Certo dia, Ronaldo chegou ao trabalho meio cabisbaixo, o que não passou despercebido ao amigo, sempre atencioso e sensível.

- O que está acontecendo? Perguntou.

Ronaldo disse-lhe que algo o estava preocupando muito e convidou Raul para tomar o cafezinho habitual, alguns minutos antes. Precisava desabafar.

Mal se sentaram à mesa e Ronaldo foi falando: Sabe que minha esposa está grávida outra vez? E, rápido, completou, aborrecido: Eu não vou aceitar esse filho. Já marcamos o aborto para amanhã cedo. Vamos tirar a criança.

Raul sentiu como se o chão lhe faltasse sob os pés. Como cristão, não conseguia entender como um pai e uma mãe têm coragem de cometer um crime desses.

Ronaldo continuou: Não dá para aceitar um filho logo em seguida do outro. Nossa menina está com apenas dez meses...



Raul agora entendera melhor as razões do amigo e perguntou, com sincera vontade de obter uma resposta séria: Mas, por que você deseja matar seu filho? A pergunta caiu como uma bomba no coração de Ronaldo. Ele pensara em abortamento, não no que ele representa: um homicídio.

Raul ainda lhe fez mais uma pergunta: E se sua filha vier a morrer, como ficarão as coisas?

Ronaldo ficou desconcertado, abaixou a cabeça, terminou de tomar seu café e voltaram, ambos, para o trabalho.

Naquela noite, Raul rogou com fervor a Deus para que salvasse aquela criança.

No dia imediato, embora ansioso, não teve coragem para perguntar nada. Temia a resposta.

Porém, Ronaldo tomou a iniciativa: Minha esposa e eu não conseguimos dormir esta noite...

O coração do amigo bateu acelerado...

Logo, Ronaldo concluiu: Resolvemos deixar que venha mais um...

Raul explodiu em lágrimas de profunda alegria. Meses depois estava na festa de um ano de Ana Paula, a segunda filha do casal, contemplando, feliz, o paizão exibindo as duas meninas, uma em cada braço.

O tempo passou. Então, retornando de breve viagem, Raul não encontrou o amigo na repartição, e quis saber o que havia acontecido.

A chefe lhe falou: Então, você ainda não sabe?

- Não, me diga o que houve. E a notícia o abalou ao ouvir a resposta: A filha mais velha do Ronaldo morreu.

Raul dirigiu-se imediatamente para o lar dos amigos. Ronaldo chorando, discretamente, com a segunda filha adormecida em seu colo, disse com profunda dor ao amigo:

- Quero lhe agradecer por ter salvado minha vida. Se você não tivesse evitado que eu matasse Ana Paula, há essa hora eu já teria matado a mim, movido pelo remorso e pelo desespero.

Raul Teixeira




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