AMOR INCONDICIO

'Meu filho nunca será um fardo pra mim', diz mãe de rapaz acorrentado há 13 anos

'Meu filho nunca será um fardo pra mim', diz mãe de rapaz acorrentado há 13 anos

Caso repercutiu a nível nacional; vídeo de dona Marisa Padilha pedindo ajuda foi visualizado por milhares de pessoas recentemente

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Publicada há 6 anos

Marisa cuida do filho André, que vive acorrentado há mais de 13 anos



Por Livia Caldeira / Marcela Barbar


A história do amor e dedicação de Marisa Padilha ao filho já é conhecida por muitos fernandopolenses. Dona Marisa, moradora do bairro Jaime Leone, é mãe de André Padilha, um rapaz que há mais de 13 anos vive acorrentado em casa para evitar autoagressões. Recentemente, sua história começou a percorrer o Brasil após a postagem de um vídeo nas redes sociais, por meio do qual ela faz um apelo para conseguir ajuda ao filho, diagnosticado com autismo. A família conta que já tentou vários tratamentos para amenizar os surtos de André, hoje com 28 anos. No entanto, até o momento, nem os medicamentos ou qualquer tipo de terapia causaram efeito. Apesar dos sintomas persistirem há anos, ela nutre dentro de si a esperança de encontrar uma cura para o problema do filho. 


“Eu vivo todos os dias para ele, não posso deixá-lo sozinho nem por alguns minutos. Não posso fazer coisas normais que as pessoas fazem, como trabalhar e ter uma vida social”, desabafa. Mas, ao contrário do que muitos possam pensar, ela garante que o filho nunca representou para ela um fardo. “Eu poderia acordar todos os dias reclamando e insatisfeita com a minha vida. Ao invés disso eu escolhi agradecer a Deus por ter me dado a oportunidade de aprender todos os dias com um filho especial”.


Marisa entrou em contato com a equipe de “O Extra.net” e contou um pouco mais sobre os desafios que enfrenta. Ela diz que espera, por meio desta reportagem, fazer com que outras pessoas possam seguir o seu exemplo. Afinal, segundo ela, “a felicidade está em deixar de reclamar por aquilo que não possuímos, e passar a agradecer por aquilo que temos”.



O EXTRA: Qual o diagnóstico que os médicos deram para o seu filho?

MARISA: Os médicos falam que o meu filho é autista, mas eu não acredito que ele realmente seja autista. Os sintomas que ele apresenta não são de uma pessoa que possui autismo. O André é agressivo, mas é agressivo com ele mesmo. Ele se bate, se morde e por esse motivo eu deixo ele acorrentado 24 horas por dia, todos os dias.

 

O EXTRA: Quando tudo isso começou?

MARISA: Isso tudo começou quando ele tinha 4 anos. Com essa idade ele reclamava muito de dor no corpo, mas ainda era uma criança calma e assim foi até os 15 anos. A partir daí ele começou a se tornar uma pessoa agressiva e precisei tomar a medida extrema de acorrentá-lo.


O EXTRA: Ele toma algum tipo de medicamento ou realiza terapias? Se sim, os tratamentos fazem efeito?

MARISA: Ele toma 13 medicamentos por dia e vários deles são calmantes, mas na verdade nenhum acalma meu filho. Ele toma toda essa medicação, mas continua sempre do mesmo jeito, se agredindo e se batendo. Às vezes acontece de ele ficar 3 noites sem dormir, mesmo com todos os calmantes.


O EXTRA: Você disse que os medicamentos não fazem efeito para o André, mas existe alguma maneira de acalmar o seu filho?

MARISA: Na verdade existe, ele gosta muito do cantor Eduardo Costa. Quando eu coloco as músicas dele para o meu filho ouvir, ele dá uma acalmada. Esse cantor é uma benção para o André. Eu gostaria muito que um dia a história do meu filho chegasse até ele. Também gostaria que algum médico investisse no meu filho e estudasse o seu caso.


O EXTRA: Você tem esperança que um dia ainda vai encontrar algum tratamento pra ele?

MARISA: Tenho sim, isso é uma coisa que eu falo pra todo mundo. A minha esperança vai morrer só o dia que eu morrer. Enquanto eu existir aqui na Terra eu vou ter fé e força para ir em busca de tratamento para o meu filho. Nunca vou desistir dele.


O EXTRA: Você já se perguntou por que isso aconteceu com você? Já veio esse questionamento na sua cabeça? Acredita que seu caso serve de motivação para outras pessoas?

MARISA: Já me questionei várias vezes sobre isso, mas hoje em dia eu não questiono mais. Eu acredito muito em Deus e a força que eu tenho para seguir em frente é graças a Ele. Inclusive eu agradeço todos os dias pela vida do meu filho e acredito que mais cedo ou mais tarde ele há de curar o meu André. Ao contrário de muita gente, eu não sinto raiva de Deus pelo fato do meu filho ser assim. Muito pelo contrário, meu filho tem muito valor pra mim e nunca será um fardo na minha vida. Não tenho do que reclamar, só agradecer pela oportunidade de ter um filho especial, aprender com essa experiência e poder me tornar uma pessoa melhor a cada dia que passo ao lado dele.


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