Jacqueline Ruiz

O novo/velho jeito de fazer politica

O novo/velho jeito de fazer politica

Por Jacqueline Ruiz Paggioro - Professora

Por Jacqueline Ruiz Paggioro - Professora

Publicada há 6 anos

Em sessão extraordinária ao final do ano passado, nosso legislativo aprovou uma lei que aumenta salários dos políticos locais.

Em pleno 21 de dezembro. Parece coisa de antigamente: na “calada da noite”. Será que nossos representantes não pensaram nas consequências desse ato insano. Em plena crise, que não é só financeira, mas também institucional e moral? E ainda mais em tempos de informação instantânea com as redes sociais?

Repercutiu mal. O bafafá se expandiu e foi para a grande imprensa.

Em coletiva, prefeito, vice e alguns vereadores voltaram atrás: o aumento será revogado.

Mas, tal como o dito popular, e emenda saiu pior que o soneto.

As justificativas do prefeito de que existe um diálogo constante com o legislativo se contradizem quando ele explicita de que o referido projeto foi idealizado pelo mesmo, pior ainda quando disse que esse era um projeto que foi votado e que depois seria colocado em discussão com a população posterior as festas – ora, se já foi votado e virou lei, não tem mais discussão. Lei a gente cumpre!

Como explicar um aumento de 72% para o vice, se ele recebe como secretário municipal? Será que é pra aumentar a economia para o erário?

Na sequência, o presidente da Câmara, reiterando que não votou no projeto (por questões regimentais ele só pode votar se houver empate) rebate o argumento da “parceira” que se explicou nas redes sociais que votou no projeto, mas não leu. Foi bem quando disse que a função do vereador é conhecer os projetos que irá votar, mas se atolou no argumento de que o aumento era necessário para tornar atrativo os salários do funcionalismo ou de que tem gente que ganha mais que o prefeito e era preciso corrigir essa distorção. Depois disse que ia congelar os salários de quem ganha mais – porque não fez isso antes, então? Dizendo que  não havia motivos  para tal repercussão,  estavam sendo enlameados pela política “lá de cima”. Reiterando que muitos vereadores não usaram do “direito” de usar carro publico para viajar, que devolveram dinheiro para os cofres públicos e que a população não entendeu a necessidade do aumento dos salários. Alegando que não houve “perca” para a municipalidade, a lei seria revogada.

O vice, num aparte, reitera a devolução de R$ 1.800,00, como se isso fosse favor e não obrigação.

A cereja do bolo ficou por conta do comentário final do prefeito sobre “a população que não entende nada e fica cobrando e falando asneira em redes sociais” sobre a decoração de natal.

Assisti à coletiva ao vivo – as férias me permitiram e revi ao menos duas vezes mais – e me espantei com a retórica de nossos políticos. Se colocam num patamar acima, como se estivessem fazendo um favor para a populaçãoporque amam o que fazem e, por amor a esta terra, se julgam no direito de fazer o que bem entendem. O velho jeito de fazer política.

Gostaria muito que um novo jeito de fazer política se instaurasse: político tem que ser profissional, tem que receber salário justo – não privilégios -, tem que ouvir as pessoas antes de fazer lei e prestar contas à população de todos – TODOS – os seus atos, pois nos representam.Se sobra dinheiro tem que devolver – não é favor, é obrigação! Se errou,  somos todos passíveis disto, tem que pedir desculpas e tocar em frente. Isso é ter coerência e humildade!

E a população tem que ter consciência de que nossos representantes foram eleitos, esta é a regra do jogo democrático; independente de termos votado neles, ou não, eles estão responsáveis pela cidade durante seus mandatos e merecem nosso respeito. Devem ser cobrados, mas não achincalhados.

Ao final dos seus mandatos, aí sim, poderemos lhes ofertar nossa aprovação ou nosso desprezo. As urnas devem ser a melhor resposta!



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