Mariangela Ange

Sem nome

Sem nome

Por Mariangela Angeluci Siqueira - Psicóloga Clínica, Palestrante, Coach Vocacional e Terapeuta Reikiana

Por Mariangela Angeluci Siqueira - Psicóloga Clínica, Palestrante, Coach Vocacional e Terapeuta Reikiana

Publicada há 6 anos

Quando eu era criança, uma coisa me tomava grande parte do meu tempo. Eu adorava eleger um ou mais objetos e ficar repetindo o nome deles, tentando entender a razão de terem aquele nome. Por exemplo: azulejo. Por que cargas d´água azulejo se chama azulejo se nem azul ele é? E eu ficava por horas ali, tentando imaginar de onde veio esse nome, quem tinha inventado, como será que a pessoa, simplesmente, tinha pensado que aquilo poderia se chamar azulejo? Daí eu lembrava de Adão, no paraíso, dando nome para todos os animais. De repente ele olhou para o elefante e disse: “Você aí, com essa coisa enorme no lugar do nariz, vai se chamar elefante!”. Pronto! Depois ele olhou para a formiga e pensou: “Hummmm, essa coisinha esquisitinha e minúscula tem cara de...? Claro! Cara de formiga!”. Excelente. E assim era com todos os bichinhos do Éden. 


Imagina só o tempo que eu passava ilustrando tudo isso na minha cabeça! Saiba que cresci e ainda não me curei disso. Porém, mudei o foco agora. Fico tentando entender o sentido da vida. Por que cargas d´água certas coisas acontecem daquele jeito, naquela hora, comigo ou com tal pessoa? Será que existe alguma razão mesmo pra tudo isso? Passo horas, agora, tentando achar motivos para certas coisas acontecerem daquele jeito. Será que é perda de tempo? Será que tenho tempo a perder? Será que tempo existe? Às vezes, passa o dia, e eu não chego à conclusão nenhuma.

 

Hoje acordei sem saber sobre o que escrever. Queria até pegar uma frase bem legal de efeito, de algum pensador conhecido, e transformá-la em um texto incrível, mas, como eu disse... às vezes, passa o dia e eu não chego à conclusão nenhuma. Então, resolvi compartilhar com vocês o fato de que, não tem problema se, de vez em quando, vocês não saibam o que fazer. Não se importem e nem se cobrem se vocês não encontram sentido para muitas coisas que acontecem com vocês, para muitas coisas que fazem, falam, pensam, se não conseguem explicar direito o que sentem, ou não conseguem dar nomes a algumas coisas. Há dias que não conseguimos entender mesmo. Há dias que acordamos sem saber o que fazer e não conseguimos olhar para o elefante e pensar que aquela coisa enorme no lugar do nariz dele se chama tromba. Tem dias que parece que tudo o que fizemos até agora não nos levou a lugar nenhum e, pior, parece que nem vai levar. Dá vontade de não pensar em nada, de não decidir nada, de não explicar e nem sentir nada. E, querem saber de uma coisa? Não tem problema. Aquelas 12 horas de escuridão entre um dia e outro serve pra dividir os dias que acordamos e temos uma razão pra viver e os dias que achamos que nada faz sentido. Algumas luzes só se acendem quando todas as outras se apagam. Saibam, e se tranquilizem com o fato de que, tem dias iguais ao azulejo, que nem azuis são.

 


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