Afirmei diversas vezes a minha opção por não ser pai. Acabei por sê-lo.
Desde então, amo meus filhos, como minha mulher, acima de tudo.
Apaixonei-me pelo exercício da paternidade.
Não é fácil, ao contrário, é uma atividade hercúlea: de paciência, de doação, de compreensão, de discussão, de brigas, de reclamações, de cobranças...de paixão e de amor. Principalmente os dois últimos.
Amar os filhos não é uma coisa óbvia e simples, como não é o amor. Eros e Tanathos dançam num tênue fio, o qual compõe a vida. Neikós (ódio) e Philia (amor) equilibram-se e celebram a vida. Vence Philia. O amor é incondicional. É incausado. Ama-se.
O dia mais difícil de minha vida foi àquele em que eu e a Jacqueline, deixamos a Isabelle em definitivo em Assis. Não dormi na noite que antecedia ao evento, nem na seguinte.
Tudo bem, passou. Sei, foi para seu benefício: iniciara sua vida acadêmica, no curso que escolhera. Ela é feliz.
Ótimo. Nós também.
Chegou a vez da Sophia.
Segunda-feira, eu e a Jacqueline, levamos nossa filha para o início de sua vida acadêmica, noutro Estado, noutra cidade. Novo domicílio, nova vida.
Também não dormi.
Revive o mesmo drama que sofrera com a Isa.
Passará.
Os filhos são criados para o mundo.
Damos ou devemos dar a eles, formações moral e ética, suporte psicológico e financeiro. Todavia, acima de tudo, carinho e amor.
O restante, é por conta deles, de suas escolhas.
Saberão fazê-lo.
Confiamos neles.
Foram educados para a autonomia.
Nos orgulhamos deles e os amamos incondicionalmente.
O Perseu aguarda resposta da UNESP. Conseguirá.
O próximo a partir é ele.
Sempre brinquei: ficaríamos, eu, a Jacqueline e os cachorros. Seria ótimo. Não é.
Fazem muita falta!
A saudade é imensa.
É a vida.
Escolheram e escolhemos.
Os queremos livres e felizes.
“...O seu amor... Ame-o e deixe-o...
Livre para amar...
Ser o que ele é...”. (Gilberto Gil e Caetano Veloso in “O seu Amor” Doces Bárbaros)