Breno Guarnieri

Uma sentença, que trata de danos morais e materiais, publicada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª região, condena a Santa Casa Fernandópolis, em segunda instância, a indenizar um ex-auxiliar de enfermagem que afirma ter sido infectado com o vírus HIV, durante acidente trabalho, ocorrido no interior do hospital.

À reportagem de O Extra.net, a vítima relatou que em dezembro de 2018, quando preparava uma medicação, acabou perfurando o dedo em uma agulha descartada de maneira irregular, por outro funcionário, em cima da pia.

“O pronto-socorro estava em obras naquele período e o ambiente estava um pouco ‘tumultuado’. Eu lembro que, na ocasião do acidente, fui higienizar a pia. Estava de luvas, porém, a agulha, que continha sangue perfurou uma das minhas mãos”, explica a vítima, que também acrescenta: “na hora eu procurei a coordenadora de enfermagem. Como protocolo em caso de ferimentos envolvendo profissionais de saúde, fiz o teste rápido de HIV e deu negativo. Os exames seguintes, realizados 30 e 60 dias após o acidente, também deram negativo. Já com relação ao teste de 90 dias, eu não fui informado sobre o resultado, o que me deixou preocupado. Então fiz o exame por conta própria e recebi o diagnóstico positivo”.

Depressão Severa

A Perícia apontou doença ocupacional e o auxiliar de enfermagem salienta que precisou ser internado, por diversas vezes, em instituições psiquiátricas, por causa de uma depressão severa. “Eu tentei suicídio algumas vezes. Retornei ao trabalho depois do acidente, mas não tive nenhum respaldo psicológico da Santa Casa”, acrescenta.

O auxiliar de enfermagem foi desligado do quadro de funcionários do hospital em dezembro de 2020. Desde então, o ex-funcionário recebe auxílio-doença do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) pela incapacidade laborativa. “O meu quadro psicológico se agravou com a morte da minha mãe, por Covid-19, em agosto de 2020”.

Indenização

A defesa do auxiliar de enfermagem ingressou na Justiça com um pedido de reparação material com o pagamento de pensão vitalícia à vítima até ela completar 65 anos, quando presumivelmente se aposentaria. A Justiça determinou que o pagamento mensal fosse fixado em R$ 52.250,00 (reparação material) e em R$ 69.618,50 (indenização moral).

Santa Casa

Na sexta-feira, dia 22, a reportagem foi informada, por meio da Assessoria de Comunicação da Santa Casa, que o hospital irá se manifestar sobre o caso na segunda-feira, dia 25.

No processo, a Santa Casa Fernandópolis questionou o nexo entre o acidente de trabalho e o diagnóstico de HIV, alegando que o ex-funcionário poderia ter se contaminado em outra situação, fora da unidade hospitalar.

Informações dão conta de que a Santa Casa recorreu da sentença no Tribunal Superior do Trabalho.

No processo, a Santa Casa Fernandópolis alega que o ex-funcionário poderia ter se contaminado em outra situação, fora da unidade hospitalar