EDUCAÇÃO

Política educacional (e filosófica)

Política educacional (e filosófica)

Publicada há 6 anos

A. Ventura

Ex-ministro da Educação, o filósofo Renato Janine Ribeiro



Acaba de ser lançado pela Editora Três Estrelas o livro A Pátria Educadora em Colapso: reflexões de um ex-ministro sobre a derrocada de Dilma Rousseff e o futuro da educação no Brasil, do filósofo e professor de ética e filosofia política pela USP Renato Janine Ribeiro.


Neste seu mais novo trabalho, Janine Ribeiro percorre o caminho da cultura e sua dimensão educacional, propondo uma revisão sociopolítica da crise alarmante em que tem se transformado o processo de ensino-aprendizagem no Brasil.


Na verdade, o que ele denomina como “colapso” advém de seu conhecimento ampliado pela própria experiência enquanto ministro. Substancialmente, havia também um governo em crise: cujos opositores, inconformados com a vitória petista nas eleições, fizeram um cerco à presidente. À esquerda, os apoiadores se dispersaram, quando não repudiaram as restritivas medidas econômicas que o governo buscou implantar.


O resultado disso foi terrível para o âmbito nacional, à medida que as dificuldades já existentes no que diz respeito à educação permaneciam indissolúveis e as projeções almejadas que tornavam, de certo modo, uma mudança possível, caíram por terra, já que a necessária experiência proporcional não dava conta dos impasses daquele momento.


É nesse cenário que Janine Ribeiro, no Ministério da Educação, enfrenta o impacto dessas transformações e a “esconjura euforia” opositora. Intelectual de esquerda, embora não filiado ao PT nem a qualquer outro partido, Janine tem sua nomeação recebida com entusiasmo por boa parte da sociedade, pois ele parece a opção acertada para viabilizar o novo lema do governo, “Brasil, Pátria Educadora”.


Nesse livro, o filósofo conta os bastidores de sua experiência no ministério e faz um palpitante relato das esferas do poder e de sua convivência com Dilma Rousseff, “o enigma”, nesse período conturbado, em que a deposição da presidente se avizinhava cada vez mais.


Nesse plano, vale lembrar o histórico da luta política para além dos mais eventuais êxitos (momentâneos) na educação; afinal, a política não é lugar para consenso, ou seja, só uma troca de sinais pode formar e, sobretudo, alcançar padrões sem que uma base essencial (sempre há uma) se torne obsoleta — talvez a “vocação” governamental mais injusta perante as mudanças e propostas de governo.


O ex-ministro também reflete sobre as causas políticas da derrocada do governo petista e a situação educacional no Brasil, a qual, para ele, reflete séculos de “meticuloso planejamento da desigualdade e da injustiça no país”.


A. Ventura é professor e crítico literário

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